Thursday, December 13, 2012

semana passada, fomos à ELETRO SHOPPING do riomar e compramos uma geladeira. foi-nos dado um prazo de 3 a 5 dias úteis. o vendedor advertiu que, por conta de um feitão, a possibilidade de o produto chegar antes do quinto dia útil era ínfima. achei bizarro o cara justificar o prazo com problemas de logística deles, mas okay, o prazo foi dado eu acatei. chegando ao fim do quinto dia útil, senti falta da entrega. a esta altura, minha cozinha já estava um caos, tudo desmontado e tirado do lugar para facilitar a remoção da antiga e a instalação da nova. nada feito. foi aí que peguei o cartão de visita do vendedor e vi que tinha apenas números de celulares dele, nenhum número fixo da loja. tentei ligar para ele, não consegui. tentei ligar para um tal de ALÔ ELETRO, uma espécie de sac, mas fiquei 15 minutos na linha e nada. até que, depois de tentar insistentemente, consegui falar com o vendedor. perguntei-lhe se tinha número fixo, e ele me disse que a loja NÃO TINHA NÚMERO FIXO! ele, muito gentilmente, falou que investigaria o atraso e iria providenciar uma solução. no dia seguinte (ontem), nada. liguei novamente, comecei minha saga ao telefone desde as 10h da manhã e nada. desta vez, não consegui falar pelos celulares do vendedor. foi aí que, já ao final da tarde, liguei para o ALÔ ELETRO determinada a esperar a gravação eterna. botei o telefone no ouvido como se não houvesse amanhã e comecei a preparar minhas aulas. fui atendida após QUASE MEIA HORA DE ESPERA ouvindo uma gravação. expliquei o caso à atendente e ela me disse que tinha feito uma solicitação e que o prazo era de SEIS DIAS ÚTEIS CONTADOS A PARTIR DE ENTÃO. oi? como assim eu ligo pra me queixar de um atraso na entrega e e me dão UM NOVO PRAZO, AINDA MAIS ABUSIVO, em vez de me dar prioridade? tem cabimento isso? disse-lhe que não aceitava o prazo, que queria meu eletrodoméstico para agora, afinal tinha pago à vista e pago o frete antecipado. ela então me pôs a esperar mais trezentos anos e disse que o prazo seria hoje, horário comercial. bom, chegadas as 16h30, já comecei a me preocupar e voltei a tentar ligar. a mesma novela mexicana. o celular do vendedor não dava sinal e, quando finalmente deu sinal, ele não me atendeu. tentei a primeira, tentei a segunda e nada. foi aí que mandei uma mensagem de texto dizendo que já que ele não me atenderia, eu iria lá pessoalmente. foi então que ele atendeu à minha terceira tentativa. disse que o gerente iria me ligar imadiatamente, em minutos, era só o tempo de ele passar meu CPF pra o cara. issi às 16h34. estamos chegando às 17h e não obtive resposta. o horário comercial está chegndo ao fim e até agora nenhum sinal da minha geladeira. minha casa, um verdadeiro caos, já que precisamos remover uma mesa embutida na parede para que o produto entre no cômodo.

ao me queixar com minha prima
, ela me contou que teve problemas semelhantes com a ELETRO SHOPPING e que precisou recorrer à justiça.

ou seja, se você está pensando em comprar um eletrodoméstico, ou qualquer coisa que venha a eventualmente necessitar um serviço de pós-venda, repensem e EVITEM A ELETRO SHOPPING. se possível, exclua como opção quando estiver pesquisando preços. isso porque, a diferença de preço de um mesmo produto entre uma loja e outra é insignificante, e por causa de vinte, trinta reais, você termina arrumando uma dor de cabeça que lhe custa ainda mais caro.


sei que fim de ano é comum o trabalhador juntar suas economias ou seu suado 13º salário e investir num eletrodoméstico, que vende feito água nessa época, mas aqui fica minha advertência.

Wednesday, November 14, 2012

Mais amor no cabelinho

Minha vida anda tão movimentada que as únicas novidades são quando minha baranguice chega ao ápice e procuro desesperadamente um produto novo pra ficar apresentável. E aí, se ele dá certo, comento aqui. Daqui a pouco vão pensar que isso é um bl[uó]g de beleza. Que meus amigo etilógrafos me chamem pra beber com mais frequência e me poupem do estigma.

Há alguns meses contei a saga dos meus cachos aqui. Pois bem, como boa desleixada que sou (leia-se: megaocupada), ao aparecerem os primeiros resultados parei de fazer a reposição. Na verdade, reduzi a frequência à medida que o bicho foi pegando mais no mestrado. Um dos itens da correria foi uma viagem a Petrolina para coletar dados. Lá tava muito quente e seco, o carro que alugamos não tinha ar e eu precisava lavar o cabelo várias vezes ao dia (isso pra cachos é um verdadeiro assassinato). Quando voltei, tinha um quilo de palhas plantado na minha cabeça. Uma moita. Respirei fundo e me determinei a arrumar um tempinho pra pôr a juba nos eixos. Eis que abro meu kit de RMC e percebo que o passo 2 (máscara) tava no fim. Mas duas aplicações e xau! E como rendeu, viu? Pois bem: precisava de mais creminho porque meus cachos desintegraram e os cabelos tavam uó.

A novidade é que em vez de comprar o vermelhinho, optei pelo lilás. Qual a diferença? O lilás reúne duas tecnologias em uma: a reposição de massa capilar e matização. Para quem faz luzes e vez por outra se depara com os cabelos ficando à la cantora de brega, adicionar pigmentos violeta para neutralizar o amarelo é uma necessidade. Mas o processo resseca bastante, e todo mundo que faz luzes se queixa que os produtos silver (esses que neutralizam o efeito amarelado) ressecam os cabelos.

Mas e eu faço luzes? Não. Meu louro é natural e escuro. Mas isso só até a altura da orelha, a partir de onde se segue um quilômetro de cabelo de cantora de brega, pelos motivos que já expliquei. E, gente, por mais que eu me sinta uma biscate com essa cabelo meio loiro-cinza-escuro-sóbrio-elegante e meio loiro-dourado-amarelado-gema-de-ovo-cafona-cantora-de-brega, é duro cortar meus cabelinhos tão longos. E já cansei de ouvir 90998988776 cabeleireiros dizendo que isso só neutralizaria com coloração. E mais dano no meu cabelo eu não aceito. Foi aí que decidi comprar o roxinho.

Gente, ele é bem roxo, bem consistente e rende que só. Apliquei só na parte amarela, porque fiquei com medo que isso chumbasse a parte natural e piorasse a situação. Quando terminei de aplicar, já era noite e não senti grandes diferenças no amarelão, embora minha mãe insistisse em me dizer que o contraste entre a raiz loira e o comprimento amarelo havia reduzido consideravelmente. Mesmo sem notar tanta diferença assim, achei que valeu a pena pela maciez no cabelo, parecia que eu tinha comprado um cabelo novo. E aí, hoje pela manhã, a grata surpresa: ao observar o cabelo ao reflexo do Sol, o amarelão reduziu bastante. Logo, a expectativa tá boa para as próximas aplicações. Satisfeita demais.

Ah, o preço? 55 cascalhos (só a máscara). Ainda tenho os outros itens do kit em casa.

Saturday, October 20, 2012

Diário de Campo

Não leia isto se você for cardiopata ou nervoso! E tire as crianças da sala: o relato possui imagens chocantes...

Tudo começou quando um grupo de estudantes rebeldes resolveu se reunir para comemorar o aniversário da colega num local profano, sem livros, sem e-mails, um artigo sequer... e o pior: com ÁLCOOL! Mentira, a ideia era fazer uma pesquisa de campo. No local, sol alto e pessoas falando senvergonhices pouco acadêmicas, mas superamos esse obstáculo em prol do nosso imbricamento. Chegamos a alguns achados científicos, quando Marcelinha encantou-se com uns "bons drinque" das colegas e, sob a má influência dessas moças, pediu um para ela. Mas não curtiu o "bons drinque" e com isso refutou a refutabilidade da teoria da geração espontânea. Explico:
Surgiram peixinhos coloridos no copo dela por geração espontânea. Alguns pesquisadores desavisados anteciparam que tinha nascido uma beta no copo dela, mas beta é um peixe pouco sofisticado para uma moça de fino trato. Como boa galerosa que sou, se fosse no meu copo teria nascido uma beta-vovô, mas deixo esa elucubração acadêmica para outra ocasião, quando discutiremos as implicações gerenciais desse achado, desde que o objeto empírico não seja meu copo (nem o de Bruno, nem o de Brunno, nem o de Cedrick), onde definitivamente não nascerão peixinhos, impossibilitando nossos experimentos.

Outra disussão importante é o comportamento da ida coletiva das fêmeas ao banheiro de ambientes ruidosos. Algumas pessoas insistem em investigar as causas disso, mas acho que esse problema de pesquisa está mais do que batido: não dá pra falar mal dos homens na frente deles e qual é o ambiente onde nos livramos deles? Tudo bem que o fizemos no corredorzinho onde ficam os dois banheiros, quando saiu um macho desavisado fazendo uso da função fática da linguagem, dizendo que estávamos falando muito alto e que ele estava ouvindo lá de dentro, tudo isso com um sorriso cafuçu no rosto. Ignoramos o comentário do indivíduo, o que suscitou um novo problema de pesquisa que rende uma boa etnografia da comunicação (aê Bruno e Brunno): como esses machos acham que vão atrair uma fêmea falando esse tipo de m****?

À meia-noite, dignidade já era um significante vazio. As ladies Rafaella e Luciana asseguravam a nossa volta para casa a salvo, enquanto os homens discutiam pautas de novos artigos. Foi quando Bruno e Brunno descobriram uma substância que potencializa o intelecto a ponto de escrevermos uma dúzia de artigos numa madrugada. Como pesquisadores obstinados que somos, pedimos algumas doses desse tônico:

Dizem que o referido atende pelo nome de "tequila". Os pesquisadores-machos deram a ideia, mas duas pesquisadoras, ávidas pela produtividade, toparam consumir a substância. Mas demoraram demais a voltar de uma observação participante no corredorzinho do banheiro, e os rapazes experimentaram primeiro. Foi quando Cedrick foi-nos chamar para avisar que já tinham experimentado a substância. Mas os rapazes, obstinados pesquisadores, perceberam que não tinham consumido o tônico da forma correta. Foi quando Bruno, um grande presciosista (graaaaaande), sacou seu smarthphone e foi pesquisar a maneira mais apropriada de consumir o tônico e obter a máxima produtividade. E, como são todos perfeccionistas ao extremo, tomaram mais uma dose de produtividade líquida. A essa hora, já estavam com o cérebro oxigenado a ponto de ler um quilo de artigos escritos em aramaico.

Comemoramos na mais alta classe o aniversário da nossa colega Jouberte Maria fazendo aquilo que mais amamos nessa vida: pesquisa de campo. Além da aniversariante, os pesquisadores Bruno, Brunno, eu (Macabea), Cedrick, Luciana e Marcelinha. E, iniciando os não pesquisadores na arte da investigação, contamos com a presença de Rafaella, Tito e Carlos, "o Colombiano". Há quem diga que os pesquisadores erraram a mão e pegaram pesado no imbricamento, conversando saliências e dançando coreografias estranhas, tudo por culpa de uns pesquiadores fanfarrões que se ocupam de pesquisar temas pouco cristãos, como Carnaval, bebida alcoólica e torcida galerosa.

Abaixo, alguns dados observacionais, devidamente registrados pela câmera do maior pesquisador do grupo (maior mesmo, tem quase 2 m de altura):

 Biscatização: pesquisamos esse fenômeno também. 
 Ocasal Cedrick e Rafaella. Esta senhorita é uma das responsáveis pela sobrevivência de alguns pesquisadores após uma jornada tão extensa de experimentos.
Luciana, mas uma das reponsáveis pela sobrevivência dos pesquisadores. 
À sua esquerda, Carlos, "o colombiano".

Olhos de avidez pelo conhecimento.
 
Pesquisadores abraçados após mais uma missão comprida e cumprida. 
O pesquisador Bruno, à direita, já apresenta olhos de overdose de conhecimento; 
já Brunno (ao lado de Bruno) mostra-se eufórico pelos achados.

E, como prova de meu imbricamento excessivo (acho que naturalizei), avalio na lingua dos profanos que frequentam o locus de pesquisa: Foi do c******, galere! Vamos repetir a(s) dose(s)!





Monday, August 13, 2012

Alisamento não! Nasci assim

(Nenhum dado abaixo é tirado de pesquisa ou outra fonte segura, tudo observação. Podem corrigir as viagens.)

O Brasil tem mais de 60% da sua população com cabelos cacheados. Assim li numa revista Toda Teen quando a Seda lançou sua primeira linha para cachos e anunciou lá. Isso em 1998. Ou seja: só no fim do século XX as marcas populares começaram a se preocupar com um público que é maioria no País.

Culpa das marcas? Não. Reflexo de uma sociedade que por anos rejeitou ou cachos, transformando os fios lisos praticamente numa obrigação. E hoje, apesar do imenso mercado de produtos para cachos que felizmente surgiu, ainda há quem prefira tranformá-los em fios lisos. E, claro, as tecnologias para isso evoluíram tanto quanto - e eu diria mais que - aquelas voltadas para os cachos.

Mas tem algo que ainda não mudou: a palavra-tabu - alisamento - praticamente um palavrão, daqueles que a gente não pode falar dentro de casa porque atrai coisas negativas. Parapra pensar e olhe à sua volta: quantas pessoas não têm cabelos lisos obtidos articifialmente (e se o número de pessoas que você sabe é grande, imagine aquelas do time do "nasci assim" - que não são poucas)? Quantas dizem ter feito um alisamento? Agota tenta fechar a equeção. E aí? O resultado bate? Não mesmo!

Nos anos 80, era uma tal de massagem. Nos anos 90, o bagulho sofisticou: relaxamento, alongamento, amaciamento e outros "mentos", menos alisamento porque moça direita de família não usa esses palavreados. No fim, todo mundosabia do que se tratava e identificava facilmente que o tal alisante (outro nome proibido) pelo cheiro que aquilo exalava. Naquela época, era impossível não perceber quando um cabelo era naturalmente liso e quando era espichado (ops! alongado), mas tinha gente com cara de pau o suficiente para negar que o tinha feito. Os salões, porsua vez, não iam constranger suas clientes com esses palavrões, e cada vez criavam um nome novo para a mesma aplicação fedorenta de tioglicolato de amônia que deixariam seus fios lisos e duros feito um capacete. E cada nome mirabolante implicava um preço igualmente mirabolante, e o pobre "alisamento" lá, na última linha da tabela de preços, custando no máximo dez conto.

Mas, gente, século XXI tá aí, e esses procedi"mentos" são coisa do passado. Vivemos a era das escovas. Agora evoluímos, um número maior de mulheres já assume que os cabelos não são naturalmente lisos porque usam as escovas milagrosas: escovas progessiva, definitiva, de morango, de chocolate, de caipirinha, de sushi, gradativa, emotiva, radioativa e o c******! O que mudou?

Tecnicamente, muita coisa. A grande maioria das escovas se enquadra em um dos dois grupos: progressiva e definitiva. [agora vai a explicação de leiga] A progressiva é uma espécie de hidratação acrescida de alguma substância conservante (formol, parabeno, etc.) para manter o fio do jeito lisinho por mais tempo. O efeito no cabelo dura o tempo de um espirro, mas o efeito noseu pulmão dura para sempre. A definitiva, segundo li, é uma espécie de alisamento com tioglicolato ou guanidina (substâncias alisantes, aquelas que cheiram mal) que, na etapa da nautralização (etapa em que há um trabalho mecânico para alisar os fios), recebe um reforço do secador e da chapinha. É basicamente um alisamento, mas com técnicas mais sofisticadas. Quimicamente, me parece semelhante.

Socialmente, nada mudou. Porque os salões continuam vendendo seus alisamentos como se fossem escovas. "Escova de Júpiter", "escova sedativa", "escova de cacto", e, quando você vai ver, é só um nome diferente para a velha e conhecida pisa no cabelo. Hoje, a meu ver, o negócio é bem mais grave. Porque, sem saber ao certo o que o salão A aplicou no seu cabelo, a cliente pode ter um problema grave de compatibilidade ao mudar para o salão B. Ou ouvir a história "progressiva é compatível com tudo", aplicar determinada química e o cabelo sofrer um corte químico e ficar despedaçado. Isso porque progressiva pode até ser compatível com tudo (e eu nem acredito muito nisso), mas o que aplicaram não é progressiva. Tô cansada de ouvir menina dizer que fez progressiva e precisa fazer a raiz: não, lynda, você não fez progressiva, porque progressiva de verdade cai e não precisa fazer raiz, você faz foi alisamento, saiba você ou não e, principalmente, ASSUMA você ou não.

Porque o que falta ao brasileiro é se assumir, assumir que quer mudar, que prefere ter fios lisos, e não como nasceu. Porque os salões só fazem esse tipo de "eufemismo" porque as mulheres não se assumem, têm vergonha de admitir que seus lisos são artificiais. É claro que isso não exime os salões de sua responsabilidade, mas se alisamento não fosse um tabu estaria figurando lindamente nos portfólios dos salões mais sofisticados. Isso porque o alisamento é mais seguro, certificado pela Anvisa, não é batizado (como as escovas milagrosas são), dispõe hoje de métodos muito mais sofisticados e grandes marcas (vê se os grandes laboratórios fabricam escovas?).

Então, tá na hora de a mulherada parar com essa frescura de negar seus alisamentos e parar de ficar inventando nomes bonitos para a velha conhecida pisa. Afinal, num mundo repleto de coisas articifiais, qual mal há em escolher (e manipular quimicamente) a textura dos seus cabelos?






Monday, July 23, 2012

Momento mulherzinha II: óleo de argan


Ultimamente, tenho entrado nas lojas e sido bombardeada por uma marca chamada Yenzah. Peço uma sugestão pra ressecamento: Yenzah. Peço sugestão pra cachos: Yenzah. Uma vendedora me para no corredor e me diz que meu cabelo está amarelando e que tem uma solução: desamarelador da Yenzah, claro. Daqui a pouco vão treinar vendedores pra praticar hipnose... Geralmente, quando surge uma marca nova no mercado e ocupa vigorosamente a ponta das gôndolas, com promotoras insistentes, dizendo que seus produtos podem curar até doença degenerativa, desenvolvo uma antipatia gratuita.  Bem, não tão gratuita.

Pra coroar, ainda tem o fato de que estamos vivendo a febre do óleo de argan. Depois da fase do chocolate, da queratina, do pigmento azulado, das escovas de ingredientes exóticos, agora temos embalagens azul com laranja por toda parte. Até aí, tudo normal: é comum as marcas seguidoras fazerem alusão à identidade visual das marcas líderes para criar identificação e, ainda por cima, faturar em cima dos desavisados que acham que "é tudo igual". Mais uma vez, antipatia pela Yenzah: putz, uma coisa é fazer alusão, outra coisa é uma identidade visual quase gêmea. Mas sabe que acertaram? Aquela febre de azul com laranja nas pontas das gôndolas me venceu pelo cansaço, e fui pesquisar sobre a nova marca-babado que tanto tem investido em promoção.

As resenhas de blogueiras eram só elogios, e seriam muito convincentes se pelo menos elas se dessem ao trabalho de editar o conteúdo dos press-releases que recebem. So so boring! Um ou outro me pareceu convincente e, por algum motivo, decidi eu mesma experimentar. Comprei um kit contendo um óleo, uma máscara de hidratação e um leave-in. Em casa, de cara experimentei o leave in e achei meus cachos pouco definidos e cheios de frizz.

No dia seguinte, lavei e apliquei o óleo mecha a mecha, como manda o site da Yenzah. Depois de dez minutos, enxaguei e achei meu cabelo uma palha. Não tenho hábito de usar óleo e estranhei a textura. Então, apliquei o leave-in e fui escovar, já que o produto é termoativado. Nas primeiras mechas, achei o cabelo estranho, meio palhoso, eletrizado, sei lá descrever. Daí terminei a escova. E meu cabelo tava uma seda irreconhecível. Relmente, o frizz foi uma queixa da minha mãe, que usou o leave-in e adorou, mas recebeu o frizz. Daí eu pequei o óleo, pinguei DUAS (nunca mais que isso) gotas nas mãos, aqueci com o atrito e apliquei do meio pras pontas, principalmente nas pontas. Pranchei e fiquei com cabelo de celebridade.

Realmente, vi em algumas "resenhas" algumas meninas dizerem que deixava o cabelo mais liso, e senti isso mesmo no meu. Mas vale dizer que meu cabelo, apesar de cacheado, alisa com muita facilidade, basta um coque pra deixar ele lisinho. Mas está de uma maciez irreconhecível, como se eu tivesse feito uma daquelas hidratações/progressiva de salão em que a gente gasta rios de dinheiro e sai com cara de diva.

Ainda não tenho uma avaliação definitiva. Como o babado é termoativado e não tenho difusor para secar os cachos, tive que apelar para a escova, então não sei como seria com meus cachos. Então, apesar de eu ter nutrido uma enorme antipatia pelas ações promocionais da marca, incusive pela explosão de "resenhas" com cara de CTRL C + CTRL V, acho que temos mais uma opção promissora e com preços acessíveis no mercado.

Aqui no Recife, praticamente todas as lojas de cosméticos estão praticando o mesmo preço: mais ou menos R$ 28 pelo leave-in, R$ 36 pela máscara e R$ 48 pela hidratação (não é exatamente isso, são aproximações). O kit custa R$ 87,50 e, na hora fiz as contas na loja, seria uma economia de R$ 25, se comparado com a compra de cada item separadamente. Aí comprei o kit. O leave-in e o óleo já ganharam meu coração, e meu bophe amou o cheiro que fica no cabelo. A máscara fica pra depois.

Friday, July 13, 2012

Momento mulherzinha: levantando defunto

Ano passado, depois de anos e anos de cabelos virgens (e compridões), decidi maltratá-los. Comecei fazendo luzes, mas em poucos meses me senti uó usando aquilo, não combinou comigo e nem cheguei a retocar (menos mal pros fios). Meses depois (mais precisamente, seis), decidi usar um ruivo natural, algo do tipo Júlia Petit. Pensei que, como tenho pele e olhos claros, o vermelho iria parecer natural. Pensei também que, com os cabelos naturalmente claros (cor 6.1 - loiro escuro acinzentado), não seria trabalhoso fazer a transformação. Ledo engano.

Primeiro, foram sequências de maus tratos até achar o tom certo. Coloração, banho de brilho, tonalização, pigmentação, despacho, pai de santo, reza, pajelança... Até cheguei a um tom bonito de ruivo, e até ornou e tal, mas logo logo cansei de ficar retocando cabelo a cada 15 dias (uma rotina impossível para quem tá atravessando um mestrado nada light) e decidi voltar para o meu 6.1 de fábrica. Mas alguém saiu muito machucado dessa brincadeira: meus cachos.











(Não reparem na cara de bunda.) Antes era assim: bastava lavar e pronto. Às vezes, nem creme de pentear usava e, quando usava, era pouquíssimo. Praticamente não dava trabalho (se comparado com tudo o que as cacheadas dizem ter de fazer diariamente), podia pentear que os cachos voltavam rapidinho em questão de minutos.


Depois de infinitas colorações na cor natural, com intensificador 0.1 para o cinza neutralizar o laranja, nada adiantou. O cabelo chumbou, mas bastaram algumas lavagens e o laranja estava lá. A essas alturas, já era janeiro desste ano e decidi que não iria pintar mais o cabelo. Iria aturar essa cor de cantora de brega com resignação pela saúde dos fios. Too late!

Os cachos pararam de se formar. O cabelo não ficou liso, mas algo que nem era liso nem cacheado e mais parecia uma bucha. Embaranguei. Interrompi as escovas que fazia quando precisava e substituí pela touca, para diminuir a agressão. De nada adiantou, os cabelos estavam em frangalhos. As cabeleireiras apenas diziam: use ativador de cachos, leave in, modelador, etc., mas nada resolvia, porque o problema não eram os cachos, nem ressecamento, nem falta de hidratação, etc.

Até que um dia, pesquisando pela blogosfera, encontrei um depoimento de uma menina em situação semelhante à minha: os cabelos eram finos e a amônia da coloração deixou os fios porosos, por isso eles pareciam uma bucha. Como eu sou macaca-velha de fuçar blog, conheço muito bem publiposts muito "eticamente" disfarçados, e este não era o caso. Ela dizia ter usado o sistema RMC da Amend e que os cachos voltaram. Ainda meio sem fé, pesquisei mais, e li maravilhas sobre o produto. Sendo que eu achava benefício demais pra o preço dele. Ate que li um post no Eu <3 Cabelo e, como eu admiro muito o trabalho responsável dessa cabeleireira, tomei a decisão de experimentar.


Minhas impressões: o produto diz que repõe um percentual considerável de massa capilar na primeira aplicação, e eu, como publicitária, não botei a menor fé no babado. Apliquei na primeira vez e escovei. Achei o cabelo bonito, maciinho, a textura claramente estava outra, mas... seria suficiente para pôr meus cachos nos eixos? A hora dos cachos é que seriam a prova de fogo. E eis que chegou a hora.


Lavei os cabelos com um shampoo pra cachos comercial mesmo, passei um creme de pentear como de costume e... eles estavam lá. Timidozinhos, mas já com cara de cachos. Não ficaram 100%, mas foi apenas uma aplicação, e com ela eu já senti uma diferença enorme. Não é que o danado levanta defunto (capilarmente falando)?

Resumo da ópera (bem longa, por sinal): há muito tempo não me surpreendo com um produto dessa maneira, num momento em que eu tinha esgotado quase todas as possibilidades de dar um jeito nessa bucha e já cogitava passar a tesoura sem dó. (Afinal, tirei quase um palmo em junho e nada mudou.) Nos próximos dias, pretendo experimentar a linha da cachos da Amend (porque esta só podemos usar uma vez a cada 15 dias ou uma por semana, caso o cabelo esteja muito f***** - o que é o meu caso). O kit custa aproximadamente R$ 100, mas na loja que eu comprei sai por menos de R$ 80 se for à vista. Quem já estiver cogitando cortar os cabelos di-cum-força, vale uma última tentativa.

Thursday, July 05, 2012

Passeio na feira

Greve de ônibus por aqui. Terminadas as aulas, uma longa espera no ponto do ônibus, onde algumas alunas tomavamm sorvete e ficaram me incentivando a tomar (e ficar gorda :p). Não sabia por onde ir nem como ir, se de ônibus, metrô, van, o escambau... Apenas sabia que não convinha cruzar a Agamenon sob o risco de outro rebuliço semelhante ao da última terça-feira, quando pessoas foram obrigadas a voltar a pé para suas casas. Decidi pegar um ônibus e descer no centro de Afogados, onde pegaria um ônibus que seguiria por uma perimetral. Mas o sorvete criou um bichinho em mim. Queria porque queria um Chicabon, nem tomei minha tradicional Coca-Cola, porque queria o tal Chicabon. Desci no centro de Afogados e, quando me deparei com aquele mundo de lojas, botecos, barracas, etc., tive um surto de felicidade: não era possível que no caminho do ponto de ônibus eu não encontrasse algum Chicabon. E fui andando. Mas a caminhada me reservava um monte de surpresas que eu não esperava. É que aquele lugar, muito mais que um centro comercial tumultuado num sol escaldante das 15h30, era uma lembrança da minha infância mais viva do que eu imaginava.

Até os quatro anos de idade, morei num bairro próximo ao centro de Afogados, e meus pais iam religiosamente todo fim de semana àquele centro comercial, comigo e com meu irmão. Passei numa esquina e me lebrei do meu primeiro corte de cabelo, num salão que ficava ali, no primeiro andar. Olhei para o outro lado e me lembrei de uma banquinha que ficava na calçada, onde minha mãe certa vez comprou para mim um chaveiro de borracha com a inicial do meu nome... e que eu, por ouvir a palavra borracha, achei que servia para apagar lápis e fiz a maior borradeira na página do meu caderno. Mais adiante, o mercado público. Como era enorme nas minhas lembranças, e como ficou pequeno depois que eu cresci.

E fui caminhando sem pressa, mesmo cansada e com sono acumulado, louca para chegar em casa. Uma mistura de cheiro de frutas, um cheiro forte de caju... mas seria época de caju? Olhei para trás, não vi caju algum, e continuei na busca do meu picolé. Até que cheguei à estação do Metrô, fim das lembranças, hora de embarcar? Não. A viagem inaugural do metrô do Recife, numa tarde ensolarada como a de hoje, na companhia de minha mãe e meu irmão, estavam lá, vivinhas, como se tivessem acontecido ontem. A viagem era gratuita, descíamos de estação em estação para darmos uma voltinha, muitas delas ainda inativas, protegidas por cordões de isolamento, por onde o trem passava direto, sem parar. Uma tarde divertida...

Um ano depois, a família não seria mais a mesma, não teríamos às idas ao centro de Afogados aos fins de semana, o metrô seria uma realidade bem distante do bairro onde fui morar, e em nenhum momento dos anos que se seguiram desenvolvi algum tipo de saudade ou nostalgia. Só não pensei que, ao pisar lá ao acaso, tivesse lembranças tão vivas.

Não encontei o Chicabon, mas tomei um genérico de 175 kcal e estou carregando essa culpa até agora...

Tuesday, June 05, 2012

Saboreie pequenos instantes de anti-heroísmo

Cá estou eu dando mau exemplo e me atrevendo a refletir sobre ele.

De uns meses para cá, meu face virou uma espécie de microblogging que narra a saga da vizinha que quer estudar (eu) contra a vizinha que se acha no direito de obrigar o condomínio inteiro a ouvir o som dela. Muita gente acha que meu ódio por ela é por ela ouvir brega, pagode mela-cueca, forró cafuçu e outros tipos de música de gosto discutível, mas pra mim ela poderia estar ouvindo Radiohead (minha banda favorita): simplesmente é a postura dela (e de tantos outros vizinhos, meu condomínio não é dos mais refinados) e o silêncio dos demais vizinhos que me incomodam. E assim minha saga virou uma novela comentada no FB e fora dele: as pessoas me perguntam na rua se eu já resolvi a situação, perguntam a meu namorado se não há nada que eu possa fazer.

Sempre soube que esse tipo de condomínio em que eu moro é terra de ninguém: cada um estabelece suas próprias regras e, se estas ferirem a privacidade de outrem, este que se f***... ou que resolva da maneira que lhe convier. E eu sempre me limitando a descarregar meu ódio no FB (num pense que é raivinha não, é ódio mesmo, e pouco importa se esse pensamento não é lá muito cristão...) e pôr um par de fones nos ouvidos para poder estudar. Ou seja: graças a uma vizinha sem ética nem boas maneiras, eu prejudico meus tímpanos, por que um fone em baixo volume não me impede de ouvir o seleto repertório dela, tem de ser muito alto. Cansei de ouvir minha mãe reclamar que ouve o som dos meus fones estando a poucos metros de mim.

Aqui em casa, não temos aparelho de som. Som mesmo, sonzão, aquele com duas caixas e talz... Temos um portátil na sala, que parou de ler CD há anos (e nós utilizamos tanto que nem o consertamos), um portátil na cozinha (que minha mãe gosta de ouvir enquanto cozinha), e gosto de ouvir som no computador com meu kit autista (um par de fones que me isolam de estímulos externos). Sempre pensei: se eu tivesse um sonzão, já tinha posto essa vizinha nos eixos. Porque, pra gente que ouve esse naipe de música, uma guitarrinha minimamente distorcida com uma pedaleira de R$ 1,99 causa pânico. Até cogitei comprar um daqueles caixas de som que ligamos na guitarra, mas achei que seria gastar vela com mau defunto investir $$$ numa vingança.

Mas o quê? Nunca subestime o sabor de uma vingança.

Eis que hoje acordo de ovo virado e, ao primeiro sinal do brega dela, olhei pra o sonzinho quebrado. Lembrei que apenas o leitor de CD está quebrado, mas que nada me impedia de ligá-lo no aparelho de DVD. Foi aí que começou a vingança. Sou daquelas que tem pavor de mexer em fios, ligar isto naquilo, instalar videogame na TV, sou uma nulidade. Mas a sede de vingança foi maior. Liguei pro bophe e perguntei a ele como fazia, ele me passando o tutorial pelo telefone e eu instalando. Feito. Foi aí que, com muito carinho, botei Metallica, depois Raimundos (porque uma obscenidadezinha de leve é sempre bem-vinda para abalar a moral e os "bons costumes" da vizinhança); por fim botei a discografia do Offspring. Tudo isso cantando em voz alta, do mesmo mesmíssimo jeitinho que a vagabunda faz. Depois de mais de duas horas ininteruptas do combo música barulhenta + voz irritantemente aguda, recebo uma mensagem da minha prima (que adora Offspring) pelo FB: "prima, Offspring é aí na tua casa?". E aí me bateu aquele sentimento de realização e dever cumprido. Minha prima mora no mesmo andar da biscate, se meu som chegou lá, chegou pras duas.

E aí fiquei pensando na justiça alternativa, aquela que a gente faz quando tá em terra de ninguém e não tem quem defenda nossos interesses. Percebi que o talião é quase um instinto humano, é quase inevitável você querer que um FDP seja penalizado pelo mesmo mal que causou a alguém. Sei que não é válido porque o Estado, porque o Direito, porque zzzzzzzzzz, mas que é humano e que, em algum dia na vida, todo mundo já desejou a alguém o mesmo mal que este lhe causou, isso é fato. E aqui, nesse microcosmo, onde nem mesmo um síndico se presta a resolver esses pequenos abusos, não nos resta outra coisa a não ser lançar mão dessa conduta tão "condenável", mas tão humana.

A essa altura, a vizinha do som possante já tinha pedido licença pra c*gar e saído. Mas eu deixei meu som tocar mais um pouco para ela aprender como é que boi pega trem. Um minuto ou outro, me sentia constrangida ao imaginar que naquele momento alguém poderia estar tentando ver TV, ou estudar, ou mesmo com dor de cabeça. Mas aí eu me lembrava que essas pessoas aguentam por dias e dias o som da vizinha e se omitem. Som da vizinha desligado o mais cedo que o habitual, me sentia a justiceira da "terra de ninguém". E finalmente respeitada. Porque, meu amigo, não pense que ficar chorando as pitangas me rendeu algum respeito ou até alguma solidariedade: o que impõe respeito é mostrar que o limite da doidice alheia é sua insanidade. Com o perdão do Trident à paródia politicamente incorreta (e portanto mais coerente com a cultura brasileira) de seu slogan, saboreei pequenos instantes de anti-heroísmo. Porque estamos na terra do Macunaíma, da malandragem legitimada, que mal há em ser anti-herói?


Tuesday, May 22, 2012

A Ponte

Eu olho pra minha vida e de repente me vejo cruzando uma ponte enorme, que eu me sinto obrigada a percorrer numa velocidade muito maior do que eu gostaria. É isto: eu me sinto obrigada. O que está do outro lado da ponte, eu não faço a mínima ideia. Apenas sei como cheguei a ela. O lado onde eu estava tornara-se insuportável, o lado oposto parecia belíssimo, e a ponte fora a única saída que encontrei pra fugir daquele ambiente inóspito. Talvez houvesse outras saídas, mas a ponte foi a única que eu encontrei e que me deu segurança de seguir em frente. Mas, ao pisar o primeiro pé nesta ponte, percebi que segurança é tudo que eu não teria ao longo do percurso. Cada passo que eu dou faz despencar um pedaço dela, de modo que não posso voltar atrás. Eu estou exatamente no meio dessa ponte. Estarrecida com a velocidade com que os blocos caem e me obrigam a cruzá-la numa velocidade cada vez maior e sem saber se o que está do outro lado é melhor que o ambiente inóspito de onde fugi. Gostaria mesmo é de cruzar a ponte devagar, tem uma paisagem linda e cheia de detalhes ao meu lado, e apreciá-la talvez minimizasse a insegurança de não saber o que está do outro lado. Não poder contemplar cada detalhe dessa paisagem me deixa frustrada. Saber que os blocos caem e que não posso desistir do percurso me deixa apreensiva. Imaginar que, se não a cruzar na velocidade necessária, posso despencar me deixa em pânico. E corro simplesmente pelo medo de cair. Corro porque eu tenho que correr. A esta altura, nem cruzo mais a ponte pelo desejo de estar do outro lado, mas para não cair com os pedaços que se desfazem. Que pena! Imaginava eu que seria este o caminho mais bonito que percorreria na minha vida...

Sunday, April 29, 2012

Dia Internacional da Dança

Dentre os inúmeros sentimentos que eu tenho pela dança, o maior deles com certeza é a gratidão. Nas horas mais difíceis, é a dança que faz o piano me parecer mais leve. E, aproveitando o ensejo - hoje é o Dia Internacional da Dança -, decidi voltar ao blog, de onde tinha me afastado devido a problemas pessoais.Mas não só de coisas desagradáveis foram feitos os últimos meses. Na verdade, é do ballet que tem vindo a força pra tocar essa luta para a frente.

Por motivo de horário, troquei de turma. E agora estou numa turma que tem mais ou menos metade da minha idade. Eu sinto muita falta das minhas colegas do ballet adulto, mas o novo horário ficou bem melhor para mim e sempre que posso dou uma caminhada na ida de na volta (já que é mais cedo e menos perigoso) pra queimar as porcarias que a ansiedade me faz comer. Na turma das adolescentes, eu me deparo diariamente com as limitações da minha idade, mas, por outro lado, aprendo a lidar com isso e controlar minha autocrítica ferrenha.

A melhor parte da história é o início dos exercícios de ponta. Minha gente, é tudo muito acima das minha expectativas. Porque, apesar de toda a simbologia, que é lindo, desejado e blablablá, sempre ouvia histórias desencorajadoras: falavam-me da dor, das bolhas nos pés, da sensação de ter desaprendido tudo, porque na ponta fica mais difícil, entre outros... E quer saber? Não doeu nada. É claro que, de fato, tudo fica mais difícil, sobretudo quando você ainda não é um poço de segurança na meia-ponta, mas dor, praticamente nenhuma. No primeiro dia, nenhuma. No segundo dia, uma bolhinha no dedo mindinho. Logo sumiu. E eu descobri que gosto muito mais de fazer aula de ponta.

Pois bem, gente. A técnica continua sofrível (pra variar), e fazer exercícios numa turma que já usa ponta há mais de um ano é (mais) desafiador - porque tudo no ballet, sobretudo quando se é adulta - é desafiador. Mas aquilo me faz tão bem que nem sei explicar. Se dependesse de mim, ponta todos os dias. Mas é preciso ter os pés no chão (literalmente): ainda tenho muito o que aprender a pied plat.

Wednesday, April 04, 2012

E foi uma sucessão de portas fechando-se nas útimas semanas. O curioso é que não só as coisas que estavam por consertar não se consertaram, como coisas que estavam aparentemente certas desandaram. No fim, uma grande sensação de impotência e de que a vida está tentando me mostrar algo que eu não consigo enxergar. E se não enxergo não progrido.

Aos mais chegados, com quem divido as más-notícias, a reação é de espanto. Coisas inesperadas e raras acontecem, pessoas me mandam tomar banho de sal grosso, arruda, água do mar, etc. Eu fico me perguntando de onde vem tanta energia pesada, tanta coisa dando errado.

Chega uma coisa em que não há mais nada - do ponto de vista prático - que se possa fazer. Deixa as coisas seguirem seu curso...

Monday, March 12, 2012

Mais uma semana e uma porta fechada

A notícia caiu como uma bomba! Estou eu acordada desde cedo, trabalhando na minha revisão de literatura. Decidida a dar prioridade absoluta à minha dissertação, postei ontem no Facebook: "treinando e me aprimorando na arte de c*gar e andar para estresses que não sejam de natureza acadêmica". Daí hoje, empenhada em redigir algo benfeito, recebo uma ligação que põe abaixo minha concentração, acaba com meu dia e com qualquer esperança de ter uma semana melhor que a anterior. Porque eu sempre penso: "Ok, o fundo do poço chegou, agora é prender a respiração e subir de um impulso só", fazendo das tripas coração para ser otimista, coisa que nunca fui, nem na mais tenra infância. Daí vem mais uma má notícia, e tudo vai abaixo. Hoje, parece que minha mãe, a pessoa mais otimista do mundo, perdeu a esperança. Quando lhe disse não saber o que fazer, ela respondeu: "Reze".

Minha mãe passou os piores perrengues dessa vida sem perder a serenidade. Desde enfrentar uma gravidez prestes a ficar viúva, sabendo que restava tão pouco tempo de vida ao marido que talvez ele nem conhecesse a filha, até passar por isso com uma dignidade de impressionar, ela nunca se abalou. Deus foi tão bom conosco que poupou meu pai de ir sem conhecer a filha, ele viveu o suficiente pra acompanhar meu primeiro ano escolar - muito além do seu prognóstico. E quando esse dia chegou, minha mãe ficou sem nada: nem casa, nem emprego, nem perspectiva. Reconstruiu tudo devagarinho e pacientemente, montou nosso pequeno patrimônio e assim me criou e educou, muito bem, por sinal. O que me impressiona nisso tudo é que nem quando todas as portas estavam fechadas ela se desesperou. E toda vez que perco a cabeça ela diz: "Deus sempre abre uma porta. Fiquei em situação pior com você criança, e as soluções vieram".

Neste momento, minha mãe não está desesperada, mas passa uma tristeza que não é do seu feitio. Vez por outra ela se questiona sobre as portas que se fecharam, sem entender porque todas elas estão fechadas. Neste exato momento, eu não sei nem como raciocinar, mas penso apenas em recuperar a calma e o foco para poder redigir. Nem sei como serão os próximos dias e quantas portas ainda vão se fechar até que eu encontre o caminho certo - sim, porque se elas se fecham é porque não estou no caminho certo. Vou tocar os compromissos da tarde na medida do possível e, se me sobrar tempo - e cabeça -, não falto o ballet. Se posso aprender alguma coisa com o exemplo da minha mãe, é tocar minha vida sabendo que tem pessoas que precisam de mim. No caso da minha mão, uma filha pequena; no meu caso, um orientador, professores, equipes de trabalhos. Apenas peço força pra continuar cumprindo meu papel, até que tudo se solucione.

Tuesday, March 06, 2012

Sobre dores e lições

Já faz algum tempo que, entre uma alegria e outra, eu levo uma pancada. Essas pancadas vêm-se acumulando há meses e chegaram a um ponto em que eu me vejo encurralada. Não convém aqui eu detalhar minha vida e os problemas que me têm afligido.

Essa semana começou da pior maneira possível, recebendo a primeira má notícia da semana ainda na minha cama, nos primeiros segundos de olhos abertos da segunda-feira. O desespero foi tanto que nem consegui chorar. Deitei novamente (pra coroar, tinha passado a madrugada em claro com dor de garganta) e dormi algumas horas, para me acordar perto das 9h e raciocinar. Então, saí e fui tentar as soluções que ainda me restavam. Mas foi assim: cada curso de ação, uma porta fechada. E as portas parecem não se abrir de jeito nenhum.

Mais tarde, ao chegar da última porta fechada, tomei um banho e deitei. A essa altura, estava torrando de febre, sem disposição física e emocional para os estudos e o ballet e muita necessidade de dormir para me esquecer da vida. Feito. À noite, levantei, fiz uma refeição e liguei o computador. A intenção era estudar. Mas entrei no Facebook e publiquei a Oração de São Jorge. Há quem diga que eu deva me blindar contra "inimigos". E isso me confortou por alguns minutos.

Que as coisas andam dando errado pra mim, em muitos aspectos, ninguém discute. Os mais próximos chegam a olhar pra mim com pena e, se isso não me ajuda, pelo menos me conforta saber que as pessoas se sensibilizam, sabem que não estou carregando nas tintas e tal. E, conversa vai, conversa vem, o assunto sempre vai parar nos outros: a inveja, o olho-gordo, a energia negativa e todas essas coisas que a gente insiste em acreditar quando o bicho pega. A necessidade de procurar um culpado é inevitável, de se vitimizar e dizer que o problema são os outros. Não que esse tipo de energia não exista, mas é o tipo da coisa que não causa grandes aborrecimentos em quem tem fé. E eu sempre me perguntando: e por que comigo? O que há com minha fé?

Pois bem: muitas pancadas foram necessárias pra parar de ficar procurando "o problema" que está nos outros e reconhecer o tanto de problemas que há em mim. Os próximos dias (quem sabe semanas e meses?) ainda trarão muitas surpresas desagradáveis e, se não as posso evitar, só me resta entender que há muito mais gente no mundo com problemas mais graves e irreversíeis que o meu, lidando com mais serenidade.

Foi à tarde que decidi não faltar o ballet e estudar. Estudei até a hora da aula e, enquanto dirigia até o ballet, pensei na quantidade de coisas sujas que cultivamos no pensamento e que terminam refletindo em atitudes. Vi que talvez eu precise aprender a pensar. E talvez reeducar meus atos e redirecionar minha vida. Redistribuir a energia que pode estar em excesso em alguns lugares e escassa em outros. Talvez esteja na minha mão sair dessa m****. E, se não estiver, acho que não vou perder nada em tentar.

Thursday, February 09, 2012

Lucratividade plus size

Há alguns anos surgiu a polêmica da modelo magrela: que aquilo era absurdo, que uma pessoa não pode manter aquele peso sem prejuízo à saúde, que aquilo estava desencadeando transtornos alimentares em pessoas jovens, "má influência", "fábrica de anoréxicas", etc. Mas o que dizer dessa moda de modelos plus size? Se seguíssemos o mesmo raciocínio de que as modelos magras são um estímulo aos transtornos alimentares, podemos dizer que as modelos plus size são um estímulo à alimentação desregrada e ao sedentarismo. No fim, tudo fal mal à saúde, não é? Mas todo mundo acha a modelo plus size uma expressão de democracia, um reconhecimento de que cada shape tem sua beleza, de que a mulher com sobrepeso não é necessariamente feia, etc. E, no fim das contas, esse discurso é muito bem-aceito pelas mulheres com sobrepeso, porque muito cômodo, afinal muitas delas já estão exauridas de recorrer a dietas, exercícios, e simplesmente não tocar para frente porque implica uma mudança muito grande de hábitos... para a qual não estão preparadas. Por outro lado, sabemos que nem todos os que estão acima do peso o estão por maus hábitos: há inúmeros fatores, que vão de genética à escolha pessoal de cada um, e não necessariamente refletem uma pessoa descuidada.

Nem toda magra é saudável. Fui assitir a um desfile, e a modelo parecia não ter um músculo sequer. Era magra, mas muito flácida e passava uma imagem de frágil. Fora que o "magra" era uma ilusão: a menina tinha lá seus depósitos de gordura, mas como tinha pouquíssima musculatura era leve, logo... "magra". Pele, ossos, gordura. Por outro lado, nem toda gorda tem as artérias entupidas e é sedentária. Moral da história: se a estética é uma opção de cada um, faça suas escolhas pondo sua saúde em prioridade.

O que me preocupa nessa história das modelos plus size é que ela não tá aí pra fazer você se sentir bem, levantar sua autoestima, criar uma moda "democrática" ou romper com a "ditadura" da magreza. Ela é fruto de um discurso muito bem-articulado de um mercado que fatura milhões e que enxerga, num mundo onde a obesidade cresce exponencialmente, um enorme potencial de lucro. Vejam bem: é mais fácil para a indústria inverter uma tendência (que é o aumento da obesidade) ou usá-la a seu favor? Nem precisa responder, né? Primeiro, porque a indústria da moda (e adjacentes) não tem nada com sua saúde e está pouco se preocupando se o aumento da obesidade é um problema de saúde pública. Como eu disse, é um problema de saúde pública, não deles. Mas o seu ego lhes interessa, sim. Porque o consumo de moda tem muita relação com autoestima, e não convém deixar um público que está se tornando maioria confinado em lojinhas de nome engraçadinhos, separadas das lojas para pessoas "normais". É preciso incluir, oferecer, numa mesma loja, peças de 36 a 56, sem distinção alguma.

Nesse sentido, eu acho que incluir é o caminho certo, é romper com uma distinção que nunca fez sentido algum e só humilhou as pessoas com sobrepeso. Só tenho meu pé atrás com a maneira que essa "inclusão" está sendo feita. Com um discurso inconsequente de "como é bonito ser gordinho", "homem não é cachorro pra gostar de osso", etc., mulheres que já tinham dificuldades em aderir a uma rotina de exercícios ou reeducação alimentar sentem-se mais confortáveis pra soltar as rédeas e comer de tudo sem culpa e não caminhar 100 m.

Então, vale para as magras, as médias, as gordas: sim, é verdade que todo shape tem sua beleza, que é questão de gosto. Mas isso não significa ficar subnutrida para emagrecer ou aceitar-se gorda para não ter que abrir mão de tortas e afins. Magra ou gorda, o que não dá é ser incapaz de subir um lanço de escada sem ofegar, passar mal com uma corridinha de leve e ter só açúcar e gordura na veia. No peso que você escolheu, cultive sua saúde.

Tá na hora de mostrar que o discurso modelo plus size é tão perigoso quanto o da modelo ultramagra. Tá na hora de refletir sobre quais interesses residem por trás desse discurso de "permissividade", sustentado por agentes que querem sua fatia de mercado cada vez maior, independentemente de estimular ou coibir maus hábitos. A indústria não tá aí pra te educar, mas para lucrar; se pra isso ela precisar ser permissiva com seus maus hábitos ou até estimulá-los, não hesitará em fazê-lo.

Gorda ou magra, independentemente de sua escolha, faça-o sem descuidar da sua saúde. Não sou mais nenhuma menina e já não tenho os mesmos 45 kg de cinco anos atrás. Por outro lado, apesar do metabolismo mais lento, hoje tenho mais disposição e taxas melhores que naquela época. É claro que gostaria de ter meus 45 kg de volta, mas isso é um gosto pessoal meu. Mas fico feliz em saber que hoje estou mais saudável que naquela época. #ficadica

Monday, January 30, 2012

Blogs: o culto do amador é mesmo o fim?

Eu sou uma pessoa que gosta de informação. Gosto por gostar, e isso é anterior ao fenômeno Web 2.0. Na minha infância, me divertia com pequenas enciclopédias, ganhei uma chamada O Livro da Vida aos 7 anos, e ela me distraía nos dias chuvosos das férias. Era legal saber um pouquinho de cada coisa. Entender como funcionava aquela "virose" que o médico diagnosticou. Ou porque a coloração do meu cabelo resultou num verde bizarro. Diversos porquês.

E, com a Web 2.0, percebi que muito mais gente tinha essa curiosidade. E mais: na Web, elas compartilhavam suas pesquisas com as colegas. Eu amei a iniciativa. E, diferentemente de alguns intelectuais, não vejo nisso o apocalipse. Sempre vi muito potencial.

Engana-se quem pensa que o universo de produtos de moda e beleza é pura futilidade. Aliás, a futilidade está no uso que cada um faz desse universo, e não na essência dele. Por detrás dos produtos que tornam nossas rotinas mais agradáveis, há costumes, pesquisas, tecnologias, verdades e mentiras, há tanta coisa a ser pesquisada e desvendada. E acho massa quem se propõe a fazer isso e, nas horas livres, adentro o universo dos blogs buscando informação segura e embasada. Por exemplo, um dos meus blogs preferidos é o Eu Amo Cabelo. A responsável (responsável em todos os sentidos da palavra) por ele é Carla Figueira, uma cabeleireira gente-como-a-gente, não uma cabeleireira de celebridades, mas a quem eu entregaria meus cabelos sem medo se ela morasse numa cidade próxima. É que tudo que ela publica é pesquisado, embasado, passa segurança ao ler. Além do mais, ela tem o know-how da prática profissional. O Maria Vai Comigo é outro que está entre meus preferidos. A responsável por ele é uma publicitária que reflete sobre seu papel enquanto blogueira no cotidiano das leitoras (veja aqui) e até fez seu trabalho de conclusão de curso a esse respeito. Pontos para Beta! A Cássia Pires, Dos Passos da Bailarina, tem o cuidado de pesquisar (para além da Web, inclusive) e compartilhar sua rotina como bailarina adulta, mostrando nossas potencialidades e limitações, refletindo com responsabilidade - e uma escrita impecável - sobre um assunto que requer muito estudo.

Igual aos blogs da Carla, da Beta e da Cássia (atualmente meus favoritos), há uma porção de blogs feitos por pessoas comprometidas em pesquisar e fornecer informação segura e de qualidade. Mas esse tipo de blogueira, lamentavelmente, tá virando exceção. O que eu vejo por aí é um bando de mulher desesperada em ganhar jabá e fazer "parcerias", sem ter conhecimento de causa para isso. O resultado são blogs mal-escritos, cujas informações são réplicas de outros blogs e que não acrescentam nada de novo a não ser um desesperado "siga minha página para eu ganhar jabás". Isso é um prato cheio para o pessoal do Shame on you, blogueira!, meu mais novo vício.

Ter um blog que sirva de referência é muito bom e, acreditem, se eu tivesse tempo investiria nisso. Pesquisar, investigar e oferecer informações que ajude as colegas a não fazerem escolhas equivocadas é gratificante. Mas ler um verbete na Wikipedia e se achar autoridade no assunto é m pouco demais. Coletar informações nos blogs das colegas e publicar como algo novíssimo também não é lá o que se espera de uma "formadora de opinião" (e, sim, empresas só vão investir em brindes para formadoras de opinião).

Apesar do radicalismo de Andrew Keen em O Culto do Amador, a coisa caminha nesse sentido. Mas, longe de ser uma apocalíptica (muito menos integrada), acho que ainda é possível separar o joio do trigo. E, muito embora estejamos vivendo um momento em que o joio seja maioria, eu sempre vou separar meus momentos livres para apreciar o pouco de trigo que ainda existe na Web.

PS: Várias pessoas me perguntam porque eu me recuso a seguir blogs. A ferramenta de seguir, em tese, teria sido criada para facilitar a vida do leitor e mantê-lo informado de tudo que há de novo. Infelizmente, essa ferramenta se conveteu num contador de acessos que as marcas monitoram para decidir com quem vão fazer "parcerias". Definitivamente, não tô aqui pra engordar estatística. Meus blogs preferidos estão na minha barra de favoritos. E esta, empresa nenhuma monitora (em tese).


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