Monday, March 12, 2012

Mais uma semana e uma porta fechada

A notícia caiu como uma bomba! Estou eu acordada desde cedo, trabalhando na minha revisão de literatura. Decidida a dar prioridade absoluta à minha dissertação, postei ontem no Facebook: "treinando e me aprimorando na arte de c*gar e andar para estresses que não sejam de natureza acadêmica". Daí hoje, empenhada em redigir algo benfeito, recebo uma ligação que põe abaixo minha concentração, acaba com meu dia e com qualquer esperança de ter uma semana melhor que a anterior. Porque eu sempre penso: "Ok, o fundo do poço chegou, agora é prender a respiração e subir de um impulso só", fazendo das tripas coração para ser otimista, coisa que nunca fui, nem na mais tenra infância. Daí vem mais uma má notícia, e tudo vai abaixo. Hoje, parece que minha mãe, a pessoa mais otimista do mundo, perdeu a esperança. Quando lhe disse não saber o que fazer, ela respondeu: "Reze".

Minha mãe passou os piores perrengues dessa vida sem perder a serenidade. Desde enfrentar uma gravidez prestes a ficar viúva, sabendo que restava tão pouco tempo de vida ao marido que talvez ele nem conhecesse a filha, até passar por isso com uma dignidade de impressionar, ela nunca se abalou. Deus foi tão bom conosco que poupou meu pai de ir sem conhecer a filha, ele viveu o suficiente pra acompanhar meu primeiro ano escolar - muito além do seu prognóstico. E quando esse dia chegou, minha mãe ficou sem nada: nem casa, nem emprego, nem perspectiva. Reconstruiu tudo devagarinho e pacientemente, montou nosso pequeno patrimônio e assim me criou e educou, muito bem, por sinal. O que me impressiona nisso tudo é que nem quando todas as portas estavam fechadas ela se desesperou. E toda vez que perco a cabeça ela diz: "Deus sempre abre uma porta. Fiquei em situação pior com você criança, e as soluções vieram".

Neste momento, minha mãe não está desesperada, mas passa uma tristeza que não é do seu feitio. Vez por outra ela se questiona sobre as portas que se fecharam, sem entender porque todas elas estão fechadas. Neste exato momento, eu não sei nem como raciocinar, mas penso apenas em recuperar a calma e o foco para poder redigir. Nem sei como serão os próximos dias e quantas portas ainda vão se fechar até que eu encontre o caminho certo - sim, porque se elas se fecham é porque não estou no caminho certo. Vou tocar os compromissos da tarde na medida do possível e, se me sobrar tempo - e cabeça -, não falto o ballet. Se posso aprender alguma coisa com o exemplo da minha mãe, é tocar minha vida sabendo que tem pessoas que precisam de mim. No caso da minha mão, uma filha pequena; no meu caso, um orientador, professores, equipes de trabalhos. Apenas peço força pra continuar cumprindo meu papel, até que tudo se solucione.

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