Monday, June 14, 2010

Eu já tava preparada pra restrições comemorativas no dia dos namorados, afinal o Teste Anpad me esperava no domingo, antes as 8h. Então saímos para almoçar, depois compramos sorvete e levamos pra casa. Lá, fizemos milk-shake e fomos assistir A Festa Nunca Termina (24 hour party people), depois o primeiro episódio da terceira temporada de House (tá na chuva, é pra se molhar). Aí a gente ficou oziando até dormir. Mas quem disse que eu dormi? Parecia que a noite era longa demais. Eu dormia e acordava e dormia de novo e, quando acordava de novo, ainda tava tudo escuro. Até que, quando consegui relaxar e dormir um pouquinho, o despertador me lembrou que alegria de pobre dura pouco. Pois bem, o dever me chamou.

Cheguei lá bem antes da hora, a universidade tava mais animada do que em dia de calourada, tava tendo um concurso além do teste, e eu fui fazer prova no centro de Turismo (lugar superestranho, por sinal). Eu nunca, nunca mesmo, me deparei com uma prova em condições tão adversas. Em apenas 1h40, resolver 40 questões de raciocínio lógico e quantitativo, com enunciados enormes e cálculos para fazer, me pareceu impossível. Alguém discorda? Eu realmente achei impossível.

Mais 1h40, e tínhamos de resolver 40 questões, sendo 20 de português e 20 de inglês, cada uma baseada em textos enormes. Ahora me diga: quem, em sua sã consciência, consegue resolver questões de interpretação textual ser reler, inter-relacionar, fazer grifos, etc.? Agora me diga: quem consegue fazer tudo isso em 1h40 e ainda marcar gabarito? Eu não, e por isso me f****.

Mais 50 minutinhos, e uma prova de raciocínio analítico com enunciados enormes para interpretar, inferir e responder 20 questões. Possível? Para mim não. Saí de lá com o pescoço doendo, e e feliz por não ter me desgastado. Fez-se o que pode, não é? Apesar de tudo, achei provas muito bem elaboradas e agradáveis de se fazer. O grande problema? O tempo.

Perdi meu domingo, meu sono e acho que algum pedaço do meu pescoço (que tá doendo até agora). Espero não ter que fazer mais dessas ao longo da minha vida.

Friday, June 11, 2010

Metade cheia, metade vazia

Você ouve No Surprises (Radiohead) e se vê na letra da música. Você ouve Fábrica (Legião Urbana) e não consegue entender como alguém tão distante de uma determinada realidade consiga descrever de forma tão fiel as sensações de quem é parte (vítima?) do sistema. Você tem um amigo reacionário, se diz socialista, vê o lado ruim de tudo, e você passou a vida toda achando que ele é pessimista ou carrega consigo frustrações fora do seu poder de resolução. Mas, quando você se vê nessas letras e começa a achar que seu amigo apenas é um cara que amadureceu mais cedo que você (e que, portanto, seu ceticismo tinha toda a razão), será a hora de ligar o alerta?

Metade de mim se sente triste, desmotivada, irritada. Mas, curiosamente, ao questionar suas escolhas, dificilmente se arrepende delas. Seria o estado máximo do conformismo, do tipo "fazer m**** é aprender", e aceitar as consequências com resignação? Não sei. Mas aceito com serenidade, não resignação. Uma serenidade que às vezes chega a doer. Mas, se aquilo que é sereno não dói, tem algo estranho aí. E é essa inequação que me paralisa. A garrafa está metade vazia, mas não me incomoda mais. É como se estivesse metade cheia. Mesmo sem estar.

Mas eu tenho tanto medo, tando medo. Parece que minha cabeça trabalha a uma velocidade muito maior, que a hiperatividade toma conta de mim e me mostra que há 54565458245 caminhos, e que eu sou capaz de escolher qualquer um deles. Ou melhor: sou capaz de seguir qualquer um deles, mas incapaz de escolher qual deles seguir.

Talvez o problema todo seja este: me julgar capaz, quando passei a vida inteira me julgando incapaz. E me julgando incapaz eu me permito errar. Mas, no momento, errar pode me deprimir profundamente. Por isso que deve ser mais fácil permanecer no erro em que já se está se errar de novo, e de novo, e de novo... até acertar pode fazer com que eu me sinta impotente. Deve ser aí que surgem as acomodações. Aquela que paralisa. Aquela que nos impede de acertar por medo de errar.

"Quem me dera acreditar
Que não acontece nada
De tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então!"