Friday, September 27, 2013

Terceiro mês: coisas estranhas acontecem

Ontem comecei o terceiro mês, e logo no início da semana marquei uma consulta com o dermatologista. É que no sábado me apareceram manchas vermelhas na pele, que pareciam uma rubéola. Foi para na emergência, onde uma médica supercompetente (SQN) disse que eu tinha brotoejas. Meu namorado me alertou para o fato de que as manchas apareceram após um rodízio de massas e que aquilo poderia ser uma reação aos queijos, embutidos, etc. O fato é que o fígado anda sobrecarregado e precisa de carinho, né?

Precisei aguardar a segunda-feira, já que a competente da emergência sequer solicitou uma coleta de sangue pra ver a quantas andava meu fígado. E, sim, eu avisei a ela do tratamento. Na segunda cedinho, fiz os exames de sangue e tratei de conseguir um encaixe com o dermatologista. Para meu alívio, todo certo com o figadinho, o colesterol já esboçou melhora, os primeiros resultados do acompanhamento nutricional já aparecem...

Quanto à pele, ele disse que era uma intoxicação alimentar, que se agravou porque a pele está muito ressecada. Me passou um hidratante e disse que o tratamento estava dando resultados excelentes. Perguntei a ele porque não ocorreu a fase a piora na minha pele. Sério mesmo: em todo esse período, tive apenas três espinhas, sendo duas no rosto e uma no colo. Ele disse que só 30% das pessoas tinham essa piora. Oi? Não entendi nada. Todo mundo que conheço relata esse tipo de reação.

Pois bem, eis que na terça apareceu uma espinha abaixo do lábio e hoje apareceu outra no queixo. Pequenas e tal, mas apareceram... Às vezes tenho a sensação de que toda vez haverá espinhas na segunda metade do ciclo menstrual, mesmo depois do tratamento.

O que estou sentindo é que em algumas regiões do rosto tá tudo áspero. Não sei explicar o que é, mas dá uma agonia quando vou lavar o rosto. Eu imagino que seja aquela fase em que a pele cai todinha pra nascer uma novinha e acetinada.

A ansiedade pelo término só aumenta. Até agora, não tive nenhum daqueles efeitos colaterais bizarros, só me incomoda o lábio mesmo. Mas são pequenas coisinhas de ordem estética e prática que me incomodam:
- Dirigir no sol é um saco, mas não posso usar óculos escuros, já que não posso usar lentes de contato.
- A faltas das lentes é algo muito desagradável, porque às vezes quero sair bonitinha. Também odeio fazer ballet de óculos.
- Eu amo batom matte, mas tentei usar um e consegui ficar no máximo alguns segundos. Aliás, quem tem substituído balm por batom tem minha admiração, porque eu não consigo. Tem que ser balm e potente! Nívea ou aqueles bonitinhos da Quem Disse Berenice? são sugados pela pele em questão de minutos.

No mais, tudo indo. Honestamente, o grande efeito colateral que tenho sentido é financeiro. Até agora, já se foram duas bisnagas de filtro solar, dois bastões de balm, três potes de hidratante, dois de lágrima artificial e uma bisnaga de creme para a região dos olhos.

Monday, September 09, 2013

Meu corpo é só meu (pelo direito de fazer - ou não - uma dieta)

Muito se discute sobre a ditadura da magreza: ela é perversa, impõe um padrão difícil de ser atingido, desmerece quem tá fora desse padrão (que por acaso é maioria), cria patologias (ana, mia e suas coleguinhas do mal) e zzZzZzzzZZzz... so so boring. O que parece legítimo é o direito de dar pitaco (em casos extremos até arbitrar) sobre o corpo alheio, mais comumente o feminino.


Por que decidi falar a respeito? Bem, poderia dizer que não tenho problemas nesse sentido se eu não fosse extremamente intolerante com essa prática de a sociedade achar que o corpo alheio é alvo deliberação pública.

Já falei aqui que semana passada estive na nutricionista. Eu queria ir há tempo, mas com os efeitos do tratamento de acne tomei vergonha e botei a coisa em prática. Lá naquele consultório eu vi o quanto não tô bem com meu corpo. Primeiro, não me sentia à vontade para tirar o casaco. Depois, um certo mal-estar ao subir na balança. Mas o pior de tudo foi levantar a blusa para medir as circunferências da cintura, do quadril e da barriga (aquela pochetezinha que insiste em habitar meu ser). Mas eu tava ali pra isso, e só eu sei o quanto me custou fazê-lo. Ali, como eu desconfiava, estava todo o problema: desproporções bizarras e acúmulo de gorduras em regiões onde elas não deveriam estar. Conversamos a respeito, a consulta foi longa, vimos o tanto de hábito errado que eu precisava consertar, e eu saí de lá com a certeza de que não seria fácil, mas eu precisaria tentar.

Mas a parte mais difícil para mim não está no plano alimentar, e sim social. Está no julgo alheio. Está na colega que afirma categoricamente que você não precisa perder peso. E afirma como se você estivesse desprovido de suas faculdades mentais, incapaz de conceber o que é melhor para sua autoestima. Quem o faz não o vê como problema, é uma prática tão legítima! Quem o ouve muitas vezes acha legal, sente-se lisonjeada. A verdade é que, embora pareça grosseiro, se você não vê problema algum no corpo da colega, isso não lhe dá o direito de julgar se são reais ou imaginários os problemas que ela vê. Ela simplesmente o vê. Já parou pra pensar que cabe a cada um decidir sobe seu próprio corpo?

Como boa profissional, a nutricionista disse que eu já sou magra, quantitativamente falando, mas se desejava emagrecer, por razões estéticas, que era justo e legítimo. Disse-me um limite: abaixo daquele peso, poderia comprometer meu estado nutricional. Qualquer intervalo entre meu peso atual e o limite mínimo estava liberado, conforme minha vontade (eu queria perder 4 kg, só poderei perder 2 kg). E lá começamos a programar os próximos passos. Curiosamente, não ouvi nenhuma menção a virar "saco de osso", "alegria da sopa" ou a meu namorado perder o tesão porque "homem não é cachorro para comer osso". Também não me lembro nenhuma menção a "ficar anoréxica" (mudar hábitos alimentares, reduzir/cortar porcarias, fazer atividade física deixa as pessoas anoréxicas; bom mesmo é comer Mc oferta todo dia) ou "ficar com cara de doente". Pois bem, sem julgar minhas motivações, ela programou meus próximos 40 dias e quer me ver de volta - sem a barriguinha (essa que afirmam não existir e que é fruto da minha imaginação). Se vai dar certo, eu não sei. Só sei que estou disposta a mandar à m**** quem insistir em questionar minhas motivações. 


Wednesday, September 04, 2013

35º dia para a frente: retrocesso?

Entrei no segundo mês do tratamento com uma sensação estranha: parece que houve um retrocesso. No 35º dia, notei que minha pele amanheceu oleosa. Estranho, pois não esqueci de tomar o remédio nem de fazer todas as coisas nos conformes. De lá para cá, não que meu rosto tenha virado um ovo frito, mas a quantidade de cravos que havia no nariz, que tinha reduzido, e repente e multiplicou. Daí quando eu saio do banho quente e olho no espelho, eles parecem pular pra fora do rosto. Mas não dá pra espremer, pois qualquer toquezinho deixa marca na minha pele. O surgimento de "crecas" pelos braços e pernas parou quando reduziu a coceira. Também do pescoço para baixo, minha pele reduziu o ressecamento. É como se, de repente, eu tivesse parado de tomar o remédio.

Mas o que me intriga mais é a questão do surgimento de espinhas no início do tratamento. Já passei do 40º dia e até agora nasceram duas espinhas no rosto e uma no colo. E nasceram bem no comecinho. Até a nutricionista se surpreendeu porque ainda não passei pela fase tosca de botar tudo pra fora. Não sei se é porque estava passando tretinoína no rosto antes de começar o tratamento e fazia pouco tempo que a tosquice facial tinha acontecido. Vai ver que já tô limpa. Mas sei lá: quase todo mundo que toma a decisão de tomar isotretinoína sai de uma longa história mal-resolvida de uso de ácido. Eu queria muito que não nascessem, que minha pele virasse um pêssego e prio, porque a cicatrização é péssima com esse remédio e tudo que aparece vira uma mancha rosca tosca. (Desconfio que no fim do tratamento terei de mergulhar numa piscina de hidroquinona pra apagar esse tanto de cicatriz.)

Na semana passada, visitei a nutricionista. Fui por insistência, porque o dermatologista achou normal o LDL ter subido pra 141, mas eu prefiro prevenir infortúnios. Ela achou precipitado entrar numa substância tão pesada sem antes rever alguns hábitos nutricionais, mas enfim... cada profissional vê o fenômeno sob o ângulo da sua formação, digo isso todo dia pros meus alunos: "toda visão de mundo é parcial, galera". Ela cortou o leite da minha alimentação, pois disse que o leite desnatado é hiperandrogênico, logo pode estar relacionado ao surgimento de hirsutismo e acne (coisas que me acompanham desde a adolescência, já levei até nome de mulher barbada). Ela disse que, quando tomamos isotretinoína, precisamos ter o cuidado redobrado com o intestino, pois se a eliminação não se der corretamente você pode reabsorver substâncias muito tóxicas que ficam retidos. Daí o remédio pode causar constipação (assim diz a bula) e, para alguém que já sofria do mal (como eu), isso pode causar danos ao fígado e ao intestino.

Ela não propôs dieta, não cortou alimento algum (além do leite desnatado), mas disse que eu precisava tratar o intestino o quanto antes. Os derivados de leite foram liberados (nem preciso dizer que é com moderação - tudo que se come deve ser com moderação), pois ela disse que a bronca mesmo é o soro. Estou no meu terceiro dia sem leite e prestes a endoidar (foram 31 anos ingerindo uma média de 1l/dia), mas nos próximos exames vou ver o que os resultados me dizem.