Friday, November 12, 2010

Uma prova e muitas lembranças

O fim dos anos noventa deixou muito boas lembranças, outras desagradáveis, que, acabo de descobrir, tornaram-se um verdadeiro trauma. A exemplo dos Natais e réveillons depois de levar pau no vestibular, uma tortura. O sentimento é de fracasso, de que um ano se perdeu, de que mais amigos se foram para outra dinâmica, outra realidade, de que vocês está sozinha, etc. Afinal, não é fácil ver os amigos indo para a universidade enquanto você está fadado a mais um ano de cursinho. Também não é legal encontrá-los no fim de semana e ver que a vida deles agora é outra e que a sua rotina não pertence mais a eles... um dramalhão, né? Pois é, essa foi a sensação que eu tive quando finalmente (há exatos dez anos) eu passei no vestibular: que fiz um dramalhão de algo tão simples! Na verdade, eu vim ter essa sensação poucos anos depois, quando percebi que recomeçar é importante, que no cursinho fiz grandes amigos, que precisei amadurecer para começar a educação superior e que aquilo que parecia um sofrimento apenas fez parte do processo: não cheguei verdinha na universidade e fui logo para o mercado. A prova cabal da máxima de que Deus escreve certo por linhas tortas.

Pronto! Trauma superado, correto? Erradíssimo. Descubro eu, anos depois, que o trauma está lá, vivíssimo do mesmo jeito, como se fosse hoje... Bastou eu fazer uma má prova de seleção para o mestrado, e tudo veio à tona de novo. Veio à tona o não saber por onde recomeçar, o vazio de desejos num espaço de alguns meses - que eu não seicomo preencher -, a projeção do réveillon com a sensação de que a grande meta, talvez, só ano que vem. E dessa vez tem novidade: a falta de remédios (parei de tomar em agosto), o medo de mais uma depressão... Porque ficar sem tomar fluoxetina é muito bom até que a primeira bomba desabe na sua cabeça. E minhas férias de dezembro? Vão perder a graça quando eu descer do palco e acabarem os ensaios, a preparação, as coreografias?

Eu poderia não estar pensando em nada disso e entender que ser classificado ou não são os únicos destinos possíveis de quem se submete a um processo seletivo. Se não fossem todas essas lembranças, se não fosse o peso das expectativas de todo mundo em cima de mim (com há mais de dez anos). Mas dessa vez tem que ser diferente. Eu tenho que aceitar como gente grande (embora no momento eu só tenha crescido para os lados). Pois eu nunca deixei de acreditar na Deus sabe muito bem o que faz. Mas há qualquer dissonância entre meu raciocínio e meu emocional, e tudo isso dói só de imaginar.

Dizem que é ruim nadar e morrer na praia, mas morrer antes de começar a nadar é igualmente ruim. O bom mesmo é completar o trajeto... pena que tão difícil!

Monday, August 02, 2010

Teledramaturgia global: uma luz no fim do túnel

As conversas de domingo lá em casa são legais: um monte de mulheres maduras (e algumas idosas) tendo acesso de nostalgia em relação às novelas da Globo. "As novelas de hoje não prestam", "Pai Herói é que era novela", "Por que não reprisam Locomotiva?" são a pauta dos protestos delas. E às vezes me custa crer que elas estão falando da mesma emissora que produziu Tempos Modernos e outras tantas da minha época que têm exposto autores consagrados ao ridículo de interpretar papéis discutíveis. Eu só acredito porque não sou lá tão jovem. E tive o prazer de saborear uma pontinha dessa tal "época boa" da teledramaturgia global, quando as novelas da Globo eram o melhor da cultura inútil para arejar as ideias. Eu acredito porque assisti a A Gata Comeu aos seis anos de idade e aos dezenove tive a oportunidade de assistir ao seu segundo Vale a pena Ver de Novo e ver que pode-se fazer uma boa novela sem violência, sexo e morte (parece incrível, mas eu não me lembro de uma morte sequer durante toda a trama).

E agora eu me deparo com TiTiTi, depois de tanta expectativa. E essas semaninhas iniciais já serviram o folhetim para mostrar ao público a que veio. Mesmo unindo a trama de mais outros folhetins, como Plumas e Paetês, a novela tem uma trama bem amarrada e um toque cômico na medida certa: sem os exageros que vêm permeando o horário das sete já há algum tempo.

TiTiTi aparece como uma luz no fim do túnel para o horário das sete. Se a experiência der certo em termos de audiência e outros resultados mensuráveis, vale a pena repensar o formato que vem sendo usando atualmente e estudar a possibilidade de investir nos remakes. E, já que o horário das sete se caracteriza por tramas mais leves e com uma dose de humor, eis bons nomes para repetir o êxito de TiTiTi: A Gata Comeu, Cambalaxo, Que Rei Sou Eu, Top Model...

Críticas à nova TiTiTi? Claro que tenho. Pelamãedoguarda, o que é aquela abertura com Rita Lee? Por que não usar a música original, da saudosa banda Metrô, a cara dos anos 80 e com a voz encantadora de Virginie? Por que usar uma nova versão de True Colors, se a de Cindi Lauper é bem melhor? Só isso que me deixou meio frustrada. Mas, fora isso, o importante é que estou tendo a oportunidade de ver a novela de que minha mãe tanto fala desde que me entendo por gente.

E para matar a saudade de TiTiTi "vintage", assista aqui à abertura dos anos 80, época em que se dispunha de bem menos recursos gráficos e, ainda assim, tínhamos aberturas mais legais que as de hoje. Mas isso já é outra história...

Friday, July 30, 2010

Sobre caráter e balança

Eu li, certa vez, que o caráter é um troço binário: ou você tem ou você não tem. Não tem um meio-termo, tipo: "Atanagildo até que tem um caráter maio bom". Também nunca ouvi falar em semimau-caráter.

Alguém já? Mantenham-me informada!

Ultimamente, estou começando a achar que caráter pesa. Pesa mesmo, tipo um fardo. Tipo: você se depara com um FDP, mau-caráter daqueles que se sentem bem em f**** os outros (e não f**** com os outros), canhalhice em nível avançado e... simplesmente não consegue fazer o mesmo com ele, mesmo nas ocasiões em que lhe faltam oportunidades. Como se alguma força, algum tipo de gravidade emocional, te prendesse ao chão. E você não f*** quem merece ser f*****.

Então eu acho que caráter pesa. Deve ser por isso que, embora magra, eu sempre me sinta acima do peso. E deve ser por isso que tem tanta gordinha se achando magra por aí...

Monday, June 14, 2010

Eu já tava preparada pra restrições comemorativas no dia dos namorados, afinal o Teste Anpad me esperava no domingo, antes as 8h. Então saímos para almoçar, depois compramos sorvete e levamos pra casa. Lá, fizemos milk-shake e fomos assistir A Festa Nunca Termina (24 hour party people), depois o primeiro episódio da terceira temporada de House (tá na chuva, é pra se molhar). Aí a gente ficou oziando até dormir. Mas quem disse que eu dormi? Parecia que a noite era longa demais. Eu dormia e acordava e dormia de novo e, quando acordava de novo, ainda tava tudo escuro. Até que, quando consegui relaxar e dormir um pouquinho, o despertador me lembrou que alegria de pobre dura pouco. Pois bem, o dever me chamou.

Cheguei lá bem antes da hora, a universidade tava mais animada do que em dia de calourada, tava tendo um concurso além do teste, e eu fui fazer prova no centro de Turismo (lugar superestranho, por sinal). Eu nunca, nunca mesmo, me deparei com uma prova em condições tão adversas. Em apenas 1h40, resolver 40 questões de raciocínio lógico e quantitativo, com enunciados enormes e cálculos para fazer, me pareceu impossível. Alguém discorda? Eu realmente achei impossível.

Mais 1h40, e tínhamos de resolver 40 questões, sendo 20 de português e 20 de inglês, cada uma baseada em textos enormes. Ahora me diga: quem, em sua sã consciência, consegue resolver questões de interpretação textual ser reler, inter-relacionar, fazer grifos, etc.? Agora me diga: quem consegue fazer tudo isso em 1h40 e ainda marcar gabarito? Eu não, e por isso me f****.

Mais 50 minutinhos, e uma prova de raciocínio analítico com enunciados enormes para interpretar, inferir e responder 20 questões. Possível? Para mim não. Saí de lá com o pescoço doendo, e e feliz por não ter me desgastado. Fez-se o que pode, não é? Apesar de tudo, achei provas muito bem elaboradas e agradáveis de se fazer. O grande problema? O tempo.

Perdi meu domingo, meu sono e acho que algum pedaço do meu pescoço (que tá doendo até agora). Espero não ter que fazer mais dessas ao longo da minha vida.

Friday, June 11, 2010

Metade cheia, metade vazia

Você ouve No Surprises (Radiohead) e se vê na letra da música. Você ouve Fábrica (Legião Urbana) e não consegue entender como alguém tão distante de uma determinada realidade consiga descrever de forma tão fiel as sensações de quem é parte (vítima?) do sistema. Você tem um amigo reacionário, se diz socialista, vê o lado ruim de tudo, e você passou a vida toda achando que ele é pessimista ou carrega consigo frustrações fora do seu poder de resolução. Mas, quando você se vê nessas letras e começa a achar que seu amigo apenas é um cara que amadureceu mais cedo que você (e que, portanto, seu ceticismo tinha toda a razão), será a hora de ligar o alerta?

Metade de mim se sente triste, desmotivada, irritada. Mas, curiosamente, ao questionar suas escolhas, dificilmente se arrepende delas. Seria o estado máximo do conformismo, do tipo "fazer m**** é aprender", e aceitar as consequências com resignação? Não sei. Mas aceito com serenidade, não resignação. Uma serenidade que às vezes chega a doer. Mas, se aquilo que é sereno não dói, tem algo estranho aí. E é essa inequação que me paralisa. A garrafa está metade vazia, mas não me incomoda mais. É como se estivesse metade cheia. Mesmo sem estar.

Mas eu tenho tanto medo, tando medo. Parece que minha cabeça trabalha a uma velocidade muito maior, que a hiperatividade toma conta de mim e me mostra que há 54565458245 caminhos, e que eu sou capaz de escolher qualquer um deles. Ou melhor: sou capaz de seguir qualquer um deles, mas incapaz de escolher qual deles seguir.

Talvez o problema todo seja este: me julgar capaz, quando passei a vida inteira me julgando incapaz. E me julgando incapaz eu me permito errar. Mas, no momento, errar pode me deprimir profundamente. Por isso que deve ser mais fácil permanecer no erro em que já se está se errar de novo, e de novo, e de novo... até acertar pode fazer com que eu me sinta impotente. Deve ser aí que surgem as acomodações. Aquela que paralisa. Aquela que nos impede de acertar por medo de errar.

"Quem me dera acreditar
Que não acontece nada
De tanto brincar com fogo,
Que venha o fogo então!"

Monday, April 05, 2010

Fonte: DAHMER, André. Malvados.
Quando minha terapeuta me ajudou a pesar os prós e contras pra escolher entre Comunicação e Letras, não me advertiu desta possibilidade. Valeu, Dahmer.

Wednesday, February 03, 2010

Eu e meu designer

Nem sei se poderia citar este artigo aqui, mas achei tão legal... De qualquer forma, créditos devidamente citados.

50 razões para não casar com um designer gráfico

Autor: Jonas Rafael Rossatto
Fonte: Espaço.com/Design
Grifos e comentários meus

Designers já tem uma reputação muitas vezes distorcida pela sociedade, então resolvi compilar essa lista para você que está pensando em casar com um Designer. Mas lembre-se, não desista casamento não um empreendimento. (é uma loucura) Segue a lista.

  1. Há milhões e milhões de designers no mundo.
  2. São egoístas e egocêntricos.
  3. Todos tem salários baixos. (Publicitários também. Sou solidária ao meu bofe.)
  4. Não aceitam críticas (recebem mas não as entendem).
  5. Se odeiam entre si.
  6. Não sabem somar nem subtrair quando vão ao mercado.
  7. Não sabem mudar uma lâmpada sem fazer um esboço.
  8. Gostam de ver os créditos completos do filme (e cenas cortadas).
  9. Não deixam você decorar a sua casa. (Porque, se deixasse, a nossa viaria um chiqueiro.)
  10. Tudo é um grande brainstorm (tempestade de ideias). (E não é pra ser não?)
  11. Você nunca saberá se os documentos e credenciais são reais ou adulterados.
  12. Fazem montagem com suas fotos.
  13. Mantêm revista e qualquer coisa que tenha fotos no banheiro.
  14. Idolatram pessoas totalmente desconhecidas (Bansky, Sagmeister, Basquiat, Paul Rand, etc.).
  15. Tira fotos para seu diário todos os dias. (O meu é designer, não emo.)
  16. Acham que tudo pode ser resolvido com um Shape ou uma nova Layer.
  17. Tudo é justificado a esquerda, direito e centro, pelo menos quando estão atrasados.
  18. Todos odeiam a fonte “Comic Sans” (e amam Helvetica). (Quem de bom gosto não odeia?)
  19. Tomam bebidas de qualquer espécie apenas porque gostam da embalagem.
  20. Eles roubam placa da rua e orelhões telefonicos.
  21. Roubam cartazes de shows e eventos e te fazem passar vergonha.
  22. Amam tênis com cores estranhas e bizarras.
  23. Usam all star com roupa social e acham o máximo (Cuidado ele pode usar isso no casamento). (Dou o maior apoio, usa mesmo, vai!)
  24. Tem sempre marcas de tintas em suas mãos.
  25. Eles ficam irritados com as palavras: bonito, feio e artista.
  26. Eles precisam consultar o Pantone antes de se vestir para saber a combinação correta e para ter um contraste legal.
  27. Eles odeiam Office (Word, Excel, PowerPoint, Publisher).
  28. Acham que podem salvar o mundo com um cartaz bonito.
  29. Eles sempre sabem tudo todo o tempo.
  30. Gostam de músicas “Indie” (Aquela música que metade da humanidade nunca ouviu falar). (Pior seria se fosse chicleteiro.)
  31. Criam suas piadas locais, e vão rir daquele video que você achou sem graça no Youtube. (Fárias fêzes.)
  32. Lêem livros raros, histórias para crianças e semiótica.
  33. Eles gastam horas incontáveis em seus espaços, rindo sozinhos, com seu computador (geralmente Mac).
  34. Sua vida social depende de seus amigos e outro designer.
  35. A maioria são viciados em tecnologia todo o dinheiro da família na Apple Store.
  36. Eles gostam de camisas com estampas e alguma brincadeira sobre algo atual ou muito retrô.
  37. Todos tem suas lojas preferidas, que atendem o publico “Staile”.
  38. Eles viram psicopatas quando você diz que design é apenas desenho.
  39. Começam a rir sozinho quando pensam em como executar um job.
  40. Fumam maconha!
  41. Sempre dizem que podem superar o trabalho dos outros.
  42. Todos já foram ou cogitarão ser DJs (pelo menos uma vez).
  43. Costumam vender tudo que compram, livros, revistas, canetas, camisetas (cuidado você está a venda).
  44. Todos tem personalidade geeks e infantis.
  45. Gostam de desenhos americanos ou japoneses e passarão horas assistindo.
  46. Gostam de mudar de cidade, estado país o tempo todo.
  47. Trabalham retocando foto de modelos e olhando mulheres em grande parte do seu tempo.
  48. Assistem documentários e vão a museus.
  49. Fumam Camel porque acham a carteira bonitinha.
  50. Tenha sempre um bom sonho, porque eles trabalham a noite.
Se você, como eu, acha tudo isso legal, também ama tênis de cores estranhas e detesta Comic Sans, se joga que a relação é promissora!

Você odeia a C&A? Então seja bem-vindo! #novelamexicana

Eu odeio a C&A, e não falo isso do ponto de vista dos produtos, afinal toda loja desse porte tem o joio e o trigo, é só separar. Falo em relação aos serviços. Nunca recebi um atendimento do tipo... "nossa, como estou satisfeita", mas ontem passaram dos meus limites. E di-cum-força!

Fui assaltada em fevereiro do ano passado e bloqueei o meus cartões o mais rápido possível. Todos os cartões me permitiram solicitar uma segunda via quando do bloqueio, por telefone mesmo. Todos... menos o da C&A. A segunda via teria de ser solicitada pessoalmente numa loja. Ok, burocracia 10, presteza 0. Por conta disso, abri mão de usar um cartão que oferece inúmeras vantagens durante quase um ano só para não ter de aturar aquelas esperas intermináveis.

Mas o consumismo move montanhas e, atraída por uma sandália cor-de-rosa com tachinhas, decidi pegar a velha e querida senha e tomar um chazinho de espera. A famigerada senha já me advertia: tempo de espera - 29 min (já ouviram falar da lei municipal que limita a espera a 20 min? acho que eles não). Topei? Topei, já tava ali mesmo, o que é um peido para quem está cagado? Depois de 384938678759 minutos, a cidadã falou que a emissão de uma segunda via meu cartão demoraria bastante por causa de um bloqueio especial que fazem nos cartões de limites altos e que, por conta disso, me daria uma autorização de compra e, quando eu tivesse tempo, voltasse lá e solicitasse novamente.

Pois bem, lá vou eu feliz com minha sandália e autorização na mão e, depois de mais 218948975897 minutos no caixa, a outra cidadã me informa que meu cartão está bloqueado. "Sim, claro, ele foi roubado, mas eu acabei de solicitar uma autorização provisória de compra e lá blá blá..." É, sendo que a colega competente me deu uma autorização de compra com a numeração do cartão antigo - roubado e bloqueado. Esqueceram de dizer a ela que era preciso gerar uma nova numeração para o documento. Me mandaram de volta para o fantástico mundo das senhas e eu fiquei lá, plantada, enquanto a cidadã tentava ligar para não-sei-onde e solicitar a numeração. Por fim, la desliga o telefone e me avisa: hoje não dá mais. Só amanhã. Me procura ao meio-dia que você não precisa mais voltar à fila...

P*** da vida, deixei as sandálias lá, e me recusei a comprar à vista ou voltar amanhã para concluir a burocracia e ter o meu cartão de volta. Assim como os cartões de outras instituições pouco proativas, ele vai para o limbo, de onde não sairá por muitos e muitos anos...

Thursday, January 28, 2010

A primeira semana

Fluoxetina manipulada presta? Funciona? Não sei. Daqui a algumas semanas (e quiçá alguns surtos) eu conto pra vocês.

Faz sete dias que voltei a tomar depois de um ano de abstinência e torçam pra dar certo senão vocês vão ter que engolir minha eterna TPM. Simples assim.

Eu agora tô na fase da demência. Nada me alegra nem me incomoda. Bom começo? Sei lá.

Como identificar um grande psiquiatra

Pois é, eu nem falei que a minha consulta com o novo psiquiatra foi recheada de surpresas (#ironia). E ele me passou sabe o quê? Fluoxetina! E de 20 mg! Que novidade, não?

"Boa-tarde, Doutor."
"Boa-tarde. O que a traz aqui."
"O psiquiatra que me acompanhava deixou o convênio. Fui transferida."
"E você tomava alguma remédio? Quer continuar?"


Oi? Alguém aí ouviu falar em anamnese?

Se eu fosse uma louca irresponsável, inventaria que tomava Bup, Cymbalta, Diazepam, Rivotril e mais um mói de coisa, e bastava eu dizer que gostaria de continuar para sair com uma pá de receita e faturar dinhero no câmbio negro. Mas, droga, eu não sou empreendedora! Então, humildemente, falei que tomava Verotina e que continuar ou não era uma decisão que ficaria a critério dele.

"Você teve um episódio depressivo?" (Nossa, até que enfim ele quer saber algo a meu respeito.)
"Tenho eventualmente." (Não, idiota, tomo Verotina porque tem gosto de cerveja.)
"Tem algum caso de transtorno afetivo na família?"
"Bem, eu acho minha mãe irritável além do normal, me parece uma distim..." (Ele interrompe.)
"Tá bom, não precisa dizer mais nada, ela tem transtorno afetivo." (E anota essa conclusão muito bem fundamentada num prontuário.)


Hora de passar remédio. Pra que conversar?

"Você reage bem à fluoxetina?"
"Sim, fico apenas um pouco agitada, impulsiva. O médico falou que era porque 20 mg é muito para mim, só preciso de 10 mg, mas num tem de 10 mg pra vender."
"Tem, tem sim. Quer tomar Verotina ou outro com a mesma substância?"
"O que é melhor para mim?" (O senhor já leu no meu prontuário que sou publicitária, e não médica?)
"Pra mim, depois de Prozac é tudo igual."
"Então eu quero o mais barato. Pode manipular?"
"Pode sim, numa farmácia boa é tão bom quanto a Verotina."

Escreve, escreve, escreve...

"Olhe, vou começar passando de dez porque você está visivelmente deprimida." (Sério?! Não brinca...)

Só então entendi porque dizem que a diferença entre o psiquiatra e o paciente é o porte da chave do consultório.

(Depois que eu saí, se alguém perguntasse a ele se sou loira ou morena, ele não saberia responder.)

Monday, January 25, 2010

A festa nunca termina

Sábado, meu namorado estava às voltas lá pela Cultura e encontrou o DVD de A Festa Nunca Termina. E aí ele me chega com esse DVD nas mãos, mais feliz do que pinto no lixo porque iria finalmente assistir ao famigerado. Eu também fiquei louca para ver, apesar de ter achado que o filme frustrou minhas expectativas quando assisti no cinema, lá pelos idos de 2003. Mas, visto no aconchego do meu lar, longe daquele cinema fedorento da Fundaj (foi antes da reforma, tinha um mofão ao meu lado) e sem ninguém roncando ao meu lado, tudo pareceu bem mais interessante. É como se eu estivesse lá na Hacienda, como se andasse pelas ruas de Manchester. Eu consegui experimentar tudo o que me tinha passado batido: me emocionar ao ver a morte de Ian Curtis, sentir esperança ao ver o New Order surgir após a tragédia ("Nunca imaginei que uma banda fosse capaz de sobreviver à morte de seu líder, mas o New Order conseguiu"), sentir saudade ao ver a Hacienda fechar como se aquele lugar tivesse embalado muitas das minhas noites. Eu me despedi junto com aqueles figurantes de todo o hedonismo do Hacienda. A festa nunca termina, o filme sim. 116 de minutos de imersão.

"Entre a verdade e a lenda, escolha a melhor história."
Obrigada, Tony Wilson!

Monday, January 18, 2010

Novo Psi

Amanhã é minha primeira consulta com o novo psiquiatra, e eu passei tanto tempo na expectative de encontrar alguém que resolva minhas mazelas que estou com quase certeza de que vou me decepcionar. Algo me diz que psiquiatra que atende em convênio dá o mínimo de si. Pelo menos era essa a sensação que o anterior me transmitia. Saí de lá sem um laudo sequer e vou chegar pro cara amanhã dizendo o quê? Vou começar tudo do zero?

Talvez não seja um má ideia. Começar tudo do zero, anamnese, contar tudinho, desde o começo, desde as primeiras fluoxetinas animadas etc.

E desde quando médico de convênio tem tempo pra isso? Poupe-me...

Acorda, Maca!