Saturday, October 20, 2012

Diário de Campo

Não leia isto se você for cardiopata ou nervoso! E tire as crianças da sala: o relato possui imagens chocantes...

Tudo começou quando um grupo de estudantes rebeldes resolveu se reunir para comemorar o aniversário da colega num local profano, sem livros, sem e-mails, um artigo sequer... e o pior: com ÁLCOOL! Mentira, a ideia era fazer uma pesquisa de campo. No local, sol alto e pessoas falando senvergonhices pouco acadêmicas, mas superamos esse obstáculo em prol do nosso imbricamento. Chegamos a alguns achados científicos, quando Marcelinha encantou-se com uns "bons drinque" das colegas e, sob a má influência dessas moças, pediu um para ela. Mas não curtiu o "bons drinque" e com isso refutou a refutabilidade da teoria da geração espontânea. Explico:
Surgiram peixinhos coloridos no copo dela por geração espontânea. Alguns pesquisadores desavisados anteciparam que tinha nascido uma beta no copo dela, mas beta é um peixe pouco sofisticado para uma moça de fino trato. Como boa galerosa que sou, se fosse no meu copo teria nascido uma beta-vovô, mas deixo esa elucubração acadêmica para outra ocasião, quando discutiremos as implicações gerenciais desse achado, desde que o objeto empírico não seja meu copo (nem o de Bruno, nem o de Brunno, nem o de Cedrick), onde definitivamente não nascerão peixinhos, impossibilitando nossos experimentos.

Outra disussão importante é o comportamento da ida coletiva das fêmeas ao banheiro de ambientes ruidosos. Algumas pessoas insistem em investigar as causas disso, mas acho que esse problema de pesquisa está mais do que batido: não dá pra falar mal dos homens na frente deles e qual é o ambiente onde nos livramos deles? Tudo bem que o fizemos no corredorzinho onde ficam os dois banheiros, quando saiu um macho desavisado fazendo uso da função fática da linguagem, dizendo que estávamos falando muito alto e que ele estava ouvindo lá de dentro, tudo isso com um sorriso cafuçu no rosto. Ignoramos o comentário do indivíduo, o que suscitou um novo problema de pesquisa que rende uma boa etnografia da comunicação (aê Bruno e Brunno): como esses machos acham que vão atrair uma fêmea falando esse tipo de m****?

À meia-noite, dignidade já era um significante vazio. As ladies Rafaella e Luciana asseguravam a nossa volta para casa a salvo, enquanto os homens discutiam pautas de novos artigos. Foi quando Bruno e Brunno descobriram uma substância que potencializa o intelecto a ponto de escrevermos uma dúzia de artigos numa madrugada. Como pesquisadores obstinados que somos, pedimos algumas doses desse tônico:

Dizem que o referido atende pelo nome de "tequila". Os pesquisadores-machos deram a ideia, mas duas pesquisadoras, ávidas pela produtividade, toparam consumir a substância. Mas demoraram demais a voltar de uma observação participante no corredorzinho do banheiro, e os rapazes experimentaram primeiro. Foi quando Cedrick foi-nos chamar para avisar que já tinham experimentado a substância. Mas os rapazes, obstinados pesquisadores, perceberam que não tinham consumido o tônico da forma correta. Foi quando Bruno, um grande presciosista (graaaaaande), sacou seu smarthphone e foi pesquisar a maneira mais apropriada de consumir o tônico e obter a máxima produtividade. E, como são todos perfeccionistas ao extremo, tomaram mais uma dose de produtividade líquida. A essa hora, já estavam com o cérebro oxigenado a ponto de ler um quilo de artigos escritos em aramaico.

Comemoramos na mais alta classe o aniversário da nossa colega Jouberte Maria fazendo aquilo que mais amamos nessa vida: pesquisa de campo. Além da aniversariante, os pesquisadores Bruno, Brunno, eu (Macabea), Cedrick, Luciana e Marcelinha. E, iniciando os não pesquisadores na arte da investigação, contamos com a presença de Rafaella, Tito e Carlos, "o Colombiano". Há quem diga que os pesquisadores erraram a mão e pegaram pesado no imbricamento, conversando saliências e dançando coreografias estranhas, tudo por culpa de uns pesquiadores fanfarrões que se ocupam de pesquisar temas pouco cristãos, como Carnaval, bebida alcoólica e torcida galerosa.

Abaixo, alguns dados observacionais, devidamente registrados pela câmera do maior pesquisador do grupo (maior mesmo, tem quase 2 m de altura):

 Biscatização: pesquisamos esse fenômeno também. 
 Ocasal Cedrick e Rafaella. Esta senhorita é uma das responsáveis pela sobrevivência de alguns pesquisadores após uma jornada tão extensa de experimentos.
Luciana, mas uma das reponsáveis pela sobrevivência dos pesquisadores. 
À sua esquerda, Carlos, "o colombiano".

Olhos de avidez pelo conhecimento.
 
Pesquisadores abraçados após mais uma missão comprida e cumprida. 
O pesquisador Bruno, à direita, já apresenta olhos de overdose de conhecimento; 
já Brunno (ao lado de Bruno) mostra-se eufórico pelos achados.

E, como prova de meu imbricamento excessivo (acho que naturalizei), avalio na lingua dos profanos que frequentam o locus de pesquisa: Foi do c******, galere! Vamos repetir a(s) dose(s)!