Thursday, January 28, 2010

A primeira semana

Fluoxetina manipulada presta? Funciona? Não sei. Daqui a algumas semanas (e quiçá alguns surtos) eu conto pra vocês.

Faz sete dias que voltei a tomar depois de um ano de abstinência e torçam pra dar certo senão vocês vão ter que engolir minha eterna TPM. Simples assim.

Eu agora tô na fase da demência. Nada me alegra nem me incomoda. Bom começo? Sei lá.

Como identificar um grande psiquiatra

Pois é, eu nem falei que a minha consulta com o novo psiquiatra foi recheada de surpresas (#ironia). E ele me passou sabe o quê? Fluoxetina! E de 20 mg! Que novidade, não?

"Boa-tarde, Doutor."
"Boa-tarde. O que a traz aqui."
"O psiquiatra que me acompanhava deixou o convênio. Fui transferida."
"E você tomava alguma remédio? Quer continuar?"


Oi? Alguém aí ouviu falar em anamnese?

Se eu fosse uma louca irresponsável, inventaria que tomava Bup, Cymbalta, Diazepam, Rivotril e mais um mói de coisa, e bastava eu dizer que gostaria de continuar para sair com uma pá de receita e faturar dinhero no câmbio negro. Mas, droga, eu não sou empreendedora! Então, humildemente, falei que tomava Verotina e que continuar ou não era uma decisão que ficaria a critério dele.

"Você teve um episódio depressivo?" (Nossa, até que enfim ele quer saber algo a meu respeito.)
"Tenho eventualmente." (Não, idiota, tomo Verotina porque tem gosto de cerveja.)
"Tem algum caso de transtorno afetivo na família?"
"Bem, eu acho minha mãe irritável além do normal, me parece uma distim..." (Ele interrompe.)
"Tá bom, não precisa dizer mais nada, ela tem transtorno afetivo." (E anota essa conclusão muito bem fundamentada num prontuário.)


Hora de passar remédio. Pra que conversar?

"Você reage bem à fluoxetina?"
"Sim, fico apenas um pouco agitada, impulsiva. O médico falou que era porque 20 mg é muito para mim, só preciso de 10 mg, mas num tem de 10 mg pra vender."
"Tem, tem sim. Quer tomar Verotina ou outro com a mesma substância?"
"O que é melhor para mim?" (O senhor já leu no meu prontuário que sou publicitária, e não médica?)
"Pra mim, depois de Prozac é tudo igual."
"Então eu quero o mais barato. Pode manipular?"
"Pode sim, numa farmácia boa é tão bom quanto a Verotina."

Escreve, escreve, escreve...

"Olhe, vou começar passando de dez porque você está visivelmente deprimida." (Sério?! Não brinca...)

Só então entendi porque dizem que a diferença entre o psiquiatra e o paciente é o porte da chave do consultório.

(Depois que eu saí, se alguém perguntasse a ele se sou loira ou morena, ele não saberia responder.)

Monday, January 25, 2010

A festa nunca termina

Sábado, meu namorado estava às voltas lá pela Cultura e encontrou o DVD de A Festa Nunca Termina. E aí ele me chega com esse DVD nas mãos, mais feliz do que pinto no lixo porque iria finalmente assistir ao famigerado. Eu também fiquei louca para ver, apesar de ter achado que o filme frustrou minhas expectativas quando assisti no cinema, lá pelos idos de 2003. Mas, visto no aconchego do meu lar, longe daquele cinema fedorento da Fundaj (foi antes da reforma, tinha um mofão ao meu lado) e sem ninguém roncando ao meu lado, tudo pareceu bem mais interessante. É como se eu estivesse lá na Hacienda, como se andasse pelas ruas de Manchester. Eu consegui experimentar tudo o que me tinha passado batido: me emocionar ao ver a morte de Ian Curtis, sentir esperança ao ver o New Order surgir após a tragédia ("Nunca imaginei que uma banda fosse capaz de sobreviver à morte de seu líder, mas o New Order conseguiu"), sentir saudade ao ver a Hacienda fechar como se aquele lugar tivesse embalado muitas das minhas noites. Eu me despedi junto com aqueles figurantes de todo o hedonismo do Hacienda. A festa nunca termina, o filme sim. 116 de minutos de imersão.

"Entre a verdade e a lenda, escolha a melhor história."
Obrigada, Tony Wilson!

Monday, January 18, 2010

Novo Psi

Amanhã é minha primeira consulta com o novo psiquiatra, e eu passei tanto tempo na expectative de encontrar alguém que resolva minhas mazelas que estou com quase certeza de que vou me decepcionar. Algo me diz que psiquiatra que atende em convênio dá o mínimo de si. Pelo menos era essa a sensação que o anterior me transmitia. Saí de lá sem um laudo sequer e vou chegar pro cara amanhã dizendo o quê? Vou começar tudo do zero?

Talvez não seja um má ideia. Começar tudo do zero, anamnese, contar tudinho, desde o começo, desde as primeiras fluoxetinas animadas etc.

E desde quando médico de convênio tem tempo pra isso? Poupe-me...

Acorda, Maca!