Thursday, September 24, 2009

Desabafo da "otária"

É assim que me sinto em cada aula de RH2 e tenho certeza de que é assim que a professora nos vê. Eu não sei o que leva certos professores a crer que aluno de graduação é otário. Aí me aparece uma cidadã que chega tarde, dá 30 minutos de aula e passa o restante "passando orientações sobre trabalho". Ela finge que está nos esclarecendo algo, repetindo mil vezes uma série de comandos cretinos, e nós fingimos que estamos aprendendo algo. Isso sinceramente me tira do sério. E me tira do sério como alguns alunos assistem passivamente a tudo isso.

A prova da disciplina estava marcada para ontem e, por algum motivo, surgiu um boato de que ela seria adiada para a próxima sexta, 26. Meu namorado, também aluno (aluno?), ligou para ela às 17h30 e ela garantiu que a prova da noite seria de fato ontem, 23. Então, uma série de alunos se desloca para a universidade e, passados alguns minutos, recebem o comunicado de que a prova foi adiada.

Eu não sei bem o motivo. Ela não se deu ao trabalho de ir até a sala e comunicar os alunos do adiamento nem por que faria isso. Mandou um aluno em seu lugar. Também não deu aula. E disso eu também não sei o motivo.

Acho lamentável que ainda existam pessoas assim, que acham que estão lidando com meia dúzia de cretinos acríticos, que aluno de graduação quer apenas um diploma e pronto. Pois, recadinho a esses "tipos": não sou acrítica, não engulo certos descasos e não tenho medo de represália. O que seria da minha vida sem a gentil oportunidade de avaliar meus professores via formulário. Não pouparei adjetivos. Os piores, claro.

Friday, September 18, 2009

Cronologia musical - parte 2

1988

Xuxa definitivamente mostrou que estava deliberado: um álbum por ano, modismos mil e a indústria de produtos para o público infantil vibrando com o potencial de consumo das criancinhas em sandalinhas, botinhas, brinquedinhos. Acho que nós, publicitários, devemos um bocado a Xuxa, não? E não é de inspiração que tô falando... Esse álbum trouxe o hit que mais bombou. Adivinha? "Tá na hora, tá na hora..." Ilariê, Brincar de Índio e Abecedário da Xuxa eram obrigatórios em festinhas de aniversário.

Juninho Bill declarava que, "Entre borrachas e apontadores, mora o meu grande amor", Amanda Françoso embarcava no Trem (com toda a sinceridade do mundo, não foi uma boa aquisição) e Patrícia se desligava para a carreira solo. Mesmo assim, tínhamos ainda Vanessa e Luciano fazendo um lindo dueto em Pique-pega, Pique-esconde. Eu era apaixonadinha pelo Luciano e enjoei rapidinho com o hit do álbum Ioiô.

Os abelhudos emplacavam mais um dos seus tímidos sucessos com Vampirinho e As Crianças e Os Animais. Como sempre, provando que criança também pensa e dando show de letra inteligente, lamentavelmente um show com bem menos público que o merecido. Nessa época, já não eram mais tão crianças, mas eu estava o auge dos meus seis anos, amando tudo isso. Minha mãe não economizava em música, e eu tinha praticamente todos os discos que eu queria, até que um dia eu apareci pedindo a ela um disco no mínimo inusitado.

Eu não fazia a menor ideia do que era um "nossauro" nem de pra que serviaa cabeça dele, mas adorava Polícia e AAUU e queria o babado. Todo mundo achou bizarro dar um presente dessas a uma menina de seis anos, mas Mainha foi tão brodagem que me deu de quebra este aqui ó:

Ela lembrou que eu adorava Inútil e Marylou e, já que ia entrar no clima de rock nacional 80, botou tudo no mesmo bolo. Minhas amigas não gostavam muito quando iam lá pra casa brincar e eu botava Titãs ou Ultraje, mas eu as venci pelo cansaço. Terminaram se rendendo aos encantos de Zoraide.

Como "não há limites para o exótico", vi isso numa propaganda e quis até morrer.

A capa não era bem essa, mas era algo bem parecido, os quatro, as letras invertidas, fundo azul e tal... Vi na TV uma propaganda e me encantei com Dancing Queen (meu lado traveco aflorou) e quis de qualquer jeito um para mim. Minha mãe não entendeu nada:"Onde você ouviu isso?", "Por que você quer?", mas no fim compreendeu meu encantamento e me deu o presente. Dançava as músicas de ABBA dis e noite e não via a hora de crescer pra entender aquelas letras confusas (SAP: em outro idioma).


1989

Mais uma capa produzida segundo o raciocínio "quem gosta é o baixinho, mas quem compra é o papai". Pelo menos é isso que boatam por aí. Rumores... O quarto Xou da Xuxa tenteve repetir com Tindolelê o sucesso que Ilariê (qualquer semelhança é mera coincidência). O verso "nheco-nheco, xique-xique e balancê" dava margem à velha fuleragem infantil (sim, criança gosta de sacanagem, não se iludam). O álbum também trazia Alerta, que falava de drogas e deixou muita criança na época, como eu, apreensiva.


Minhamãe me deu esse disco contra minha vontade porque eu achava estranho essas cidadãs inventarem de gravar um disco. Pra mim, paquitas se vestiam de azul e vermelho e cantavam atrás da Xuxa, achava invenção essa independência repentina... Mas não resisti aos encantos desse disco que, além de dos seus versos nonsense "É tão bom... quem quer pão", trazia uma versão de Estúpido Cupido. As paquitas cantavam supermal, mas seus álbuns eram muito bons e todo mundo queria ser a Sorvetão, que tinha até música exclusiva, mas eu não: que queria ser a Miúcha, a única à época de cabelos cacheados como eu.

Como assim o que é isso? Eu estava no auge da minha impolgação das minhas aulas de jazz e aeróbica e fazia minhamãe comprar tudo que era disco para academia. Esse foi o segundo da minha coleção, ao todo foram sete, mas não encontrei mais imagem de nenhum, nem mesmo o Aerobic Dance, que tinha até música do Oingo Boingo (!).






Thursday, September 17, 2009

Cronologia musical - parte 1 (até 1987)

Leia aos poucos que o "bagúi" é grande...

Minha vida em músicas, não em datas.

Antes de 1986



Até aí as lembranças são bem vagas. Lembro que tinha esses discos lá em casa. Balão e Menudo não são exatamente do "meu tempo", mas, quando você é a caçula da sua geração, nasce fadada a herdar: enxoval, vestidos, brinquedos e... discos. Estes não foram exatamente heranças dos meus primos, foram presentes mesmo, de primeira mão, mas o gosto musical em formação era mesmo herança. Menudo não me provoca nenhuma sensação a não ser vergonha alheia, mas o Balão pra mim é um ícone. Esse álbum do Trem da Alegria também é muito legal. São vários artistas cantando junto com o Trem. Tem até participação do Pelé.


1986

O primeiro Xou da Xuxa foi lançado no tempo em que se pensava que os "baixinho" não tinha poder de compra nem de influência e, assim, Xuxa aparece com um modelitxo que deu toda a motivação aos pais... pai mesmo. Clássicos como Doce Mel e Meu Cãozinho Xuxo (vergonha alheia Xuxa simulando choro na música) embalaram meus dias, e Miragem Viagem era (muito bem) interpretada por essa garotinha acima, que hoje atende por Patrícia Marx. O álbum do Trem tinha a música Zeppelin (que para mim era Zé Pingüim, e na época tinha trema) e a dos patinhos, cujo refrão dava margens a trocadalhos infames na escola.

Em casa...

Meu irmão acabara de ganhar essas obras, que tenho em casa e ouço até hoje. Prometam que não vão rir da minha cara, mas eu era fã de Paulo Ricardo e o achava lindo.

1987

Minha família já era um pouco diferente, éramos só eu e minha mãe morando no mesmo prédio que um mói de primo. O primo cuja idade mais de aproxima da minha é seis anos mais velho. Nesse ano, minha mãe me presenteou com mais dois clássicos.


Esse álbum da Xuxa é um dos mais fraquinhos, mas, com a dança do estica e puxa, fez a alegria dos camelôs vendendo um brinquedinho chamado... estica e puxa. Na minha opinião, esse álbum do Trem da Alegria é um dos melhores, uma formação que reunia três vozes lindas, como Vanessa, Patrícia e Fabíola (por onde anda essa menina?) e com músicas lindas como Piuí Abacaxi e Pássaro Azul. Dá vontade de chorar quando eu lembro que as crianças do meu tempo ouviam "Eu quero ter a tua companhia, viaja comigo num vagão" e as de hoje têm de ouvir o Jacarezinho do Mulekada dizer "Decidi, vou ficar com as duas". Bem didático...

Enquanto isso...

Gente, alguém lembra dessas crianças? Isso é a prova viva de que naquela época existiam compositores que faziam letras interessantes para criança. Sim, não porque é para criança que você vai vender qualquer letra cretina, né? Os Abelhudos foram premiados num festival com a música O Dono da Terra ("Pai, me explica direitinho porque gente grande sabe muito bem: como pode uma criança pobre [...] crescer sem ninguém?"). No álbum laranja, eles fizeram o maior sucesso com Vovó Gatinha, uma letra superdivertida em que a avó faz uma plástica e o avô vira surfista. Uma pena esses meninos terem feito bem menos sucesso que as bandas da época, porque era igualmente bons. Por onde andam os abelhudos?

Continua...