Monday, August 02, 2010

Teledramaturgia global: uma luz no fim do túnel

As conversas de domingo lá em casa são legais: um monte de mulheres maduras (e algumas idosas) tendo acesso de nostalgia em relação às novelas da Globo. "As novelas de hoje não prestam", "Pai Herói é que era novela", "Por que não reprisam Locomotiva?" são a pauta dos protestos delas. E às vezes me custa crer que elas estão falando da mesma emissora que produziu Tempos Modernos e outras tantas da minha época que têm exposto autores consagrados ao ridículo de interpretar papéis discutíveis. Eu só acredito porque não sou lá tão jovem. E tive o prazer de saborear uma pontinha dessa tal "época boa" da teledramaturgia global, quando as novelas da Globo eram o melhor da cultura inútil para arejar as ideias. Eu acredito porque assisti a A Gata Comeu aos seis anos de idade e aos dezenove tive a oportunidade de assistir ao seu segundo Vale a pena Ver de Novo e ver que pode-se fazer uma boa novela sem violência, sexo e morte (parece incrível, mas eu não me lembro de uma morte sequer durante toda a trama).

E agora eu me deparo com TiTiTi, depois de tanta expectativa. E essas semaninhas iniciais já serviram o folhetim para mostrar ao público a que veio. Mesmo unindo a trama de mais outros folhetins, como Plumas e Paetês, a novela tem uma trama bem amarrada e um toque cômico na medida certa: sem os exageros que vêm permeando o horário das sete já há algum tempo.

TiTiTi aparece como uma luz no fim do túnel para o horário das sete. Se a experiência der certo em termos de audiência e outros resultados mensuráveis, vale a pena repensar o formato que vem sendo usando atualmente e estudar a possibilidade de investir nos remakes. E, já que o horário das sete se caracteriza por tramas mais leves e com uma dose de humor, eis bons nomes para repetir o êxito de TiTiTi: A Gata Comeu, Cambalaxo, Que Rei Sou Eu, Top Model...

Críticas à nova TiTiTi? Claro que tenho. Pelamãedoguarda, o que é aquela abertura com Rita Lee? Por que não usar a música original, da saudosa banda Metrô, a cara dos anos 80 e com a voz encantadora de Virginie? Por que usar uma nova versão de True Colors, se a de Cindi Lauper é bem melhor? Só isso que me deixou meio frustrada. Mas, fora isso, o importante é que estou tendo a oportunidade de ver a novela de que minha mãe tanto fala desde que me entendo por gente.

E para matar a saudade de TiTiTi "vintage", assista aqui à abertura dos anos 80, época em que se dispunha de bem menos recursos gráficos e, ainda assim, tínhamos aberturas mais legais que as de hoje. Mas isso já é outra história...