Friday, September 18, 2009

Cronologia musical - parte 2

1988

Xuxa definitivamente mostrou que estava deliberado: um álbum por ano, modismos mil e a indústria de produtos para o público infantil vibrando com o potencial de consumo das criancinhas em sandalinhas, botinhas, brinquedinhos. Acho que nós, publicitários, devemos um bocado a Xuxa, não? E não é de inspiração que tô falando... Esse álbum trouxe o hit que mais bombou. Adivinha? "Tá na hora, tá na hora..." Ilariê, Brincar de Índio e Abecedário da Xuxa eram obrigatórios em festinhas de aniversário.

Juninho Bill declarava que, "Entre borrachas e apontadores, mora o meu grande amor", Amanda Françoso embarcava no Trem (com toda a sinceridade do mundo, não foi uma boa aquisição) e Patrícia se desligava para a carreira solo. Mesmo assim, tínhamos ainda Vanessa e Luciano fazendo um lindo dueto em Pique-pega, Pique-esconde. Eu era apaixonadinha pelo Luciano e enjoei rapidinho com o hit do álbum Ioiô.

Os abelhudos emplacavam mais um dos seus tímidos sucessos com Vampirinho e As Crianças e Os Animais. Como sempre, provando que criança também pensa e dando show de letra inteligente, lamentavelmente um show com bem menos público que o merecido. Nessa época, já não eram mais tão crianças, mas eu estava o auge dos meus seis anos, amando tudo isso. Minha mãe não economizava em música, e eu tinha praticamente todos os discos que eu queria, até que um dia eu apareci pedindo a ela um disco no mínimo inusitado.

Eu não fazia a menor ideia do que era um "nossauro" nem de pra que serviaa cabeça dele, mas adorava Polícia e AAUU e queria o babado. Todo mundo achou bizarro dar um presente dessas a uma menina de seis anos, mas Mainha foi tão brodagem que me deu de quebra este aqui ó:

Ela lembrou que eu adorava Inútil e Marylou e, já que ia entrar no clima de rock nacional 80, botou tudo no mesmo bolo. Minhas amigas não gostavam muito quando iam lá pra casa brincar e eu botava Titãs ou Ultraje, mas eu as venci pelo cansaço. Terminaram se rendendo aos encantos de Zoraide.

Como "não há limites para o exótico", vi isso numa propaganda e quis até morrer.

A capa não era bem essa, mas era algo bem parecido, os quatro, as letras invertidas, fundo azul e tal... Vi na TV uma propaganda e me encantei com Dancing Queen (meu lado traveco aflorou) e quis de qualquer jeito um para mim. Minha mãe não entendeu nada:"Onde você ouviu isso?", "Por que você quer?", mas no fim compreendeu meu encantamento e me deu o presente. Dançava as músicas de ABBA dis e noite e não via a hora de crescer pra entender aquelas letras confusas (SAP: em outro idioma).


1989

Mais uma capa produzida segundo o raciocínio "quem gosta é o baixinho, mas quem compra é o papai". Pelo menos é isso que boatam por aí. Rumores... O quarto Xou da Xuxa tenteve repetir com Tindolelê o sucesso que Ilariê (qualquer semelhança é mera coincidência). O verso "nheco-nheco, xique-xique e balancê" dava margem à velha fuleragem infantil (sim, criança gosta de sacanagem, não se iludam). O álbum também trazia Alerta, que falava de drogas e deixou muita criança na época, como eu, apreensiva.


Minhamãe me deu esse disco contra minha vontade porque eu achava estranho essas cidadãs inventarem de gravar um disco. Pra mim, paquitas se vestiam de azul e vermelho e cantavam atrás da Xuxa, achava invenção essa independência repentina... Mas não resisti aos encantos desse disco que, além de dos seus versos nonsense "É tão bom... quem quer pão", trazia uma versão de Estúpido Cupido. As paquitas cantavam supermal, mas seus álbuns eram muito bons e todo mundo queria ser a Sorvetão, que tinha até música exclusiva, mas eu não: que queria ser a Miúcha, a única à época de cabelos cacheados como eu.

Como assim o que é isso? Eu estava no auge da minha impolgação das minhas aulas de jazz e aeróbica e fazia minhamãe comprar tudo que era disco para academia. Esse foi o segundo da minha coleção, ao todo foram sete, mas não encontrei mais imagem de nenhum, nem mesmo o Aerobic Dance, que tinha até música do Oingo Boingo (!).






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