Monday, September 09, 2013

Meu corpo é só meu (pelo direito de fazer - ou não - uma dieta)

Muito se discute sobre a ditadura da magreza: ela é perversa, impõe um padrão difícil de ser atingido, desmerece quem tá fora desse padrão (que por acaso é maioria), cria patologias (ana, mia e suas coleguinhas do mal) e zzZzZzzzZZzz... so so boring. O que parece legítimo é o direito de dar pitaco (em casos extremos até arbitrar) sobre o corpo alheio, mais comumente o feminino.


Por que decidi falar a respeito? Bem, poderia dizer que não tenho problemas nesse sentido se eu não fosse extremamente intolerante com essa prática de a sociedade achar que o corpo alheio é alvo deliberação pública.

Já falei aqui que semana passada estive na nutricionista. Eu queria ir há tempo, mas com os efeitos do tratamento de acne tomei vergonha e botei a coisa em prática. Lá naquele consultório eu vi o quanto não tô bem com meu corpo. Primeiro, não me sentia à vontade para tirar o casaco. Depois, um certo mal-estar ao subir na balança. Mas o pior de tudo foi levantar a blusa para medir as circunferências da cintura, do quadril e da barriga (aquela pochetezinha que insiste em habitar meu ser). Mas eu tava ali pra isso, e só eu sei o quanto me custou fazê-lo. Ali, como eu desconfiava, estava todo o problema: desproporções bizarras e acúmulo de gorduras em regiões onde elas não deveriam estar. Conversamos a respeito, a consulta foi longa, vimos o tanto de hábito errado que eu precisava consertar, e eu saí de lá com a certeza de que não seria fácil, mas eu precisaria tentar.

Mas a parte mais difícil para mim não está no plano alimentar, e sim social. Está no julgo alheio. Está na colega que afirma categoricamente que você não precisa perder peso. E afirma como se você estivesse desprovido de suas faculdades mentais, incapaz de conceber o que é melhor para sua autoestima. Quem o faz não o vê como problema, é uma prática tão legítima! Quem o ouve muitas vezes acha legal, sente-se lisonjeada. A verdade é que, embora pareça grosseiro, se você não vê problema algum no corpo da colega, isso não lhe dá o direito de julgar se são reais ou imaginários os problemas que ela vê. Ela simplesmente o vê. Já parou pra pensar que cabe a cada um decidir sobe seu próprio corpo?

Como boa profissional, a nutricionista disse que eu já sou magra, quantitativamente falando, mas se desejava emagrecer, por razões estéticas, que era justo e legítimo. Disse-me um limite: abaixo daquele peso, poderia comprometer meu estado nutricional. Qualquer intervalo entre meu peso atual e o limite mínimo estava liberado, conforme minha vontade (eu queria perder 4 kg, só poderei perder 2 kg). E lá começamos a programar os próximos passos. Curiosamente, não ouvi nenhuma menção a virar "saco de osso", "alegria da sopa" ou a meu namorado perder o tesão porque "homem não é cachorro para comer osso". Também não me lembro nenhuma menção a "ficar anoréxica" (mudar hábitos alimentares, reduzir/cortar porcarias, fazer atividade física deixa as pessoas anoréxicas; bom mesmo é comer Mc oferta todo dia) ou "ficar com cara de doente". Pois bem, sem julgar minhas motivações, ela programou meus próximos 40 dias e quer me ver de volta - sem a barriguinha (essa que afirmam não existir e que é fruto da minha imaginação). Se vai dar certo, eu não sei. Só sei que estou disposta a mandar à m**** quem insistir em questionar minhas motivações. 


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