Tuesday, November 29, 2011

Não, você não o/a esqueceu

A história é sempre a mesma: o/a cara te larga e você fica na maior fossa, enquanto ele/ela está curtindo "essa tal liberdade"#piegasfeelings Bem, acho que todo ser humano adulto já passou por isso ao menos uma vez na vida, e a situação não é das mais agradáveis. Fato. Mas nada impede que você curta sua fossa com classe. Acredite: nada impede mesmo. Sei que, mesmo depois que passa a fase de não querer existir e volta a vontade de recuperar a dignidade, algo ainda não foi digerido. Trata-se apenas do mundo chamando para a vida real, o que não quer dizer que você o vá fazer com boa vontade. Mas precisa fazer, a sociedade tá aí pra te reprimir se você fica vegetando. Pois bem.

Aí vem a fase do "pintei o meu cabelo, me valorizei" e, com o perdão do trocadalho, é aí que as pessoas exageram nas tintas. Você volta pra vida real e mudar de ares (e de visual, para a mulher) é quase um caminho inevitável para a autoestima degradada. Depois vem a ressocialização. Frequentar lugares que há muito não frequentava, reencontrar velhos amigos e conhecer novos, tá tudo dentro do processo. E, claro, a sociedade está lá a postos para te cobrar uma "volta por cima" (que expressão cafuçu, meu pai!).

Mas com as redes sociais, a tal convivência com a perda afetiva ganhou uns traços, no mínimo, curiosos. Sabe o exagero nas tintas de que falei? A necessidade de mostrar a qualquer custo que superou, para a sociedade (que tanto cobra a superação) e PRINCIPALMENTE para o/a ex, cresceu exponencialmente nas redes sociais, prporcionando à audiência momentos simplesmente cômicos. É a fase do "baba baby, baby baba". O recém-magoado vai a todas as baladas do mundo com uma câmera na mão, ele é incapaz de ir comprar um big big na esquina sem a levar consigo e registrar aquele momento de "pura curtição". E subitamente ele entra numa felicidade insuportável, insuportável porque não convence ninguém. E começa a postar fotos de baladas, convites de baladas, a programaçãodo fim de semana, de declarar para a humanidade que sua vida se resume a curtir e, que, poxa, como você é feliz! E não convence ninguém. E, no fim das contas, o "baby" até baba, mas é de tanto rir (perdão do trocadalho de novo!).

Ninguém é de ferro, inclusive eu, e ficar magoada por muito tempo faz parte do processo. Admitir não é sinal de covardia, mas de honestidade, e isso não pressupõe ficar remoendo. Você está certo, procure os amigos e vá experimentar aqueles pequenos prazeres que - sejamos honestos - só os solteiros têm. Não há nada de condenável nisso. Mas não empurre sua "felicidade", forjada numa rede social com fotos e mensagens, goela abaixo. Isso, sim, é sinal de fraqueza. Porque, na medida em que você e preocupa em mostrar para o outro o quanto está bem, mostra o quanto ainda se preocupa com o outro. E não é pecado se preocupar com a opinião do outro, é humano, normal, mortal, mas fazê-lo de forma velada é no mínimo hipócrita.

Todo processo de desligamento tem começo, meio e fim. E o apagamento da imagem do outro, da perda, da falta, é gradual, até o momento em que se lida com naturalidade com as lembranças, separando as boas das ruins, reconhecendo os ganhos e as perdas e, sobretudo, que os novos ciclos serão melhores porque evoluímos. Quando chegamos numa rede social com a ideia fixa de mostrar para o outro o quanto estamos bem, tentamos pular etapas nesse processo e ficamos presos eternamente ao outro, ao que ele pensa e faz... e esquecemos de cuidar do mais importante: de nós. Resumindo: ficamos em looping entre o começo e meio, nunca chegamos ao fim.

Por isso, se eu pudesse dar um conselho a cada pessoa que vejo fazer isso - sim, porque quando se faz isso, é descarado, ACREDITEM -, diria que não pague tanto mico. As pessoas de fora - e provavelmente o/a ex - estão rindo da sua cara ou pior: tratando tudo isso com enorme indiferença. Porque esse ex já encontrou um novo caminho, tá em paz, fez a escolha dele. E, por mais duro que seja admitir isso, é necessário. E, principalmente, acreditar que chegará o seu momento de encontrar seu novo caminho. Mas para ele chegar é preciso que tudo esteja cicatrizado e bem-resolvido e isso requer paciência, não alvoroço, pressa, imediatismo. E nunca ficará bem-resolvido se você ficar vivendo à imagem do outro.

Se quiser mudar o visual, mude; se quiser relacionamentos sem compromisso, tenha; mas faça-o porque você quer, porque tá lhe causando bem-estar, não porque quer mostrar aos outros. Sei que as pressões da sociedade são grandes, mas faça o que faz por você, na medida do possível. "Pinte o cabelo e se valorize", mas não exagere nas tintas e não induza os outros a valorizá-lo/a polo que você não é. E abaixo o "baba, baby" nas redes sociais, porque se torna cômico e todo mundo baba, mas é de rir da sua cara. Sei que bom senso em excesso nos torna castradores, mas a ausência dele nos torna joselitos-sem-noção, que nos orkuts e facebooks da vida só servem para uma coisa: ser motivo de ironia e chacota para os outros. E isso, apesar da dureza das minhas opiniões, eu não desejo a ninguém.

2 comments:

Malthus de Queiroz said...

Botaste para foder, Maca. Gostei praca do texto. bjs

Macabea said...

Obrigada, Gatón. Todo mundo pode passar um perrengue desses com dignidade, né não?