Monday, September 26, 2011

Eternamente criança no céu dos gatinhos

Eram quatro filhotes, três branquinhos e um pretinho. Sexo, ainda não dava pra saber. A mãe, uma siamesa. O pai, quem sabe? Passadas duas semanas, começaram a abrir os olhinhos. Tinham um miado finhinho, estridente. A esta altura, os branquinhos já não eram branquinhos. Dois começavam a desenvover a coloração típica de siameses e um continuou branquinho com umas listras clarinhas... o que lhe rendeu o apelido de "tigre-de-bengala". Alguns dias depois, descobrimos que o tigre era, na verdade, uma tigresa. Eram dois meninos e duas meninas.

Chegou a hora de desmamar e histerectomizar a mãe. Os dois machinhos ganharam logo dono. A fêmea pretinha também. Sobrou apenas a tigresinha. A última a abrir os olhos, a andar e saltar, a mais calminha e sonolenta... A menos esperta. Mas a mãe sofreu tanto com a separação dos três filhotes que não tivemos coragem de tirar a única remanescente dela. A tigresinha se acostumou com a gente. Quando decidiu ficar esperta, ficou de vez. A esta altura, ela era nossa "lêndea". Porque era pequenininha, branquinha, curiosa e ágil. E linda. Trelava o dia inteiro.

Fizemos de tudo para a lêndea não arrumar uma família. Por nós, que já estávamos apegados, e por Chris, que queria ter seu único filhote ainda por perto. No fim da semana passada, decidimos ficar com ela. Tão linda! Todo dia eu desejava que ela fosse pra sempre uma criancinha, pra que continuasse curiosa, com o rabinho empinado, brincando com tudo que visse pela frente. Mamava e comia ração, a para o peito da mãe na hora em que bem quisesse, um sonho!

No último sábado, parei para tirar fotos dela brincando no sofá. Queria eternizar ela assim, criancinha, pequenininha para sempre, porque sabia em menos de um ano ela perderia o frescor de uma criancinha descobrindo o mundo. Mas a vida quis eternizá-la criancinha além das minhas fotos. Hoje pela manhã, a lêndea, "lelê", foi atropelada enquanto descobria a rua. Ela não vai completar dois meses no dia 08 de outubro, como seus irmãos. A menina que demorou a falar, a andar e a desmamar vai permanecer a criancinha dos meus sonhos no céu dos gatinhos.

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