Tuesday, August 02, 2011

Faxinão e TOC

Eu sempre reluto em fazer faxina no meu quarto. Mais ainda, em deixar outra pessoa o fazê-lo. Mas não pensem que reluto porque tenho preguiça, coisa e tal. É que a faxina me obriga a sair da zona de conforto (leia-se: enfrentar o TOC). Quem nunca ouviu falar em transtorno obsessivo-compulsivo, não é verdade? Porém, quando falamos em colecionismo, sempre pensamos na arte de colecionar. Mas o colecionismo que eu vou falar agora é bem menos legal que a arte de colecionar. Trata-se de um tipo de TOC que consiste na dificuldade de descartar objetos, mesmo que eles não tenham utilidade alguma, pelo simples desconforto que jogá-los fora proporciona. A gente cria um apego emocional nada a ver pelo objeto ou supõe precisar dele a qualqer momento no futuro... muito bizarro! E, por mais que tenhamos certeza de quão nonsense é guardar essas quinquilharias, é difícil jogar fora. Assim, vamos intocando, intocando, intocando... e toda vez que a gente se sente pressionado a decidir se joga fora ou segura, intoca mais pra não ver aquele objeto inútil ali. Pelo menos a mim incomoda ficar olhando pra um obeto sem utilidade que eu sei que poderia deixar o espaço livre pra outras coisas. E aí intoco mais e mais.

É por isso que a faxina, pra mim, é o estranho incômodo de sair da zona de conforto. No faxinão dessa semana, que se estendeu por mais de um dia, dei uma porção de roupas e sapatos e decidi esvaziar a parte de cima do guarda-roupa: bolsas de pelúcia, caixas de placas-mãe, de vídeo e de modem de um computador que nem funciona mais, bijouterias que não usava há mais de cinco anos, uma caixa cheia de batons vencidos, caixas de presentes velhos, camisetas da escola onde cursei ensino médio, etc. Parece ridículo? Ninguém tem noção de o quanto me sinto ridícula guardando essas coisas e o quanto é difícil decidir jogá-las fora. Mas, aviso aos obsessivos-compulsivos: vencida a angústia de decidir jogar fora ou não, quando jogamos fora, dá um alívio enorme, vocês não têm noção.

Ah... se identificou? Não perca tempo, procure ajuda profissional, o TOC pode ser tratado com terapia cognitivo-comportamental e até medicamentos para diminuir a ansiedade.

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