Tuesday, May 29, 2007

Sobre as imitações

No meio da aula de Comportamento Organizacional, me deparo com a marca Prada numa etiqueta. Não me detive nos detalhes para ver se era de fato original. Isso, porém, me remeteu aos tempos de estudante de moda, mais precisamente a uma discussão surgida numa aula de Planejamento de Desenvolvimento de Coleção.

A professora sempre trazia consigo uma pasta de couro com uma etiqueta Prada. Um dia, conversando sobre cópias, ela disse que aquela pasta era uma imitação trazida de Nova York pelo irmão dela. Outra menina mostrou uma bolsa comprada em São Paulo, uma cópia impecável de uma Louis Vuitton. Ambas as cópias com material de qualidade, excelente acabamento, impecáveis nos detalhes.

O que leva, então, alguém que dispõe de todos os insumos para produzir algo de qualidade com marca própria a investir inteligência, mão-de-obra e matéria-prima em cópias? Cada cópia dessa custa muito mais que couros de boa qualidade, e se eles dispõem de toda uma infra-estrutura para lançar e posicionar uma boa marca no mercado por que despender esforço em cópias? Isso parece cretino do ponto-de-vista do marketing, embora haja muito mais fatores que ultrapassam essa análise simplista.

Será mesmo que Prada e Louis Vuitton são prejudicados com essas cópias? Será mesmo que o público a que essas peças se destinam precisam "economizar" adquirindo cópias? Será mesmo que esse público exigente se submete a usar cópias? Ora, não desprezemos o papel social da imitação. A cópia dá a inúmeras pessoas a oportunidade de consumirem algo o mais semelhante possível a um objeto de desejo inacessível (e, quando falo dessa oportunidade, falo de classes até bem-providas, afinal não é todo mundo que tem R$ 90 para dar numa cópia de Louis Vuitton).

O outro papel social da imitação é, inevitavelmente, admitir a superioridade de quem de fato é superior.

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