Friday, May 17, 2013

São 20h13, e eu não estou em Curitiba, mas em Olinda. Depois de uma aventura por esse bueiro que algum desavisado insistiu em chamar de cidade, conseguimos chegar em casa - às 14h.

Depois de anos tentando vencer a fobia de avião, aproveitei uma dessas promoções mirabolantes para passar um fim de semana com meu irmão, que mora há dez anos em outra cidade, mas que eu nunca tive coragem de visitar, seja porque vivo correndo, seja por causa da fobia. Mas hoje seria o dia, apenas um fim de semana para me desafogar de anos sem férias.

Nosso voo estava agendado para as 8h43, saímos de casa às 6h. Mas quando nos deparamos com os primeiros pontos de alagamento, pedimos para minha prima, que nos levava de carro, parar na estação de metrô mais próxima, de onde seguiríamos para o aeroporto. Mas as estações de metrô estavam alagadas, e tentamos chegar às estações Ipiranga e Mangueira, mas até o acesso de carro estava impossível. A única estação onde conseguimos entrar foi Santa Luzia, que fica numa região mais alta, portanto menos alagada. Pegamos um metrô até a estação Joana Bezerra, onde pegamos o metrô linha Sul. Da janela, víamos um Recife irreconhecível. A Mascarenhas de Moraes parecia uma cidade fantasma, sem carros no sentido centro-subúrbio, só água. A essa hora, agradecíamos por estar seguros no metrô e tínhamos praticamente certeza de que nosso voo atrasaria pelo mau tempo. Minha sobrinha, que nos encontraria no aeroporto, sequer conseguir afastar-se poucos metros de casa.

Ao chegarmos no terminal de integração, procuraríamos um ônibus ou táxi para o aeroporto, mas fomos aconhelhados a seguir a pé. Chegamos pouco mais de 10 minutos atrasados, perdemos o voo. Como se tratava de uma tarifa promocional, o reagendamento custaria mais de R$ 700, por cabeça. Não tive outra alternativa a não ser sentar e chorar. Liguei para meu irmão, disse que não iríamos mais. Um mês de expectativa frustrada. Liguei para minha sobrinha e disse que por segurança ela voltasse de onde estivesse. Não haveria mas jeito mesmo.


Mas quem acha que o problema acabou aí engana-se. Ficamos no Aeroporto fazendo hora e saímos próximo ao meio-dia para a estação de metrô. Mas o máximo que conseguimos foi nos deslocar de uma estação a outra. O metrô parou. Por sorte, era um terminal de integração, onde ficamos para tentar algum ônibus. Procuramos o que comer, mas não havia nada. Todas as lanchonetes, fiteiros, barraquinhas, etc. tinham sido esvaziadas, e o máximo que coneguimos foi duas cocas zero. A essa altura, fome e medo de não chegar em casa. As notícias que chegavam pela Internet eram as piores possíveis, e carregávamos duas malas pesadas e um peso ainda maior: o da nossa frustração. Só conseguimos chegar em casa às 14h e, apesar de toda a tristeza por não termos conseguido encontrar os nossos, sentíamos um alívio enorme.

Depois de comer, desabamos na cama e, ao acordar no fim da tarde, tinha uma ponta de esperança de que tivesse sido um pesadelo muito doido, causado pela minha fobia de avião. Mas não, a ficha ainda não caiu. Apenas penso que minha frustração é, dos males, o menor. Mas como será a noite de quem sequer tem onde dormir?

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