Tuesday, June 16, 2015

Maternidade voluntária?

Eis que do nada me deparo com este texto sobre maternidade voluntária. Eu leio zilhões de textos não acadêmicos sobre direitos reprodutivos, sigo muitas páginas de feminismo no Face e fatalmente esse tema circula pela minha TL inúmeras vezes por dia. Mas este especialmente me chamou atenção pela expressão maternidade voluntária, que me soou como um soco no estômago. Porque não, a maternidade não é voluntária, não há espaço para a maternidade voluntária na nossa sociedade, e esse incômodo que sinto está longe de se restringir à questão do aborto.

Explico: não quero ter filhos, mas não gostaria de algum dia na vida precisar praticar um aborto. Embora seja totalmente a favor do direito à interrupção, eu não gostaria de fazê-lo por motivações pessoais (mais precisamente, religiosas), que não cabem ao Estado. No entanto, não sou respaldada na minha escolha, e isso não se restringe ao aborto, mas à própria decisão de não ter um filho. Já perdi as contas de quantos médicos se recusam a implantar um DIU em mulheres que nunca pariram. O motivo? "Pode" causar uma pequena lesão no colo do útero, "podendo" impedir uma gestação futura. Então, diante dessa "possibilidade", não bastaria assinar um termo de consentimento (daqueles que a gente assina quando vai fazer exames que "podem" causar 94848595848 complicações bizarras)? Não, a mulher não é senhora do seu corpo, e como tal não pode assumir os riscos da decisão que toma. Esterilidade permanente também é outra condição que compete ao Estado. Minha mãe estava grávida de mim quando se deparou com a notícia de que ficaria viúva em pouco tempo. Então, ela estaria sozinha numa jornada que dura apenas a vida inteira, numa responsabilidade perene. Minha mãe pôs os consultórios abaixo pedindo para realizar uma laqueadura após o parto, demanda que os médicos recusavam porque ela "precisava ter no mínimo três filhos". Um gozadinho ainda teve o desaforo de dizer que ela estava cometendo crime de "lesa-pátria". Observem: ela "poderia" vir a casar novamente, ela "poderia" vir a querer ter outros filhos, mas o que deveria vir ao caso não deveria ser o que ela queria? Naquele momento, ela queria a esterilidade permanente. Mas o nosso querer não basta...

O discurso é sempre o mesmo: um dia você PODE vir a querer filhos. Como se não bastasse a crença de que a maternidade é o único curso de ação possível e imaginável na vida de uma mulher, ainda há a crença de que eu não posso decidir sobre meu corpo. Penso que se um dia uma mulher opta pela esterilização permanente e se arrepende, o peso desse arrependimento é algo que só compete a ela (e no máximo a seu companheiro). Então, por que o arbítrio não compete a ela? Sinceramente, até hoje não me foi dada uma explicação convincente.

Enquanto isso, mulheres que não desejam ter filhos seguem uma vida inteira tomando hormônios sintéticos e lidando com suas complicações (muitas vezes varridas para debaixo do tapete por grupos de interesse - que não são poucos). Que algumas mulheres optem pela pílula ou o preservativo (ou os dois) quando a não maternidade é uma condição provisória, quando em determinado momento desejam interromper essa condição e reproduzir, me parece absolutamente razoável. Mas quem assegura os direitos reprodutivos daquelas que vislumbram a não maternidade como uma condição permanente? A indústria farmacêutica, com seus hormônios sintéticos, de quem serão reféns até a menopausa, lucrando complicações vasculares, mastalgias, enxaquecas e os inúmeros efeitos colaterais das pílulas?

Não, a maternidade não é voluntária. E a não maternidade é uma condição subversiva pela qual muitas vezes pagamos com a nossa saúde ou mesmo com a nossa vida. Não venham me falar em maternidade voluntária quando a maioria das portas estão fechadas para nós.

Wednesday, February 04, 2015

Meu amigo "veadinho" e os bem-intencionados do nosso círculo social

O caso GogoJob me deixou bem feliz com a postura do portal (sobre ficar triste com a postura da agência, não me surpreendi, sou professora de Administração e trabalho há algum tempo com meus alunos as armadilhas dos discursos bonitos de "gestão de pessoas"). Mas a discussão me trouxe a lembrança de uma situação que vivenciei ano passado. Num salão, tava eu lá conversando com uma das profissionais quando ela me contou que lá não havia um cabeleireiro gay porque o dono era evangélico e acreditava que admitir um profissional com esse perfil iria de encontro à sua religião.

E continuou: "O pior é que tem muita gente aqui que acha que ele tá certo, sabia?"
Eu, estarrecida: "Como assim?!"
Ela: "Quase batem em mim quando eu disse que queria ter um coleguinha 'veadinho', que adoraria ter um 'veadinho' aqui, esse ambiente de trabalho ficaria bem leve e engraçado. Eu queria um 'veadinho' aqui pra animar nossos dias"

Respirei fundo. Era só o que eu conseguia fazer naquele momento.

Esta talvez seja uma das formas mais bizarras de lidar com os LGBTs: como ferramenta, instrumento, meio pra qualquer coisa. Eu poderia dizer: "Amiga, não é bem assim, o seu coleguinha gay, se aqui trabalhasse, teria as mesmas funções que você, seria cabeleireiro/maquiador/esteticista, e não palhaço. Não tá aqui para 'animar' o dia de ninguém". A frase, apesar de "bem-intencionada", tem algo de perverso.

Nessa linha de pensamento "bem-intencionado" (nunca ouvi frase mais sábia do que "o inferno tá cheio de bem-intencionados"), lembrei da declaração de um conhecido que um dia quase me fez vomitar: "Eu não tenho nada contra gay. Eu acho ótimo que 'minha mulher' [ele deve ter comprado uma] tenha um amigo gay, porque aí ela não me perturba com os problemas dela. Quando ela vem me encher com os problemas, mando ela conversar com o amigo 'veado' dela, porque ele não corre o risco de comer ela mesmo...". Eu nem vou entrar no mérito da qualidade da relação que ele cultiva com a esposa dele (segundo meu bophe, pra esse tipo de homem, mulher é tão somente a parte da b*ceta que ele não come). Mas tratar o gay como um bichinho de pelúcia (porque nem bicho de estimação deve ser tratado dessa maneira) ou a Barbie da sua companheira é no mínimo estupidez.

Queria dizer que, se você acha que tá contribuindo para a dignidade do LGBT com esse tipo de postura, você tá fazendo isso errado, amigue. Sobretudo porque a dignidade dessas pessoas passa pela atitude simples que é vê-la como igual a você, olhar o ser humano antes da orientação sexual, e não o contrário. Isso parece muito óbvio, mas não entra na minha cabeça que em pleno século XXI saber com quem A ou B vai pra cama seja um critério para definir que papel aquele indivíduo vai ocupar na sociedade. Se mais intimidade tivesse, diria à moça do salão "Amiga, gay não é palhaço e não tá aqui pra te fazer rir, o nome do que você procura é 'cócegas', qualquer criança pode fazer isso por você". Ao conhecido, mandaria confiar mais no próprio pau. No dia em que meu bophe precisar que eu só me relacione com pessoas que não correm o risco de comer, eu mando ele procurar um psiquiatra, não uma companheira. Aliás, companheiro é tudo que o cidadão da história não é. Mas isso é outra - e longa - história...

Tuesday, December 02, 2014

Carta a Andressa

Andressa,

Não a conheço, no máximo devo ter ouvido seu nome nesses programas de fofoca que vivem de urubuzar a vida alheia. Mas foi com muito pesar que recebi a notícia de que você foi parar na UTI por um procedimento estético malsucedido. Foi com igual pesar que vi noss@s semelhantes lhe negarem solidariedade e ainda culpá-la pelo sofrimento pelo que tem passado e por uma única razão: porque você agiu movida por um tal "culto à estética", por isso merece um coma. Parece absurdo, não é?

Não sabia precisar se meu pesar era como cristã, como feminista, como pesquisadora ou simplesmente como ser humano. Mas é como mulher igual a você que me solidarizo e que estimo sinceramente suas melhoras, que você saia dessa, que você seja poupada de um fim trágico ou de uma sequela. Porque da língua ferina você não será, não está sendo poupada. Porque muitas de nossas semelhantes estão neste momento assinando embaixo de toda essa manifestação de preconceito e moralismo raso que só empobrecem nossos direitos.

Andressa, seu corpo é seu. E pouco me importa se "você ganha a vida mostrando a bunda", como li alguém bradar muito arrogantemente por aí. Isso não te faz menos humana, menos digna de solidariedade, menos dona do seu corpo. O que me entristece, para além da dor de sua família, é também saber que toda essa opacificação da solidariedade se justifica por uma crença profundamente arraigada: a de que o nosso corpo é um domínio público, sobre o qual gente que nunca nos viu na vida se acha no direito de opinar. Além disso, a estética é ao mesmo tempo cultuada e demonizada na nossa sociedade. É meio estranho entender porque as pessoas nos julgam se estamos fora do padrão e nos julga se tentamos aderir a um padrão. Como se não bastassem se acharem no direito de exercer um poder sobre nós, el@s nos fazem da maneira mais controversa possível.

Gostaria de lembrá-la de que as mesmas pessoas que vão ensinar aos seus filhos que eles devem ser felizes com a sua profissão e escolher um ofício que lhes dê realização também vão censurar a sua profissão. Muitos serão hipócritas ao se deleitar com a imagem de seu corpo numa revista ao mesmo tempo que a censuram pelo oficio que escolheu. Por fim, gostaria de dizer que desejo não só suas melhoras, como que você fique boa, sem sequelas inclusive estética, porque desejo que você seja feliz e bem-resolvida com seu espelho, que você cultive (ou cultue) sua beleza dentro do padrão que você escolheu, porque - nunca é demais lembrar - seu corpo é seu!

Não por acaso, a música dos Titãs "O Pulso" cita hipocrisia como doença. Por isso, desejo melhoras. Não só a você, pelo seu estado físico, mas à nossa sociedade, por essa mazela, que já se enraizou.

Macabea



Sunday, November 02, 2014

A vida aos olhos de um pessimista

Sou pessimista. Sempre fui. Não sei precisar se pessimista de nascença ou de vivência, mas pessimista. Convicta. E, acredite, não vejo problema nisso. Não acho um defeito, a menos pelos outros. É isso. Sabe aquela história de que o problema são os outros. No caso de um pessimista, isso é a mais pura verdade. Não me levem a mal, mas o problema do pessimista são os outros (ou seria o grande Outro?). Não os outros você, minha mãe, meu amigo, colega de trabalho... não. Os outros no coletivo. Explico: não é fácil ser um pessimista. Aí você me diz que sou incoerente por ter dito há pouco que não via problema nisso. Pois é: eu não vejo, outros veem.

Não é fácil ser pessimista num mundo de otimistas. É duro porque eles parecem ingênuos e é duro porque eles não hesitam em recriminar quem ousa não acreditar nisso. Os otimistas também não têm culpa: somos socializados num mundo em que o fracasso é recriminado, a felicidade é perseguida (seja lá o que ela signifique, porque em cada sociedade ela significa algo distinto), tudo pode, deve, precisa dar certo, dar certo sempre. Então, ser otimista é padrão, ser pessimista é o desvio.

Eu não gosto de otimismo. Acho muito mais que ingênuo, acho conivência nossa com esse imperativo do sucesso absoluto, desumano com quem não é sempre bem-sucedido (ou seja, todo ser humano normal fora de uma rede social). Eu me sinto profundamente subestimada em minha capacidade de juntar duas premissas e elaborar uma conclusão quando um indivíduo me chega e diz "tudo vai dar certo" sem um argumento minimamente plausível que justifique essa crença. Isso me lembra aquela velha frase-feita (cujo autor desconheço, perdoem) de que todo otimista é um pessimista mal-informado. E que, para mim, faz todo o sentido.

Pois bem, aonde eu quero chegar com isso? Lugar nenhum. Apenas mostrar que o pessimismo é só mais uma forma de ver o mundo. Não vou ficar horas aqui divagando sobre o mapa cognitivo de um pessimista, apenas ressalvar que, como toda visão de mundo, esta é legítima. Portanto, parem de tratar o pessimismo como um mal a ser combativo e olhar o pessimista como um infeliz, a sua visão de mundo como uma sentença de infelicidade. Porque daqui, do meu cantinho, eu observo o otimista e todo o seu discurso de livro de autoajuda e me pergunto como esse indivíduo lida com a frustração. Se nós, pessimistas, lidamos melhor com ela? Não sei dizer. Apenas posso garantir que, em todas as nossas projeções, ela está ali, como uma real possibilidade. Se isso nos habilita a conviver melhor com ela, isso já é outra história...

Saturday, January 18, 2014

Antirrábica [des]humana

Certa vez, assisti na TV uns veterinários protestando contra a total ausência do Poder Público quanto às medidas de imunização contra a cinomose, uma doença que causa muito mais sofrimento.  ao canino do que a raiva. Segundo ele, os representantes do Poder Público alegava que a cinomose não era transmissível aos humanos, não representava um risco para nós e, por isso, não se imunizavam os cães. Fiquei chocada com tamanho antropocentrismo, com esse pressuposto ridículo de que nossos direitos estão acima dos direitos de quaisquer espécies.

Pois bem... esta semana, cheguei à universidade e fui recebida por uma gatinha que sempre está lá em frente ao centro onde estudo. Ela fica sob os cuidados de um senhor que vende lanches em frente ao prédio. Cheguei lá, falei com ela, ela miou para mim e fiquei alisando, enquanto ela passava a cabeça na minha mão. Num determinado momento, ela me mordeu com força, fazendo um corte meio profundo na minha mão. O senhor me informou que ela era vacinada, que não havia perigo. Mas as pessoas começaram a me botar terror dizendo que animais vacinados não desenvolviam a raiva, mas podiam transmiti-la e... bem, eles venceram: fui a um posto de saúde tomar vacina.

Foi nesse momento que me deparei com um discurso surreal. A médica disse que os animais da universidade eram um estresse na vida dela, pois estavam sempre fazendo vítimas. Que a federal era um caso de saúde pública, pois estava repleta de animais por toda parte atacando pessoas (pensei que ela estivesse falando de hooligans, mas não, era de animais). Que o "pessoal da defesa de animais" fazia "um trabalho muito bonito", mas que eles não sabiam do risco que aquele tanto de cães e gatos soltos por aí blá bá blá Que já tinha mandado a carrocinha ir lá na universidade uma vez recolher certa cadela, mas que os professores e alunos fizeram um paredão e impediram (ufa!).

Então, disse que o ideal seria chamar a carrocinha para recolher a gata. Disse-lhe que a gata estava todo dia no centro onde estudo, que eu podia observá-la todo dia sem a submeter a nenhum tipo de sofrimento. Ela então pediu que eu levasse a gata para minha casa e a observasse. Disse-lhe que ela ficava sob a responsabilidade de um senhor, que ele é muito apegado a ela (e ela a ele), que a gata sentiria falta do cantinho dela (na árvore onde ficam sua água e ração).

Saí de lá com ódio dessa médica. Ela dizia aquele horror todo como se estivesse falando a coisa mais normal do mundo, como se a carrocinha fosse uma coisa boa, como se colocar a nossa saúde acima dos direitos dos animais fosse algo justo e legítimo. Saí de lá com nojo de todo esse discurso. Cheguei à universidade, conversei com o dono da gatinha, ele me disse que ela passava a noite na universidade sozinha, mas que durante o dia estava sempre lá, sob os cuidados dele. Que ela estava vacinada e com toda a documentação em dia. Que uma veterinária voluntária lá da universidade rural prestava assistência à gatinha, ia sempre lá, vacinava, cuidava... aquilo me deu um alívio: o mundo não é só feito de egoístas.

Quanto à minha mão, tomei antirrábica "humana", amanhã tenho a segunda dose, e todo o grande infortúnio será passar quinze dias sem beber (depois dos cinco meses de celibato pós-isotretinoína). Infortúnio pouco para punir uma pobre gatinha com um destino tão [des]humano.

Friday, September 27, 2013

Terceiro mês: coisas estranhas acontecem

Ontem comecei o terceiro mês, e logo no início da semana marquei uma consulta com o dermatologista. É que no sábado me apareceram manchas vermelhas na pele, que pareciam uma rubéola. Foi para na emergência, onde uma médica supercompetente (SQN) disse que eu tinha brotoejas. Meu namorado me alertou para o fato de que as manchas apareceram após um rodízio de massas e que aquilo poderia ser uma reação aos queijos, embutidos, etc. O fato é que o fígado anda sobrecarregado e precisa de carinho, né?

Precisei aguardar a segunda-feira, já que a competente da emergência sequer solicitou uma coleta de sangue pra ver a quantas andava meu fígado. E, sim, eu avisei a ela do tratamento. Na segunda cedinho, fiz os exames de sangue e tratei de conseguir um encaixe com o dermatologista. Para meu alívio, todo certo com o figadinho, o colesterol já esboçou melhora, os primeiros resultados do acompanhamento nutricional já aparecem...

Quanto à pele, ele disse que era uma intoxicação alimentar, que se agravou porque a pele está muito ressecada. Me passou um hidratante e disse que o tratamento estava dando resultados excelentes. Perguntei a ele porque não ocorreu a fase a piora na minha pele. Sério mesmo: em todo esse período, tive apenas três espinhas, sendo duas no rosto e uma no colo. Ele disse que só 30% das pessoas tinham essa piora. Oi? Não entendi nada. Todo mundo que conheço relata esse tipo de reação.

Pois bem, eis que na terça apareceu uma espinha abaixo do lábio e hoje apareceu outra no queixo. Pequenas e tal, mas apareceram... Às vezes tenho a sensação de que toda vez haverá espinhas na segunda metade do ciclo menstrual, mesmo depois do tratamento.

O que estou sentindo é que em algumas regiões do rosto tá tudo áspero. Não sei explicar o que é, mas dá uma agonia quando vou lavar o rosto. Eu imagino que seja aquela fase em que a pele cai todinha pra nascer uma novinha e acetinada.

A ansiedade pelo término só aumenta. Até agora, não tive nenhum daqueles efeitos colaterais bizarros, só me incomoda o lábio mesmo. Mas são pequenas coisinhas de ordem estética e prática que me incomodam:
- Dirigir no sol é um saco, mas não posso usar óculos escuros, já que não posso usar lentes de contato.
- A faltas das lentes é algo muito desagradável, porque às vezes quero sair bonitinha. Também odeio fazer ballet de óculos.
- Eu amo batom matte, mas tentei usar um e consegui ficar no máximo alguns segundos. Aliás, quem tem substituído balm por batom tem minha admiração, porque eu não consigo. Tem que ser balm e potente! Nívea ou aqueles bonitinhos da Quem Disse Berenice? são sugados pela pele em questão de minutos.

No mais, tudo indo. Honestamente, o grande efeito colateral que tenho sentido é financeiro. Até agora, já se foram duas bisnagas de filtro solar, dois bastões de balm, três potes de hidratante, dois de lágrima artificial e uma bisnaga de creme para a região dos olhos.

Monday, September 09, 2013

Meu corpo é só meu (pelo direito de fazer - ou não - uma dieta)

Muito se discute sobre a ditadura da magreza: ela é perversa, impõe um padrão difícil de ser atingido, desmerece quem tá fora desse padrão (que por acaso é maioria), cria patologias (ana, mia e suas coleguinhas do mal) e zzZzZzzzZZzz... so so boring. O que parece legítimo é o direito de dar pitaco (em casos extremos até arbitrar) sobre o corpo alheio, mais comumente o feminino.


Por que decidi falar a respeito? Bem, poderia dizer que não tenho problemas nesse sentido se eu não fosse extremamente intolerante com essa prática de a sociedade achar que o corpo alheio é alvo deliberação pública.

Já falei aqui que semana passada estive na nutricionista. Eu queria ir há tempo, mas com os efeitos do tratamento de acne tomei vergonha e botei a coisa em prática. Lá naquele consultório eu vi o quanto não tô bem com meu corpo. Primeiro, não me sentia à vontade para tirar o casaco. Depois, um certo mal-estar ao subir na balança. Mas o pior de tudo foi levantar a blusa para medir as circunferências da cintura, do quadril e da barriga (aquela pochetezinha que insiste em habitar meu ser). Mas eu tava ali pra isso, e só eu sei o quanto me custou fazê-lo. Ali, como eu desconfiava, estava todo o problema: desproporções bizarras e acúmulo de gorduras em regiões onde elas não deveriam estar. Conversamos a respeito, a consulta foi longa, vimos o tanto de hábito errado que eu precisava consertar, e eu saí de lá com a certeza de que não seria fácil, mas eu precisaria tentar.

Mas a parte mais difícil para mim não está no plano alimentar, e sim social. Está no julgo alheio. Está na colega que afirma categoricamente que você não precisa perder peso. E afirma como se você estivesse desprovido de suas faculdades mentais, incapaz de conceber o que é melhor para sua autoestima. Quem o faz não o vê como problema, é uma prática tão legítima! Quem o ouve muitas vezes acha legal, sente-se lisonjeada. A verdade é que, embora pareça grosseiro, se você não vê problema algum no corpo da colega, isso não lhe dá o direito de julgar se são reais ou imaginários os problemas que ela vê. Ela simplesmente o vê. Já parou pra pensar que cabe a cada um decidir sobe seu próprio corpo?

Como boa profissional, a nutricionista disse que eu já sou magra, quantitativamente falando, mas se desejava emagrecer, por razões estéticas, que era justo e legítimo. Disse-me um limite: abaixo daquele peso, poderia comprometer meu estado nutricional. Qualquer intervalo entre meu peso atual e o limite mínimo estava liberado, conforme minha vontade (eu queria perder 4 kg, só poderei perder 2 kg). E lá começamos a programar os próximos passos. Curiosamente, não ouvi nenhuma menção a virar "saco de osso", "alegria da sopa" ou a meu namorado perder o tesão porque "homem não é cachorro para comer osso". Também não me lembro nenhuma menção a "ficar anoréxica" (mudar hábitos alimentares, reduzir/cortar porcarias, fazer atividade física deixa as pessoas anoréxicas; bom mesmo é comer Mc oferta todo dia) ou "ficar com cara de doente". Pois bem, sem julgar minhas motivações, ela programou meus próximos 40 dias e quer me ver de volta - sem a barriguinha (essa que afirmam não existir e que é fruto da minha imaginação). Se vai dar certo, eu não sei. Só sei que estou disposta a mandar à m**** quem insistir em questionar minhas motivações. 


Wednesday, September 04, 2013

35º dia para a frente: retrocesso?

Entrei no segundo mês do tratamento com uma sensação estranha: parece que houve um retrocesso. No 35º dia, notei que minha pele amanheceu oleosa. Estranho, pois não esqueci de tomar o remédio nem de fazer todas as coisas nos conformes. De lá para cá, não que meu rosto tenha virado um ovo frito, mas a quantidade de cravos que havia no nariz, que tinha reduzido, e repente e multiplicou. Daí quando eu saio do banho quente e olho no espelho, eles parecem pular pra fora do rosto. Mas não dá pra espremer, pois qualquer toquezinho deixa marca na minha pele. O surgimento de "crecas" pelos braços e pernas parou quando reduziu a coceira. Também do pescoço para baixo, minha pele reduziu o ressecamento. É como se, de repente, eu tivesse parado de tomar o remédio.

Mas o que me intriga mais é a questão do surgimento de espinhas no início do tratamento. Já passei do 40º dia e até agora nasceram duas espinhas no rosto e uma no colo. E nasceram bem no comecinho. Até a nutricionista se surpreendeu porque ainda não passei pela fase tosca de botar tudo pra fora. Não sei se é porque estava passando tretinoína no rosto antes de começar o tratamento e fazia pouco tempo que a tosquice facial tinha acontecido. Vai ver que já tô limpa. Mas sei lá: quase todo mundo que toma a decisão de tomar isotretinoína sai de uma longa história mal-resolvida de uso de ácido. Eu queria muito que não nascessem, que minha pele virasse um pêssego e prio, porque a cicatrização é péssima com esse remédio e tudo que aparece vira uma mancha rosca tosca. (Desconfio que no fim do tratamento terei de mergulhar numa piscina de hidroquinona pra apagar esse tanto de cicatriz.)

Na semana passada, visitei a nutricionista. Fui por insistência, porque o dermatologista achou normal o LDL ter subido pra 141, mas eu prefiro prevenir infortúnios. Ela achou precipitado entrar numa substância tão pesada sem antes rever alguns hábitos nutricionais, mas enfim... cada profissional vê o fenômeno sob o ângulo da sua formação, digo isso todo dia pros meus alunos: "toda visão de mundo é parcial, galera". Ela cortou o leite da minha alimentação, pois disse que o leite desnatado é hiperandrogênico, logo pode estar relacionado ao surgimento de hirsutismo e acne (coisas que me acompanham desde a adolescência, já levei até nome de mulher barbada). Ela disse que, quando tomamos isotretinoína, precisamos ter o cuidado redobrado com o intestino, pois se a eliminação não se der corretamente você pode reabsorver substâncias muito tóxicas que ficam retidos. Daí o remédio pode causar constipação (assim diz a bula) e, para alguém que já sofria do mal (como eu), isso pode causar danos ao fígado e ao intestino.

Ela não propôs dieta, não cortou alimento algum (além do leite desnatado), mas disse que eu precisava tratar o intestino o quanto antes. Os derivados de leite foram liberados (nem preciso dizer que é com moderação - tudo que se come deve ser com moderação), pois ela disse que a bronca mesmo é o soro. Estou no meu terceiro dia sem leite e prestes a endoidar (foram 31 anos ingerindo uma média de 1l/dia), mas nos próximos exames vou ver o que os resultados me dizem.





Friday, August 23, 2013

Dias difíceis à vista

Os primeiros indícios de que o tratamento será doloroso começaram a aparecer. Os lábios, que eram apenas ressecados, começaram a arder. Foi meio que do nada. Fui dar aula na manhã de sábado, larguei ao meio-dia e, depois de um cochilo pós-almoço (com Epidrat nos lábios, claro), acordei com eles ardendo. Quando olhei no espelho, vi que tinha umas pequenas bolhinhas vermelhas, semelhantes a uma rubéola, e entrei em pânico. É que, independentemente do tratamento, sofro muito com aftas e lesões nessas mucosas e já cheguei a ter 33 aftas ao mesmo tempo. Nesse dia, perdi o bloqueio com gosto/cheiro/textora horríveis do bepantol e passei nos lábios antes de dormir.

Acordei melhor da ardência e sentindo menos atritos das bolhinhas ao passar um lábio no outro. Mas elas continuaram ali, só que discretas. Com o passar dos dias, elas estavam lá, mas sem incomodar muito. Justamente na quarta-feira, parece que elas só esperaram o fim da minha consulta com o dermatologista para pipocar de vez. De lá até hoje, minha boca está praticamente na carne viva. E, pelo que eu li nos blogs da vida, a tendência é piorar. Isso simplesmente me desespera, porque, sério, incomoda muito. Tenho dormido de Bepantol (porque usar aquilo durante o dia não rola), mas durante o dia me viro com o Epidrat. Descobri uma coisa que acalma a pele um pouco. Tiro o balm com um guardanapo/lenço de papel macio e passo um algodão umedecido com água bem gelada. Dá um alívio passageiro e a pele respira um pouco do excesso de balm.

Hoje também senti que meu humor tá meio irritável. Não sei se posso atribuir ao remédio, já que tenho uma discreta TPM. Bem discreta mesmo, de modo que às vezes nem percebo. Daí não dá pra dizer que é o remédio.

O alerta do meu namorado começa a vir à tona: ele sempre me dizia que tinha medo de quando começasse aquela fase do tratamento em que você vira baranga porque presumia que isso pesasse mais no meu emocional que os efeitos físicos. Ontem os primeiros sinais apareceram, e a ficha caiu quando tentei beijá-lo e não consegui porque os lábios ardiam. Meus cabelos estão uma palha e, se antes eu ainda arriscava um batonzinho por cima do balm, agora nem isso. Ando por aí de cara lavada e cabelo ressecado. Daí quando você se lembra que a tendência é piorar, dá um desânimo.

Wednesday, August 21, 2013

Encerrando o primeiro mês

O primeiro mês de isotretinoína encerra amanhã, e minha visita ao dermatologista foi hoje. Mas o grande susto mesmo foi semana passada: embora estivesse dentro do previsto, meu colesterol LDL subiu muito! De 104 (que já não andava essas coisas todas), foi para 141. O triglicerídeo, que eu esperava aumentar, permaneceu lyndo, e meu fígado anda um amor. Mas, convenhamos, né? Vindo de uma família com histórico de problemas vasculares, eu deveria querer um LDL abaixo de 50 pra garantir a integridade dos meus membros.

Pois bem: meu dermatologista, apesar de muito atencioso, não julgou necessário prescrever dieta, mas, diante da minha apreensão, me encaminhou à nutricionista. Melhor assim. Relatei-lhe um ganho de peso nos primeiros dias, mas na última semana me pesei duas vezes e voltei aos 48 kg. Resumindo: não sei se foi o remédio ou o fato de eu ser raceada com sanfona (sim, eu sou). O fato é que, se eu passar dos 50 kg, meu tratamento passará a ser de 6 meses, então tenho mais um bom motivo para perseguir meus desejados 44 kg. Nutricionista, aí vou eu!

Sei que o primeiro mês é muito cedo para dizer qualquer coisa, mas estranhei não ter aparecido aquelas espinha mutantes que todo mundo tem em começo de tratamento. Não sei se porque o tratamento foi logo após um tratamento com ácido (que já tinha se encarregado de expulsar um mói de porcaria), mas só apareceram três espinhas, e só uma grande. Já meus cravos se multiplicaram de um jeito que, quando eu sorria, eles meio que brotavam do queixo, algo meio nojento. E agora sinto o rosto mais liso quando eu vou lavar.

Vamos ao desagradável da história (fora estar há um mês sem beber): parece que nada cicatriza em mim. Pra se ter uma ideia, coletei sangue para exames na última sexta e até agora o furinho do braço não cicatrizou, bem como as espinhas que nasceram no começo do tratamento, que ainda formam aquelas cascas secas. Fico até com medo de tirar bife na unha e dos calos da sapatilha de ponta, porque chega uma hora em que você não reconhece seu corpo. Minha boca ressecou tanto que venci o bloqueio e dormi com bepantol nos lábios. E vou dizer, viu? Aquilo só pode ser invenção divina! O que dá conta mesmo é Epidrat durante o dia e Bepantol durante a noite. Ontem no banho, senti uma queda maior que o habitual dos meus cabelos. Fora que estão uma palha, nunca os vi tão ressecados.

O médico disse que tudo isso era normal e que estava satisfeitíssimo com a desobstrução dos meus poros, que o resultado tava sendo bom e rápido. Eu mesma olho no espelho e não reconheço a pele que vejo, tão aveludada que nem parece eu. Lógico que meu receio é terminar o tratamento e não vencer a acne, afinal na minha idade a coisa é bem mais tensa, e a probabilidade de isso acontecer infelizmente é alta. Mas eu precisava tentar, né?


Sunday, August 04, 2013

Utilidade pública

Se alguém um dia teve saco de ler esse blog em continuidade, há de saber que em alguns momentos na minha luta contra a acne eu cogitei tomar isotretinoína oral e dei para trás. Hoje, convencida de que tudo o que eu poderia ter tentado com ácidos, antibióticos e até pílulas contraceptivas já foi feito, tomei um surto de coragem e decidi tentar o famigerado Roacutan. Essa decisão contou com a colaboração, entre outros, da nossa adorável Web 2.0 e seu conteúdo colaborativo, que são o céu e o inferno das potencialidades da Web. Explicando: muitas meninas, quando começam a tomar esse medicamento, fazem uma espécie de diário de bordo, já que o tratamento é longo, e os efeitos colaterais desanimam. Isso é muito muito importante para quem vai começar o tratamento entender o que acontece em seu corpo, já que as visitas ao dermatologistas costumam ser mensais e os efeitos colaterais, diários.

Quando comecei a tomar, me senti no dever de retribuir essa contribuição. Lógico, este blog é um diário pessoal, pouco divulgado, mas como muitas pessoas, ao cogitarem o tratamento, buscam relator usando o Google, vou criar uma tag para facilitar. No entanto, meu tempo é muito curtinho, e não dá mesmo para fazer um diário de bordo, como os usuários fazem. Então vou tentar comigo mesmo o compromisso de pelo menos uma semana contribuir. Será uma tentativa, nem sempre terei tempo ;)

Comecei o tratamento no dia 24 de julho, logo são 12 dias. Ainda tá muito cedo para dizer qualquer coisa. Logo nos primeiros dias, apareceu uma espinha gigantesca e cheia de pus no meu queixo, e me pareceu efeito do remédio, pois não costumo ter espinhas gigantes. Elas são frequentes, mas médias. Nos dias que se seguiram, mais uma espinha nasceu ao lado dela e prio! Já os cravos parecem ter se multiplicado. Meu namorado disse que nunca viu minhas costas com tantos cravos. Hoje no banho percebi que meu colo tá esboçando umas espinhas pequenas, mas no rosto, por ora, a coisa tá normal, apenas a pele mais sequinha do que de costume.

O sol, que nunca me incomodou, tem causado certo incômodo. Sou uma das poucas branquelas que não têm o menor problema com o sol, sequer usava filtro (sei, sou irresponsável). Hoje não não consigo sair de casa sem ele, sobretudo dirigir. O dermatologista me advertiu que o mal-estar maior seria com os lábios e, de fato, não fosse por ele eu nem me lembraria que tomo Roacutan. Como sou respiradora bucal, sofro muito com ressecamento, mesmo sem tratamento. O outro aspecto é que quaisquer estresses atingem minhas mucosas: lábios racham e fico cheia de aftas. Comecei o tratamento bem na semana de fechamento de artigos, aí já viu... Desde que comecei, tenho usado Epidrat desde sempre. O Eucerin, que eu já usava, começou a não dar vencimento. Também comprei um balm cheirosinho e coloridinho da Quem disse, Berenice? para tirar o pálido dos lábios, mas parece que o lábio suga ele em questão de minutos, tem que ficar retocando.

Desconfio que os lábios ainda vão me dar muito estresse. O médico já me advertiu para a possibilidade de usar Bepantol quando ferisse (ai!) e, se nesse comecinho ele já tá assim, imagine quando começar a judiação! Ao lado do nariz, um leve rachadinho, que ainda não chega a doer.

Sobre a dieta, não sei se sou sugestionável, mas já me senti mais gordinha essa semana. Aí fui me pesar e deu 49,9, e fiquei em pânico porque um quilo em uma semana é muita coisa pra alguém com minha humilde estatura. Aí me lembraram que eu tinha acabado de comer (muito!). O chato é que tenho comido muito com essa ansiedade, e muita besteira. E não sou mais nenhuma menina, logo esse negócio de colesterol precisa estar muito controlado.

Na última terça, tive uma dor de cabeça insuportável que cheguei a chorar, continuou na quarta e na sexta tive novamente. Aí fiquei com medo de que fosse o remédio e tal, mas como tenho muita enxaqueca durante a TPM optei por esperar um pouco e ver como minhas dores se comportam ao longo do ciclo.

Por enquanto é isso. O corpo ainda acordando para o tratamento. Rezando para que seja o menos sofrido possível, que meu sofrimento se limite a ser passar cinco meses sem beber vinho :)


Friday, May 17, 2013

São 20h13, e eu não estou em Curitiba, mas em Olinda. Depois de uma aventura por esse bueiro que algum desavisado insistiu em chamar de cidade, conseguimos chegar em casa - às 14h.

Depois de anos tentando vencer a fobia de avião, aproveitei uma dessas promoções mirabolantes para passar um fim de semana com meu irmão, que mora há dez anos em outra cidade, mas que eu nunca tive coragem de visitar, seja porque vivo correndo, seja por causa da fobia. Mas hoje seria o dia, apenas um fim de semana para me desafogar de anos sem férias.

Nosso voo estava agendado para as 8h43, saímos de casa às 6h. Mas quando nos deparamos com os primeiros pontos de alagamento, pedimos para minha prima, que nos levava de carro, parar na estação de metrô mais próxima, de onde seguiríamos para o aeroporto. Mas as estações de metrô estavam alagadas, e tentamos chegar às estações Ipiranga e Mangueira, mas até o acesso de carro estava impossível. A única estação onde conseguimos entrar foi Santa Luzia, que fica numa região mais alta, portanto menos alagada. Pegamos um metrô até a estação Joana Bezerra, onde pegamos o metrô linha Sul. Da janela, víamos um Recife irreconhecível. A Mascarenhas de Moraes parecia uma cidade fantasma, sem carros no sentido centro-subúrbio, só água. A essa hora, agradecíamos por estar seguros no metrô e tínhamos praticamente certeza de que nosso voo atrasaria pelo mau tempo. Minha sobrinha, que nos encontraria no aeroporto, sequer conseguir afastar-se poucos metros de casa.

Ao chegarmos no terminal de integração, procuraríamos um ônibus ou táxi para o aeroporto, mas fomos aconhelhados a seguir a pé. Chegamos pouco mais de 10 minutos atrasados, perdemos o voo. Como se tratava de uma tarifa promocional, o reagendamento custaria mais de R$ 700, por cabeça. Não tive outra alternativa a não ser sentar e chorar. Liguei para meu irmão, disse que não iríamos mais. Um mês de expectativa frustrada. Liguei para minha sobrinha e disse que por segurança ela voltasse de onde estivesse. Não haveria mas jeito mesmo.


Mas quem acha que o problema acabou aí engana-se. Ficamos no Aeroporto fazendo hora e saímos próximo ao meio-dia para a estação de metrô. Mas o máximo que conseguimos foi nos deslocar de uma estação a outra. O metrô parou. Por sorte, era um terminal de integração, onde ficamos para tentar algum ônibus. Procuramos o que comer, mas não havia nada. Todas as lanchonetes, fiteiros, barraquinhas, etc. tinham sido esvaziadas, e o máximo que coneguimos foi duas cocas zero. A essa altura, fome e medo de não chegar em casa. As notícias que chegavam pela Internet eram as piores possíveis, e carregávamos duas malas pesadas e um peso ainda maior: o da nossa frustração. Só conseguimos chegar em casa às 14h e, apesar de toda a tristeza por não termos conseguido encontrar os nossos, sentíamos um alívio enorme.

Depois de comer, desabamos na cama e, ao acordar no fim da tarde, tinha uma ponta de esperança de que tivesse sido um pesadelo muito doido, causado pela minha fobia de avião. Mas não, a ficha ainda não caiu. Apenas penso que minha frustração é, dos males, o menor. Mas como será a noite de quem sequer tem onde dormir?

Friday, May 03, 2013

Os "machos" que envergonham a humanidade

Esta semana me deparei com uma postagem no Facebook, esta rede social que, assim como abre espaço para causas justas que outrora não tinham espaço, dá voz a idiotas como o(s) que compartilhou(aram) isto aqui, causando vergonha a qualquer ser humano com o mínimo de inteligência:


Na verdade, quem foi presenteado com essa pérola foi meu namorado, que falava ao telefone comigo e tomou um susto ao ver essa vergonha despontando em sua timeline. Já faz algum tempo que vejo pessoas defendendo ironicamente um movimento de "orgulho branco" ou "orgulho hétero". Sem apelar para a sensibilidade (é esperar muito desse tipo de "gente"), vou explicar bem direitinho, com o necessário detalhamento que essas pessoas, com sérias limitações cognitivas, requerem para entender que 2 + 2 = 4. Vamos lá: por que o orgulho branco ou hétero não faz sentido? Porque esse tipo de sentimento advém de camadas sociais historicamente discriminadas. Como todo mundo sabe (até os retardados que compartilharam isso), nem branco nem hétero sofreram discriminação, mas, basta pega um livro de história do ensino fundamental I (isso se essa gente souber ler), e verá que a discriminação dos negros é um processo que está na formação da sociedade brasileira, assim como a discriminação para com qualquer orientação sexual diferente da heterossexualidade é um fato que perdura por séculos e que ao longo dos anos foi respaldado por argumentos religiosos, históricos e até biológicos - todos, claro, recheados de inconsistências.

Assim, vou desconstruir a mensagem acima bem devagarinho, tentando descer ao nível intelectual de quem a construiu para me fazer compreender. "Se você ainda gosta de mulher" é o argumento mais estúpido dessa mensagem. Isso porque quem gosta de mulher não a coloca numa posição de submissão e objetificação como nesta foto; quem faz isso, no máximo, gosta de "comer mulher" (como li certa vez numa coluna), e isso qualquer jumento é capaz de fazer, com a vantagem de que ele tem dotes maiores que os seus (intelectuais, inclusive). Sobre a imagem da cerveja e a do churrasco, não questiono associarem isso à "macheza", já que as peças publicitárias o têm feito há anos e, para esse tipo de macho, peças publicitárias televisivas são a única fonte de informação que são capazes de processar (isso se não excederem 30'' ou não trouxerem mensagens mais elaboradas). Como você pode ver na foto, a relação de adição (sinalzinho de +, para ficar mais claro) entre cerveja, churrasco e mulher, colocam-nos no mesmo nível de importância. Isso parece contradizer a afirmação de que "gosta de mulher". Pelo que eu conheço dos casais homoafetivos, os parceiros não se referem ao outro como item de entretenimento, tão descartável como um prato de churrasco ou uma garrafa de cerveja.

Dia internacional, por sua vez, costuma remeter a algum fato célebre. As mulheres que têm o seu (sem distinção entre homo ou heterossexuais) o têm devido a um grupo de mulheres que morreram para que tenhamos os direitos que temos hoje. Não sei o que esse tipo de macho, que reivindica o direito do homem heterossexual, tem a oferecer às gerações futuras, e é com esse argumento que fecho minha desconstrução. "Unidos pela preservação da espécie" talvez seja o único argumento coerente dessa vergonha publicada. De fato, esse tipo de macho tem um forte senso de preservação, e preservam com maestria tudo aquilo que nossa sociedade precisa destruir para que se tenha o mínimo de evolução. Essa espécie a ser preservada é o que menos interessa à humanidade. É a espécie vergonhosa que se acha no direito de agredir um semelhante na sua simplesmente por ter orientação sexual distinta da sua, de tratar a sua companheira como um mero depósito do seu sêmen, de espalhar pela sociedade a intolerância e o egocentrismo, sentimentos estes que estão no cerne de praticamente todas as mazelas sociais que conhecemos.

No mais, só nos restaria rir desse tipo "humano". Restaria, se eles não causassem tanto mal à nossa sociedade.


Wednesday, March 27, 2013

O individualismo que segrega

Sou parte de uma família que hoje pertence ao seleto grupo rotulado de "classe C". No passado, éramos chamados de "pobres" mesmo. Como uma criança pobre (ops, classe C), não tive carro em casa. E passei a infância sonhando com o dia em que teria um, que minha mãe poderia comprar um e me levar aos lugares sem ter medo de andar por ruas perigosas e ficarmos em paradas desertas quando fôssemos ao aniversário de alguma coleguinha. Veio a adolescência e, não tendo chegado esse dia (percebendo também que não chegaria), passei a sonhar com o dia em que tivesse meu carro. O dia em que pudesse buscar minhas amigas em casa, sair sem depender de ninguém para voltar, levar minha mãe ao supermercado, à casa das amigas, ao shopping, etc. Achava que meu carro seria minha primeira aquisição ao começar a trabalhar, que tão logo me formasse, já teria um na garagem, etc.

Devo dizer que esse dia demorou um pouco a chegar: já trabalhava há cinco anos e era formada há dois quando finalmente pude comprar meu carro. E diferentemente daquele sentimento de sonho realizado, desejo satisfeito, a sensação foi mais de alívio. Comprara por necessidade. Fazia minha segunda graduação à noite, trabalhava nove horas diárias e morava longe tanto da universidade quanto do trabalho. A realidade foi bem diferente dos sonhos: descobri um trânsito caótico, ruas esburacadas e perigosas, tributos abusivos (que nem de longe se traduzem em melhorias nas nossas estradas), etc. E, entre pegar cinco ônibus por dia e enfrentar essa realidade, tava cada vez mais duro escolher o que era pior.

Por que estou contando tudo isso? Porque sei exatamente a relação que temos com nosso carro, sobretudo uma pessoa de "classe C", para quem ter um automóvel, até pouco tempo, era impensável. Sou muito feliz em ter conseguido comprar meu carrinho e poder ter e proporcionar o mínimo de bem-estar à minha família. Nosso carro é como uma extensão do nosso lar, onde não raro guardamos até nossas tralhas pessoais. E num momento em que temos tão pouco tempo para desfrutar a individualidade do nosso lar, nosso quarto, nosso espaço, é como se o carro nos proporcionasse pequenas pílulas disso.

Ocorre que, entre individualidade e individualismo, o que muda não são só sufixos, mas a maneira como o indivíduo vê a si a ao próximo. E  problema do trânsito reside exatamente nisso: o individualismo, mais que a individualidade, tem guiado as condutas. É por isso que a história do rodízio está causando tanta indignação aqui no Recife. Os argumentos contra têm mais buracos do que a cara do Bob Esponja, mas curiosamente todo mundo se agarra a essas poucas verdades convenientes para defender seu direito de não se separar do carro sob hipótese alguma, mesmo que seja pra ir ali na padaria, que fica a uma quadra da sua casa.

Realmente, o rodízio (ou seja lá qual nome João Braga queira dar a essa sandice) é lamentável e, se o que eu li pela rede for verdade, minha placa será impedida de circular justamente no único dia da semana em que eu preciso invariavelmente usar o carro, porque tenho pouco tempo para me deslocar de um compromisso a outro. Mas mais lamentável que isso é que o senso de coletividade seja imposto ao cidadão, goela abaixo - e, sendo imposto, sem lhe dar o direito de ponderar até que ponto seu direito vai e onde começa o dos outros.

Dessa forma, ninguém está cego a ponto de perceber que o trânsito no Recife tornou-se insuportável, nem retardado a ponto de não saber nossa corresponsabilidade sobre isso. Então vamo-nos agarrar a nossas pequenas e convenientes verdades. A primeira delas, "o transporte público não nos dá condições". Mentira? Não, o transporte público daqui é caro e um nojo em todos os aspectos! Mas, quando você pode comprar um carro, você abandona a questão assumindo que busão lotado não é mais problema seu? Ou vai pra rua brigar por um transporte público de qualidade, ocupar sei lá o quê, fazer esses protestos no qual os recifenses são especialistas? Você pega seu carrinho, e a partir desse dia transporte público não é mais problema seu. Mas a mobilidade continua sendo, meu caro amigo. E mais dia menos dia você de depara com a impossibilidade real de circular com seu carrinho novo, lindo e cheirosinho (diferente do PE-15/Boa Viagem), limitado a usar só duas marchas: primeira e ré. Então surge alguém, um salvador, um profete, e estabelece a solução mais idiota possível para um problema que, por sua vez, é resultado de nossa idiotice.

Acho curioso que as nossas classes mais esclarecidas e mais abastadas (que no geral são as mesmas pessoas) estejam ultimamente tão mais ativistas do que há alguns anos, brigado pelo que é justo brigar, ocupando isso e aquilo, reivindicando os direitos sobre o equipamento urbano, etc. Só acho curioso que, na pauta dessas discussões, pouco ou nada se veja no sentido de reivindicar melhores condições de transporte público: frota melhor, tarifas mais justas, segurança nos pontos e nos transportes mesmo, mais linhas, mais integrações, etc. E acreditem, não usuários de busão: isso é um problema grave que causa muito sofrimento a quem não tem outra escolha senão pegar um PE-15 lotado às 6h da manhã. Talvez porque transporte público ainda seja uma realidade muito distante dessas pessoas, que são justamente aquelas que têm voz e esclarecimento para se articular e lutar pelas coisas. 

Então, o que vai acontecer se essa sandice de rodízio prevalecer? Os mais abastados, mais uma vez, vão fugir à luta, assumindo que não se trata de uma luta deles, na medida em que podem ter mais de um veículo de placa diferente em casa. E assim darão seu jeitinho brasileiro. Já os menos abastados (classes C e D) vão ser obrigados a voltar para a realidade de sempre, o busão lotado, com a qual vão-se resignar porque já estão acostumados a isso. Será como um sonho legal do qual acordaram. Dessa forma, o rodízio não vai melhorar o trânsito, e permaneceremos na m**** de sempre. (Talvez a classe C se mobilize no sentido de poder adquirir mais de um carro e ampliar o círculo - as montadoras agradecem e haja redução de IPI e hora extra de domingo a domingo...).

A mim, cabe apenas lamentar. De apenas dois dias em que não uso ônibus, um deles terá de ser todo reorganizado, porque tenho menos de uma hora para me deslocar de uma cidade a outra. E faço isso com o pesar de ter sido prejudicada pelo individualismo alheio e, ao mesmo tempo, com a consciência tranquila de que só uso meu carro quando necessário. Porque é mais econômico, porque leio no ônibus, porque não tenho paciência de dirigir, porque nem sempre há onde estacionar... por essas e outras, prefiro lutar para que o ônibus torne-se um lugar melhor do que viver encapsulada no meu carro em meio a uma Agamenon Magalhães completamente parada. E, ao mesmo tempo, ter o direito de escolher quando usar meu carro, baseado na crença de que as pessoas têm bom senso e são capazes de escolher. Mas livre-arbítrio sem bom senso pode ser uma arma. E a ideia de jerico desse rodízio é a prova de que está cada vez mais difícil esperar algo de bom do ser humano.

Friday, March 22, 2013

O Facebook e a institucionalização da indireta

Você acha scarpin um sapato cafona, sua colega de faculdade não vive sem os seus. Na vida real, repleta de situações assim, é fácil evitar saias justas: basta não dar sua opinião - ainda que seja apenas sua opinião - na frente dela e pronto: tem-se um círculo social saudável e "amizades duradouras". Simples assim? Não, né? Não é à toa que a vida social é repleta de gafes, de gente que diz "tal nome é horroroso", e é surpreendido com a resposta "é o nome da minha mãe", coisas do tipo... É tão corriqueiros que o mal-estar das gafes não costuma durar mais que alguns minutos, e fica apenas a lembrança para render boas risadas.

E que tem o Facebook com isso? Penso eu que, numa mídia social onde cada perfil cadastra uma infinidade de perfis como "amigos", e na condição de "amigos" tais perfis podem ver o conteúdo que você posta, fica mais difícil filtrar o que se diz e evitar as tais "gafes". Até porque, entendo eu que, a partir do momento em que você opta por entrar numa rede social que o recebe com a pergunta "o que você está pensando?", deve estar preparado para ler o que o outro está pensando e para dizer o que está pensando também.

Nesse sentido, o Facebook está-nos impondo o árduo exercício de lidar com a diferença, exercício no qual eu não sou lá o melhor dos exemplos. Assumo publicamente que há pessoas com quem convivo na "vida real", que acho boas companhias, agradáveis e tal, mas cujos perfis no Face são insuportáveis. É aí que mora o problema: com a correria do dia a dia, e a convivência reduzida a encontros via Face, tentemos a não mais conseguir distinguir o ser humano do perfil. Nesse sentido, a maneira como cada um lida com a superexposição que a rede nos oportuniza chega a criar feudos na rede.

Por outro lado, diante da diversidade de perfis "amigos" que a rede nos proporciona, é praticamente possível responder à pergunda "o que você está pensando?" sem, inevitavelmente, pisar nos calos alheios. Se você compartilha uma tirinha sobre quem foografa comida pra pôr no Insta, logo vem uma de "fotógrafos gastronômicos" sente-se ofendida, e criam-se os rumores da tal "indireta". A milenar indireta ganha, na rede social, uma mania de perseguição. Lógico, não gratuitamente. Consigo identificar a léguas de distância casais trocando farpas sob a forma de posts no Face, pessoas desiludidas publicando suas indiretas para os(as) ex, etc. É inegável que o Face potencializa o alcance dessas coisas e torna pública a troca de farpas, já que as publicações chegam ao seu perfil sem que você precise correr atrás dela.

Por outro lado, o bombardeio das indiretas (que, ironicamente, serviu de inspiração para a fanpage "indiretas do bem": a rigor um contrassenso, mas com mensagens divertidas e bem-intencionadas - e indireta bem-intencionada é no mínimo inusitado) leva a rede a uma paranoia generalizada, a uma mania de perseguição constante. De modo que, muito embora todos saibam da impossibilidade de se agradarem gregos e troianos, nem sempre estão dispostos e serem identificadas com tirinhas, piadas, etc. Não que eu ache legítimo piadas envolvendo minorias, grupos discriminados, etc. Mas comecei a pensar no quanto isso era grave quando gostei de um comentários satirizando determinada atitude e fui quase que automaticamente compartilhar. De repente, um estalo: se eu compartilhar, pessoas daqui do perfil vão achar que é indireta e vou criar um mal-estar. Parei. Desisti. Mas fiquei até hoje ruminando o acontecido.

Como disse, não sou o melhor dos exemplos de boa convivência em rede social (tampouco fora dela). Sou adepta do "está na chuva, é para se molhar", o que no Facebook pode ser traduzido em: se está se expondo, esteja preparados para curtidas e trolladas. Não fique só esperando as curtidas e fica doidinho com as trolladas. É assim comigo, por que eu pouparia alguém? Nem de longe sou politicamente correta e, assim como no cara a cara, não tenho o menor pudor de falar o que penso. E não faço isso por impulso, faço de caso pensado mesmo. Não importa se tenho poucos amigos, vale mais saber que esses poucos confiam em mim e têm em mim a certeza de ouvir o que eu penso sempre, sem meias-palavras nem comentaziozinhos às escondidas. Logo, se sou assim na "vida real", com meus amigos de todas as horas, por que alguém haveria de pensar que seria diferente com colegas, vizinhos, conhecidos distantes, etc.?

Portanto, se gostar da tirinha, compartilho. Se determinada atitude me causa espasmo de rir, vou trollar. Posta foto até c*gando? Fique à vontade, mas esteja ciente de que superexposição dá à audiência o direito de comentar - para o bem ou para o mal. Assim como meus constantes acessos de acidez têm lá seus comentários desagradáveis. Mas a mania de perseguição, que faz com que qualquer comentário de reprovação ganhe contornos de "indireta", não passa de um individualismo exacerbado, de uma sensação de que todos os holofotes estão voltados para o cidadão a ponto de qualquer carapuça lhe servir. É assim que tornamos o Facebook um ambiente cada vez mais desagradável de conviver, uma rede "social" que perde cada vez mais o caráter de social no sentido de que não aproxima pessoas, mas faz com que o individualismo nosso de cada dia nos faça empurrar nossa rotina goela abaixo para nossos "amigos". E aí, amigo, vale a máxima: a gente só dá o que tem. Quem tem foto de balada dá foto de balada, quem tem mensagm de autoajuda dá mensagem de autoajuda, e quem tem acidez... bem, este último é o meu caso.

Saturday, February 16, 2013

A saga do blaser vermelho

Naquela loja de departamentos, tudo parecia muito entediante.  Entendam a gravidade do negócio: para uma pessoa consumista, estar numa loja de departamentos e passar mais de 10 minutos sem deparar com uma peça que faça seus olhinhos brilharem é no mínimo intrigante. Mas ali, tudo parecia mais do mesmo, e ela apenas buscava comprar algo de extrema necessidade. Queria um blaser. Era meio frio no trabalho, queria algo prático, pra usar só no ambiente de trabalho e tirar tão logo saísse. O blaser seria perfeito. Mas justo agora esse danado tinha de ser a moda da moda da moda, bombando por aí com cores exóticas e estampas fechação?

Enquanto se deparava com preços bizarros e acabamentos marromenos, deparou-se com uma arara cheia de remarcações. Havia quatro deles, um de poá e três vermelhos. Pegou primeiro o de poá, olhou o tamanho, era 48. Claro, por que haveriam de vender um blaser tão lindo por um preço de apenas dois dígitos? Olhou para os três vermelhos, já entediada. O primeiro era 48, o segundo era 48 e o terceiro... uma cidadã apareceu do nada e o tirou da arara. Ela pensou em voz alta: será que haveria algum tamanho 38? E a cidadã respondeu-lhe com ar de vitoriosa: "É exatamente este aqui". E foi embora com o blaser vermelho, lindo, bem-cortado, barato e...38.

Olhou enfurecida para a cidadã partindo com "seu" blaser. Maldisse a vida por não ter olhado a arara de trás pra frente e ter visto o 38 primeiro. Desejou que o danado não coubesse na intrometida, mas tudo em vão... a raiva não passava. Olhou para ela, flanando pela lojinha com o blaser vermelho na mão: a infeliz além de tudo era magra! Então sua mãe teve uma ideia brilhante: "Vamos segui-la até o provador, vai que não cabe nela". Desconsiderou, achou humilhante. Pegou suas humildes pecinhas - nada que fizesse seus olhos brilharem - e foi ao provador, consumida de mágoa. Até que ela percebe que a cidadã do blaser está na cabine ao lado. Provou tudo que tinha de provar, saiu e ficou à porta do provador, à espreita. Viu até quando a cidadã do blaser saiu da cabine e o mostrou à amiga: percebeu que ficou horroroso nela, que o comprimento da manga tava curtíssimo (o famoso "coronha") e que ela definitivamente não sabia usar aquele tipo de peça. Esperou até o último segundo, a infeliz praticamente criara raiz no provador.

Até que saiu com o blaser na mão e, em vez se seguir pro caixa, voltou para o setor. Ela não teve dúvida, seguiu a cidadã. A baranga entregou o blaser para a vendedora, que saiu pela loja com a peça na mão. Não havia dúvida, era hora de seguir a vendedora: abordou-a e perguntou do blaser, a vendedora disse-lhe que pertencia a uma cliente, mas que talvez a cliente não o levasse. Então havia uma ponta de esperança. Fez cera pela loja, circulou, circulou, abordou a vendedora novamente: nada nada. Segundo a vendedora, a incoveniente da cidadã ainda iria provar para decidir se levaria.

Foi então que ela percebeu: essa horrorosa estava lhe trollando. Percebera seu interesse pela peça e estava fazendo tortura psicológica. E que tortura! Do tipo que não se faz com consumista alguma. Da maior falta de humanidade. Foi então que desabafou com a vendedora: a feia de plantão não iria provar coisalguma, já tinha fixado residência no provador, e que sua paciência se esgotara. E dirigiu-se ao caixa. Mas não sem antes olhar para a cidadã, listar todos os seus "defeitos estéticos" mentalmente e desejar que o blaser ficasse muito, mas muito feio nela.

Pronto, ficou leve! Numa hora dessas, saber que há gente mais feia que você nesse mundo e, acima de tudo, praguejá-la, deixa qualquer mortal, por mais cristão que seja, mais leve.

Tuesday, January 15, 2013

Espanando os grãos microscópicos de machismo

Ultimamente tenho lido com frequência discussões em redes sociais questionando o hábito pouco saudável de a sociedade atribuir a culpa de violência sexual contra as mulheres... às próprias mulheres! Se isso soa absurdo para uma parcela ínfima da sociedade, podemos dizer que já estamos diante de um grande avanço. Mas, além da grande maioria que não enxerga o absurdo dessa acusação - infelizmente ainda é um fato -, é lamentável que grande número de pessoas que se dão ao trabalho de refletir sobre a questão só o façam movidos pelo repúdio a tais atos de barbárie, quando o machismo nos é esfregado violentamente na cara. Grande parte dessas pessoas ainda guardam seus grãos de machismo, tão ou mais prejudiciais do que aquilo que nos salta aos olhos, justamente por passar despercebido. Quer ver?

Um dos conceitos mais bizarros que conheço - que ainda é muito forte - é o tal do "cavalheirismo". Veja se faz algum sentido: eu aprendo desde criança, na escola, que devemos fazer o bem sem olhar a quem e, depois de "mocinha", aprendo a atrelar valores como solidariedade ou gentileza ao gênero? Ser gentil, de repente, torna-se uma obrigação do homem para com a mulher? O homem tem obrigação de me ajudar se me vê carregando peso além do que posso suportar, mas eu não posso fazer isso se estou com as mãos desocupadas e vejo um homem sobrecarregado diante de mim? Ah, entendo: para ele, me ajudar é uma obrigação (ele vai me mostrar o quanto é forte) e, para mim, ajudá-lo é uma opção (que pode até não ser bem-vista porque posso estar questionando sua "macheza" ao carregar peso). Não me soa coerente.

Para entender o quanto até pessoas mais esclarecidas guardam seus grãos de machismo, vou contar uma história que me marcou muito por me mostrar o quanto a sociedade está longe de enxergar que homens e mulheres são igualmente humanos: iguais em direitos, iguais em deveres.  Parece óbvio? Veja só isto.

Certa vez, arrumei um namorado. Morávamos bem distantes um do outro, uns 35 km. A primeira vez que marcamos de sair, ele me ligou e disse: "A que horas vou buscá-la?". Eu me espantei: "Na minha casa?". "Sim." "Não é necessário, está cedo, não há perigo em eu pegar um ônibus, me encontra no shopping, que é mais central. Na volta, você me leva em casa, porque aí, sim, é perigoso eu voltar sozinha." Ficou combinado assim, e assim foi instaurada a rotina. Muita gente me questionou a respeito, mas aleguei que não achava justo: éramos estagiários, vivíamos com pouquíssima grana (todo mundo sabe que bolsa de estágio não é nenhuma delícia). achava no mínimo injusto o cara comprometer boa parte da sua bolsa abastecendo o carro (diga-se de passagem dos pais) por comodismo meu. (E, sim, isso faz muita diferença no orçamento de quem vive de bolsa - experiência própria.)

Anos depois, estava eu concluindo minha primeira graduação. Imprimi as quatro vias da minha monografia para levá-las ao mesmo velho ponto de encontro (shopping), onde eu as encadernaria e nos encontraríamos para comer algo e dar um passeio. Estava um dia bem feio, chuvoso e saí de casa sob uma chuva torrencial carregando comigo o fruto de quase um ano de trabalho: as quatro vias do meu trabalho de conclusão. Nesse momento, eu esperava a mesma solidariedade que tive ao "poupá-lo" da "obrigação social de macho": ali, sim, era necessária uma carona, a chuva poderia danificar tudo. Mas a carona não me foi oferecida. E também não pedi.

Ao chegar em casa, comentei chateada com minha mãe o que tinha acontecido e a minha expectativa de que ele fosse me buscar em casa e poupasse meu trabalho da chuva. Minha mãe me repreendeu, disse que a culpa era minha, que eu o "tinha acostumado mal" ao ter "liberado" de vir me buscar, anos atrás, lá no comecinho. Agora, alegava ela, ele estava acomodado por minha culpa. Ele não me dava valor (como se eu fosse mercadoria e valorasse meu "uso"). Disse-lhe que não me arrependera um só momento de ter "liberado", que não tinha a menor vocação para princesinha e que agira de acordo com minha consciência. Que apenas esperava o mesmo dele: não "cavalheirismo", mas solidariedade. Qual a diferença entre os dois? Esta último é universal, ao passo que o primeiro foi socialmente construído para maquiar uma condição de dominação.

Se há "cavalheirismo", porque não há "damismo"? E se os dois existissem e fossem equivalentes, não estaríamos falando de "humanismo", a condição que nos faz semelhantes?

Apenas queria ressaltar que minha mãe, a despeito dos trinta anos (portanto, algumas gerações) que separam nossas idades, é uma pessoa muito esclarecida e de mente muito aberta. E não disse isso de forma alguma para me ofender, mas porque acreditava que tinha agido mal, movida por "essas ideias feministas". Ocorre que, pelo menos ali, não eram ideias feministas. Eram valores humanos. Porque enquanto atrelarmos a solidariedade (um valor universal, creio eu) a questões de gênero (portanto socialmente construídas), sempre teremos mulheres que, mesmo empregdas e remuneradas, acharão justo que as despesas recaiam sobre os homens. E isso, embora superficialmente e sob uma visão bem míope, pareça uma vantagem para nós, apenas reforça a nossa condição de bonequinhas de porcelana, de quem os homens podem cuidar ou proteger, mas a quem podem maltratar e violar quando julgarem conveniente. Afinal, cada um faz o que bem quer com os "objetos" que "possui".



Thursday, December 13, 2012

semana passada, fomos à ELETRO SHOPPING do riomar e compramos uma geladeira. foi-nos dado um prazo de 3 a 5 dias úteis. o vendedor advertiu que, por conta de um feitão, a possibilidade de o produto chegar antes do quinto dia útil era ínfima. achei bizarro o cara justificar o prazo com problemas de logística deles, mas okay, o prazo foi dado eu acatei. chegando ao fim do quinto dia útil, senti falta da entrega. a esta altura, minha cozinha já estava um caos, tudo desmontado e tirado do lugar para facilitar a remoção da antiga e a instalação da nova. nada feito. foi aí que peguei o cartão de visita do vendedor e vi que tinha apenas números de celulares dele, nenhum número fixo da loja. tentei ligar para ele, não consegui. tentei ligar para um tal de ALÔ ELETRO, uma espécie de sac, mas fiquei 15 minutos na linha e nada. até que, depois de tentar insistentemente, consegui falar com o vendedor. perguntei-lhe se tinha número fixo, e ele me disse que a loja NÃO TINHA NÚMERO FIXO! ele, muito gentilmente, falou que investigaria o atraso e iria providenciar uma solução. no dia seguinte (ontem), nada. liguei novamente, comecei minha saga ao telefone desde as 10h da manhã e nada. desta vez, não consegui falar pelos celulares do vendedor. foi aí que, já ao final da tarde, liguei para o ALÔ ELETRO determinada a esperar a gravação eterna. botei o telefone no ouvido como se não houvesse amanhã e comecei a preparar minhas aulas. fui atendida após QUASE MEIA HORA DE ESPERA ouvindo uma gravação. expliquei o caso à atendente e ela me disse que tinha feito uma solicitação e que o prazo era de SEIS DIAS ÚTEIS CONTADOS A PARTIR DE ENTÃO. oi? como assim eu ligo pra me queixar de um atraso na entrega e e me dão UM NOVO PRAZO, AINDA MAIS ABUSIVO, em vez de me dar prioridade? tem cabimento isso? disse-lhe que não aceitava o prazo, que queria meu eletrodoméstico para agora, afinal tinha pago à vista e pago o frete antecipado. ela então me pôs a esperar mais trezentos anos e disse que o prazo seria hoje, horário comercial. bom, chegadas as 16h30, já comecei a me preocupar e voltei a tentar ligar. a mesma novela mexicana. o celular do vendedor não dava sinal e, quando finalmente deu sinal, ele não me atendeu. tentei a primeira, tentei a segunda e nada. foi aí que mandei uma mensagem de texto dizendo que já que ele não me atenderia, eu iria lá pessoalmente. foi então que ele atendeu à minha terceira tentativa. disse que o gerente iria me ligar imadiatamente, em minutos, era só o tempo de ele passar meu CPF pra o cara. issi às 16h34. estamos chegando às 17h e não obtive resposta. o horário comercial está chegndo ao fim e até agora nenhum sinal da minha geladeira. minha casa, um verdadeiro caos, já que precisamos remover uma mesa embutida na parede para que o produto entre no cômodo.

ao me queixar com minha prima
, ela me contou que teve problemas semelhantes com a ELETRO SHOPPING e que precisou recorrer à justiça.

ou seja, se você está pensando em comprar um eletrodoméstico, ou qualquer coisa que venha a eventualmente necessitar um serviço de pós-venda, repensem e EVITEM A ELETRO SHOPPING. se possível, exclua como opção quando estiver pesquisando preços. isso porque, a diferença de preço de um mesmo produto entre uma loja e outra é insignificante, e por causa de vinte, trinta reais, você termina arrumando uma dor de cabeça que lhe custa ainda mais caro.


sei que fim de ano é comum o trabalhador juntar suas economias ou seu suado 13º salário e investir num eletrodoméstico, que vende feito água nessa época, mas aqui fica minha advertência.

Wednesday, November 14, 2012

Mais amor no cabelinho

Minha vida anda tão movimentada que as únicas novidades são quando minha baranguice chega ao ápice e procuro desesperadamente um produto novo pra ficar apresentável. E aí, se ele dá certo, comento aqui. Daqui a pouco vão pensar que isso é um bl[uó]g de beleza. Que meus amigo etilógrafos me chamem pra beber com mais frequência e me poupem do estigma.

Há alguns meses contei a saga dos meus cachos aqui. Pois bem, como boa desleixada que sou (leia-se: megaocupada), ao aparecerem os primeiros resultados parei de fazer a reposição. Na verdade, reduzi a frequência à medida que o bicho foi pegando mais no mestrado. Um dos itens da correria foi uma viagem a Petrolina para coletar dados. Lá tava muito quente e seco, o carro que alugamos não tinha ar e eu precisava lavar o cabelo várias vezes ao dia (isso pra cachos é um verdadeiro assassinato). Quando voltei, tinha um quilo de palhas plantado na minha cabeça. Uma moita. Respirei fundo e me determinei a arrumar um tempinho pra pôr a juba nos eixos. Eis que abro meu kit de RMC e percebo que o passo 2 (máscara) tava no fim. Mas duas aplicações e xau! E como rendeu, viu? Pois bem: precisava de mais creminho porque meus cachos desintegraram e os cabelos tavam uó.

A novidade é que em vez de comprar o vermelhinho, optei pelo lilás. Qual a diferença? O lilás reúne duas tecnologias em uma: a reposição de massa capilar e matização. Para quem faz luzes e vez por outra se depara com os cabelos ficando à la cantora de brega, adicionar pigmentos violeta para neutralizar o amarelo é uma necessidade. Mas o processo resseca bastante, e todo mundo que faz luzes se queixa que os produtos silver (esses que neutralizam o efeito amarelado) ressecam os cabelos.

Mas e eu faço luzes? Não. Meu louro é natural e escuro. Mas isso só até a altura da orelha, a partir de onde se segue um quilômetro de cabelo de cantora de brega, pelos motivos que já expliquei. E, gente, por mais que eu me sinta uma biscate com essa cabelo meio loiro-cinza-escuro-sóbrio-elegante e meio loiro-dourado-amarelado-gema-de-ovo-cafona-cantora-de-brega, é duro cortar meus cabelinhos tão longos. E já cansei de ouvir 90998988776 cabeleireiros dizendo que isso só neutralizaria com coloração. E mais dano no meu cabelo eu não aceito. Foi aí que decidi comprar o roxinho.

Gente, ele é bem roxo, bem consistente e rende que só. Apliquei só na parte amarela, porque fiquei com medo que isso chumbasse a parte natural e piorasse a situação. Quando terminei de aplicar, já era noite e não senti grandes diferenças no amarelão, embora minha mãe insistisse em me dizer que o contraste entre a raiz loira e o comprimento amarelo havia reduzido consideravelmente. Mesmo sem notar tanta diferença assim, achei que valeu a pena pela maciez no cabelo, parecia que eu tinha comprado um cabelo novo. E aí, hoje pela manhã, a grata surpresa: ao observar o cabelo ao reflexo do Sol, o amarelão reduziu bastante. Logo, a expectativa tá boa para as próximas aplicações. Satisfeita demais.

Ah, o preço? 55 cascalhos (só a máscara). Ainda tenho os outros itens do kit em casa.

Saturday, October 20, 2012

Diário de Campo

Não leia isto se você for cardiopata ou nervoso! E tire as crianças da sala: o relato possui imagens chocantes...

Tudo começou quando um grupo de estudantes rebeldes resolveu se reunir para comemorar o aniversário da colega num local profano, sem livros, sem e-mails, um artigo sequer... e o pior: com ÁLCOOL! Mentira, a ideia era fazer uma pesquisa de campo. No local, sol alto e pessoas falando senvergonhices pouco acadêmicas, mas superamos esse obstáculo em prol do nosso imbricamento. Chegamos a alguns achados científicos, quando Marcelinha encantou-se com uns "bons drinque" das colegas e, sob a má influência dessas moças, pediu um para ela. Mas não curtiu o "bons drinque" e com isso refutou a refutabilidade da teoria da geração espontânea. Explico:
Surgiram peixinhos coloridos no copo dela por geração espontânea. Alguns pesquisadores desavisados anteciparam que tinha nascido uma beta no copo dela, mas beta é um peixe pouco sofisticado para uma moça de fino trato. Como boa galerosa que sou, se fosse no meu copo teria nascido uma beta-vovô, mas deixo esa elucubração acadêmica para outra ocasião, quando discutiremos as implicações gerenciais desse achado, desde que o objeto empírico não seja meu copo (nem o de Bruno, nem o de Brunno, nem o de Cedrick), onde definitivamente não nascerão peixinhos, impossibilitando nossos experimentos.

Outra disussão importante é o comportamento da ida coletiva das fêmeas ao banheiro de ambientes ruidosos. Algumas pessoas insistem em investigar as causas disso, mas acho que esse problema de pesquisa está mais do que batido: não dá pra falar mal dos homens na frente deles e qual é o ambiente onde nos livramos deles? Tudo bem que o fizemos no corredorzinho onde ficam os dois banheiros, quando saiu um macho desavisado fazendo uso da função fática da linguagem, dizendo que estávamos falando muito alto e que ele estava ouvindo lá de dentro, tudo isso com um sorriso cafuçu no rosto. Ignoramos o comentário do indivíduo, o que suscitou um novo problema de pesquisa que rende uma boa etnografia da comunicação (aê Bruno e Brunno): como esses machos acham que vão atrair uma fêmea falando esse tipo de m****?

À meia-noite, dignidade já era um significante vazio. As ladies Rafaella e Luciana asseguravam a nossa volta para casa a salvo, enquanto os homens discutiam pautas de novos artigos. Foi quando Bruno e Brunno descobriram uma substância que potencializa o intelecto a ponto de escrevermos uma dúzia de artigos numa madrugada. Como pesquisadores obstinados que somos, pedimos algumas doses desse tônico:

Dizem que o referido atende pelo nome de "tequila". Os pesquisadores-machos deram a ideia, mas duas pesquisadoras, ávidas pela produtividade, toparam consumir a substância. Mas demoraram demais a voltar de uma observação participante no corredorzinho do banheiro, e os rapazes experimentaram primeiro. Foi quando Cedrick foi-nos chamar para avisar que já tinham experimentado a substância. Mas os rapazes, obstinados pesquisadores, perceberam que não tinham consumido o tônico da forma correta. Foi quando Bruno, um grande presciosista (graaaaaande), sacou seu smarthphone e foi pesquisar a maneira mais apropriada de consumir o tônico e obter a máxima produtividade. E, como são todos perfeccionistas ao extremo, tomaram mais uma dose de produtividade líquida. A essa hora, já estavam com o cérebro oxigenado a ponto de ler um quilo de artigos escritos em aramaico.

Comemoramos na mais alta classe o aniversário da nossa colega Jouberte Maria fazendo aquilo que mais amamos nessa vida: pesquisa de campo. Além da aniversariante, os pesquisadores Bruno, Brunno, eu (Macabea), Cedrick, Luciana e Marcelinha. E, iniciando os não pesquisadores na arte da investigação, contamos com a presença de Rafaella, Tito e Carlos, "o Colombiano". Há quem diga que os pesquisadores erraram a mão e pegaram pesado no imbricamento, conversando saliências e dançando coreografias estranhas, tudo por culpa de uns pesquiadores fanfarrões que se ocupam de pesquisar temas pouco cristãos, como Carnaval, bebida alcoólica e torcida galerosa.

Abaixo, alguns dados observacionais, devidamente registrados pela câmera do maior pesquisador do grupo (maior mesmo, tem quase 2 m de altura):

 Biscatização: pesquisamos esse fenômeno também. 
 Ocasal Cedrick e Rafaella. Esta senhorita é uma das responsáveis pela sobrevivência de alguns pesquisadores após uma jornada tão extensa de experimentos.
Luciana, mas uma das reponsáveis pela sobrevivência dos pesquisadores. 
À sua esquerda, Carlos, "o colombiano".

Olhos de avidez pelo conhecimento.
 
Pesquisadores abraçados após mais uma missão comprida e cumprida. 
O pesquisador Bruno, à direita, já apresenta olhos de overdose de conhecimento; 
já Brunno (ao lado de Bruno) mostra-se eufórico pelos achados.

E, como prova de meu imbricamento excessivo (acho que naturalizei), avalio na lingua dos profanos que frequentam o locus de pesquisa: Foi do c******, galere! Vamos repetir a(s) dose(s)!