Tuesday, May 22, 2012

A Ponte

Eu olho pra minha vida e de repente me vejo cruzando uma ponte enorme, que eu me sinto obrigada a percorrer numa velocidade muito maior do que eu gostaria. É isto: eu me sinto obrigada. O que está do outro lado da ponte, eu não faço a mínima ideia. Apenas sei como cheguei a ela. O lado onde eu estava tornara-se insuportável, o lado oposto parecia belíssimo, e a ponte fora a única saída que encontrei pra fugir daquele ambiente inóspito. Talvez houvesse outras saídas, mas a ponte foi a única que eu encontrei e que me deu segurança de seguir em frente. Mas, ao pisar o primeiro pé nesta ponte, percebi que segurança é tudo que eu não teria ao longo do percurso. Cada passo que eu dou faz despencar um pedaço dela, de modo que não posso voltar atrás. Eu estou exatamente no meio dessa ponte. Estarrecida com a velocidade com que os blocos caem e me obrigam a cruzá-la numa velocidade cada vez maior e sem saber se o que está do outro lado é melhor que o ambiente inóspito de onde fugi. Gostaria mesmo é de cruzar a ponte devagar, tem uma paisagem linda e cheia de detalhes ao meu lado, e apreciá-la talvez minimizasse a insegurança de não saber o que está do outro lado. Não poder contemplar cada detalhe dessa paisagem me deixa frustrada. Saber que os blocos caem e que não posso desistir do percurso me deixa apreensiva. Imaginar que, se não a cruzar na velocidade necessária, posso despencar me deixa em pânico. E corro simplesmente pelo medo de cair. Corro porque eu tenho que correr. A esta altura, nem cruzo mais a ponte pelo desejo de estar do outro lado, mas para não cair com os pedaços que se desfazem. Que pena! Imaginava eu que seria este o caminho mais bonito que percorreria na minha vida...

Sunday, April 29, 2012

Dia Internacional da Dança

Dentre os inúmeros sentimentos que eu tenho pela dança, o maior deles com certeza é a gratidão. Nas horas mais difíceis, é a dança que faz o piano me parecer mais leve. E, aproveitando o ensejo - hoje é o Dia Internacional da Dança -, decidi voltar ao blog, de onde tinha me afastado devido a problemas pessoais.Mas não só de coisas desagradáveis foram feitos os últimos meses. Na verdade, é do ballet que tem vindo a força pra tocar essa luta para a frente.

Por motivo de horário, troquei de turma. E agora estou numa turma que tem mais ou menos metade da minha idade. Eu sinto muita falta das minhas colegas do ballet adulto, mas o novo horário ficou bem melhor para mim e sempre que posso dou uma caminhada na ida de na volta (já que é mais cedo e menos perigoso) pra queimar as porcarias que a ansiedade me faz comer. Na turma das adolescentes, eu me deparo diariamente com as limitações da minha idade, mas, por outro lado, aprendo a lidar com isso e controlar minha autocrítica ferrenha.

A melhor parte da história é o início dos exercícios de ponta. Minha gente, é tudo muito acima das minha expectativas. Porque, apesar de toda a simbologia, que é lindo, desejado e blablablá, sempre ouvia histórias desencorajadoras: falavam-me da dor, das bolhas nos pés, da sensação de ter desaprendido tudo, porque na ponta fica mais difícil, entre outros... E quer saber? Não doeu nada. É claro que, de fato, tudo fica mais difícil, sobretudo quando você ainda não é um poço de segurança na meia-ponta, mas dor, praticamente nenhuma. No primeiro dia, nenhuma. No segundo dia, uma bolhinha no dedo mindinho. Logo sumiu. E eu descobri que gosto muito mais de fazer aula de ponta.

Pois bem, gente. A técnica continua sofrível (pra variar), e fazer exercícios numa turma que já usa ponta há mais de um ano é (mais) desafiador - porque tudo no ballet, sobretudo quando se é adulta - é desafiador. Mas aquilo me faz tão bem que nem sei explicar. Se dependesse de mim, ponta todos os dias. Mas é preciso ter os pés no chão (literalmente): ainda tenho muito o que aprender a pied plat.

Wednesday, April 04, 2012

E foi uma sucessão de portas fechando-se nas útimas semanas. O curioso é que não só as coisas que estavam por consertar não se consertaram, como coisas que estavam aparentemente certas desandaram. No fim, uma grande sensação de impotência e de que a vida está tentando me mostrar algo que eu não consigo enxergar. E se não enxergo não progrido.

Aos mais chegados, com quem divido as más-notícias, a reação é de espanto. Coisas inesperadas e raras acontecem, pessoas me mandam tomar banho de sal grosso, arruda, água do mar, etc. Eu fico me perguntando de onde vem tanta energia pesada, tanta coisa dando errado.

Chega uma coisa em que não há mais nada - do ponto de vista prático - que se possa fazer. Deixa as coisas seguirem seu curso...

Monday, March 12, 2012

Mais uma semana e uma porta fechada

A notícia caiu como uma bomba! Estou eu acordada desde cedo, trabalhando na minha revisão de literatura. Decidida a dar prioridade absoluta à minha dissertação, postei ontem no Facebook: "treinando e me aprimorando na arte de c*gar e andar para estresses que não sejam de natureza acadêmica". Daí hoje, empenhada em redigir algo benfeito, recebo uma ligação que põe abaixo minha concentração, acaba com meu dia e com qualquer esperança de ter uma semana melhor que a anterior. Porque eu sempre penso: "Ok, o fundo do poço chegou, agora é prender a respiração e subir de um impulso só", fazendo das tripas coração para ser otimista, coisa que nunca fui, nem na mais tenra infância. Daí vem mais uma má notícia, e tudo vai abaixo. Hoje, parece que minha mãe, a pessoa mais otimista do mundo, perdeu a esperança. Quando lhe disse não saber o que fazer, ela respondeu: "Reze".

Minha mãe passou os piores perrengues dessa vida sem perder a serenidade. Desde enfrentar uma gravidez prestes a ficar viúva, sabendo que restava tão pouco tempo de vida ao marido que talvez ele nem conhecesse a filha, até passar por isso com uma dignidade de impressionar, ela nunca se abalou. Deus foi tão bom conosco que poupou meu pai de ir sem conhecer a filha, ele viveu o suficiente pra acompanhar meu primeiro ano escolar - muito além do seu prognóstico. E quando esse dia chegou, minha mãe ficou sem nada: nem casa, nem emprego, nem perspectiva. Reconstruiu tudo devagarinho e pacientemente, montou nosso pequeno patrimônio e assim me criou e educou, muito bem, por sinal. O que me impressiona nisso tudo é que nem quando todas as portas estavam fechadas ela se desesperou. E toda vez que perco a cabeça ela diz: "Deus sempre abre uma porta. Fiquei em situação pior com você criança, e as soluções vieram".

Neste momento, minha mãe não está desesperada, mas passa uma tristeza que não é do seu feitio. Vez por outra ela se questiona sobre as portas que se fecharam, sem entender porque todas elas estão fechadas. Neste exato momento, eu não sei nem como raciocinar, mas penso apenas em recuperar a calma e o foco para poder redigir. Nem sei como serão os próximos dias e quantas portas ainda vão se fechar até que eu encontre o caminho certo - sim, porque se elas se fecham é porque não estou no caminho certo. Vou tocar os compromissos da tarde na medida do possível e, se me sobrar tempo - e cabeça -, não falto o ballet. Se posso aprender alguma coisa com o exemplo da minha mãe, é tocar minha vida sabendo que tem pessoas que precisam de mim. No caso da minha mão, uma filha pequena; no meu caso, um orientador, professores, equipes de trabalhos. Apenas peço força pra continuar cumprindo meu papel, até que tudo se solucione.

Tuesday, March 06, 2012

Sobre dores e lições

Já faz algum tempo que, entre uma alegria e outra, eu levo uma pancada. Essas pancadas vêm-se acumulando há meses e chegaram a um ponto em que eu me vejo encurralada. Não convém aqui eu detalhar minha vida e os problemas que me têm afligido.

Essa semana começou da pior maneira possível, recebendo a primeira má notícia da semana ainda na minha cama, nos primeiros segundos de olhos abertos da segunda-feira. O desespero foi tanto que nem consegui chorar. Deitei novamente (pra coroar, tinha passado a madrugada em claro com dor de garganta) e dormi algumas horas, para me acordar perto das 9h e raciocinar. Então, saí e fui tentar as soluções que ainda me restavam. Mas foi assim: cada curso de ação, uma porta fechada. E as portas parecem não se abrir de jeito nenhum.

Mais tarde, ao chegar da última porta fechada, tomei um banho e deitei. A essa altura, estava torrando de febre, sem disposição física e emocional para os estudos e o ballet e muita necessidade de dormir para me esquecer da vida. Feito. À noite, levantei, fiz uma refeição e liguei o computador. A intenção era estudar. Mas entrei no Facebook e publiquei a Oração de São Jorge. Há quem diga que eu deva me blindar contra "inimigos". E isso me confortou por alguns minutos.

Que as coisas andam dando errado pra mim, em muitos aspectos, ninguém discute. Os mais próximos chegam a olhar pra mim com pena e, se isso não me ajuda, pelo menos me conforta saber que as pessoas se sensibilizam, sabem que não estou carregando nas tintas e tal. E, conversa vai, conversa vem, o assunto sempre vai parar nos outros: a inveja, o olho-gordo, a energia negativa e todas essas coisas que a gente insiste em acreditar quando o bicho pega. A necessidade de procurar um culpado é inevitável, de se vitimizar e dizer que o problema são os outros. Não que esse tipo de energia não exista, mas é o tipo da coisa que não causa grandes aborrecimentos em quem tem fé. E eu sempre me perguntando: e por que comigo? O que há com minha fé?

Pois bem: muitas pancadas foram necessárias pra parar de ficar procurando "o problema" que está nos outros e reconhecer o tanto de problemas que há em mim. Os próximos dias (quem sabe semanas e meses?) ainda trarão muitas surpresas desagradáveis e, se não as posso evitar, só me resta entender que há muito mais gente no mundo com problemas mais graves e irreversíeis que o meu, lidando com mais serenidade.

Foi à tarde que decidi não faltar o ballet e estudar. Estudei até a hora da aula e, enquanto dirigia até o ballet, pensei na quantidade de coisas sujas que cultivamos no pensamento e que terminam refletindo em atitudes. Vi que talvez eu precise aprender a pensar. E talvez reeducar meus atos e redirecionar minha vida. Redistribuir a energia que pode estar em excesso em alguns lugares e escassa em outros. Talvez esteja na minha mão sair dessa m****. E, se não estiver, acho que não vou perder nada em tentar.

Thursday, February 09, 2012

Lucratividade plus size

Há alguns anos surgiu a polêmica da modelo magrela: que aquilo era absurdo, que uma pessoa não pode manter aquele peso sem prejuízo à saúde, que aquilo estava desencadeando transtornos alimentares em pessoas jovens, "má influência", "fábrica de anoréxicas", etc. Mas o que dizer dessa moda de modelos plus size? Se seguíssemos o mesmo raciocínio de que as modelos magras são um estímulo aos transtornos alimentares, podemos dizer que as modelos plus size são um estímulo à alimentação desregrada e ao sedentarismo. No fim, tudo fal mal à saúde, não é? Mas todo mundo acha a modelo plus size uma expressão de democracia, um reconhecimento de que cada shape tem sua beleza, de que a mulher com sobrepeso não é necessariamente feia, etc. E, no fim das contas, esse discurso é muito bem-aceito pelas mulheres com sobrepeso, porque muito cômodo, afinal muitas delas já estão exauridas de recorrer a dietas, exercícios, e simplesmente não tocar para frente porque implica uma mudança muito grande de hábitos... para a qual não estão preparadas. Por outro lado, sabemos que nem todos os que estão acima do peso o estão por maus hábitos: há inúmeros fatores, que vão de genética à escolha pessoal de cada um, e não necessariamente refletem uma pessoa descuidada.

Nem toda magra é saudável. Fui assitir a um desfile, e a modelo parecia não ter um músculo sequer. Era magra, mas muito flácida e passava uma imagem de frágil. Fora que o "magra" era uma ilusão: a menina tinha lá seus depósitos de gordura, mas como tinha pouquíssima musculatura era leve, logo... "magra". Pele, ossos, gordura. Por outro lado, nem toda gorda tem as artérias entupidas e é sedentária. Moral da história: se a estética é uma opção de cada um, faça suas escolhas pondo sua saúde em prioridade.

O que me preocupa nessa história das modelos plus size é que ela não tá aí pra fazer você se sentir bem, levantar sua autoestima, criar uma moda "democrática" ou romper com a "ditadura" da magreza. Ela é fruto de um discurso muito bem-articulado de um mercado que fatura milhões e que enxerga, num mundo onde a obesidade cresce exponencialmente, um enorme potencial de lucro. Vejam bem: é mais fácil para a indústria inverter uma tendência (que é o aumento da obesidade) ou usá-la a seu favor? Nem precisa responder, né? Primeiro, porque a indústria da moda (e adjacentes) não tem nada com sua saúde e está pouco se preocupando se o aumento da obesidade é um problema de saúde pública. Como eu disse, é um problema de saúde pública, não deles. Mas o seu ego lhes interessa, sim. Porque o consumo de moda tem muita relação com autoestima, e não convém deixar um público que está se tornando maioria confinado em lojinhas de nome engraçadinhos, separadas das lojas para pessoas "normais". É preciso incluir, oferecer, numa mesma loja, peças de 36 a 56, sem distinção alguma.

Nesse sentido, eu acho que incluir é o caminho certo, é romper com uma distinção que nunca fez sentido algum e só humilhou as pessoas com sobrepeso. Só tenho meu pé atrás com a maneira que essa "inclusão" está sendo feita. Com um discurso inconsequente de "como é bonito ser gordinho", "homem não é cachorro pra gostar de osso", etc., mulheres que já tinham dificuldades em aderir a uma rotina de exercícios ou reeducação alimentar sentem-se mais confortáveis pra soltar as rédeas e comer de tudo sem culpa e não caminhar 100 m.

Então, vale para as magras, as médias, as gordas: sim, é verdade que todo shape tem sua beleza, que é questão de gosto. Mas isso não significa ficar subnutrida para emagrecer ou aceitar-se gorda para não ter que abrir mão de tortas e afins. Magra ou gorda, o que não dá é ser incapaz de subir um lanço de escada sem ofegar, passar mal com uma corridinha de leve e ter só açúcar e gordura na veia. No peso que você escolheu, cultive sua saúde.

Tá na hora de mostrar que o discurso modelo plus size é tão perigoso quanto o da modelo ultramagra. Tá na hora de refletir sobre quais interesses residem por trás desse discurso de "permissividade", sustentado por agentes que querem sua fatia de mercado cada vez maior, independentemente de estimular ou coibir maus hábitos. A indústria não tá aí pra te educar, mas para lucrar; se pra isso ela precisar ser permissiva com seus maus hábitos ou até estimulá-los, não hesitará em fazê-lo.

Gorda ou magra, independentemente de sua escolha, faça-o sem descuidar da sua saúde. Não sou mais nenhuma menina e já não tenho os mesmos 45 kg de cinco anos atrás. Por outro lado, apesar do metabolismo mais lento, hoje tenho mais disposição e taxas melhores que naquela época. É claro que gostaria de ter meus 45 kg de volta, mas isso é um gosto pessoal meu. Mas fico feliz em saber que hoje estou mais saudável que naquela época. #ficadica

Monday, January 30, 2012

Blogs: o culto do amador é mesmo o fim?

Eu sou uma pessoa que gosta de informação. Gosto por gostar, e isso é anterior ao fenômeno Web 2.0. Na minha infância, me divertia com pequenas enciclopédias, ganhei uma chamada O Livro da Vida aos 7 anos, e ela me distraía nos dias chuvosos das férias. Era legal saber um pouquinho de cada coisa. Entender como funcionava aquela "virose" que o médico diagnosticou. Ou porque a coloração do meu cabelo resultou num verde bizarro. Diversos porquês.

E, com a Web 2.0, percebi que muito mais gente tinha essa curiosidade. E mais: na Web, elas compartilhavam suas pesquisas com as colegas. Eu amei a iniciativa. E, diferentemente de alguns intelectuais, não vejo nisso o apocalipse. Sempre vi muito potencial.

Engana-se quem pensa que o universo de produtos de moda e beleza é pura futilidade. Aliás, a futilidade está no uso que cada um faz desse universo, e não na essência dele. Por detrás dos produtos que tornam nossas rotinas mais agradáveis, há costumes, pesquisas, tecnologias, verdades e mentiras, há tanta coisa a ser pesquisada e desvendada. E acho massa quem se propõe a fazer isso e, nas horas livres, adentro o universo dos blogs buscando informação segura e embasada. Por exemplo, um dos meus blogs preferidos é o Eu Amo Cabelo. A responsável (responsável em todos os sentidos da palavra) por ele é Carla Figueira, uma cabeleireira gente-como-a-gente, não uma cabeleireira de celebridades, mas a quem eu entregaria meus cabelos sem medo se ela morasse numa cidade próxima. É que tudo que ela publica é pesquisado, embasado, passa segurança ao ler. Além do mais, ela tem o know-how da prática profissional. O Maria Vai Comigo é outro que está entre meus preferidos. A responsável por ele é uma publicitária que reflete sobre seu papel enquanto blogueira no cotidiano das leitoras (veja aqui) e até fez seu trabalho de conclusão de curso a esse respeito. Pontos para Beta! A Cássia Pires, Dos Passos da Bailarina, tem o cuidado de pesquisar (para além da Web, inclusive) e compartilhar sua rotina como bailarina adulta, mostrando nossas potencialidades e limitações, refletindo com responsabilidade - e uma escrita impecável - sobre um assunto que requer muito estudo.

Igual aos blogs da Carla, da Beta e da Cássia (atualmente meus favoritos), há uma porção de blogs feitos por pessoas comprometidas em pesquisar e fornecer informação segura e de qualidade. Mas esse tipo de blogueira, lamentavelmente, tá virando exceção. O que eu vejo por aí é um bando de mulher desesperada em ganhar jabá e fazer "parcerias", sem ter conhecimento de causa para isso. O resultado são blogs mal-escritos, cujas informações são réplicas de outros blogs e que não acrescentam nada de novo a não ser um desesperado "siga minha página para eu ganhar jabás". Isso é um prato cheio para o pessoal do Shame on you, blogueira!, meu mais novo vício.

Ter um blog que sirva de referência é muito bom e, acreditem, se eu tivesse tempo investiria nisso. Pesquisar, investigar e oferecer informações que ajude as colegas a não fazerem escolhas equivocadas é gratificante. Mas ler um verbete na Wikipedia e se achar autoridade no assunto é m pouco demais. Coletar informações nos blogs das colegas e publicar como algo novíssimo também não é lá o que se espera de uma "formadora de opinião" (e, sim, empresas só vão investir em brindes para formadoras de opinião).

Apesar do radicalismo de Andrew Keen em O Culto do Amador, a coisa caminha nesse sentido. Mas, longe de ser uma apocalíptica (muito menos integrada), acho que ainda é possível separar o joio do trigo. E, muito embora estejamos vivendo um momento em que o joio seja maioria, eu sempre vou separar meus momentos livres para apreciar o pouco de trigo que ainda existe na Web.

PS: Várias pessoas me perguntam porque eu me recuso a seguir blogs. A ferramenta de seguir, em tese, teria sido criada para facilitar a vida do leitor e mantê-lo informado de tudo que há de novo. Infelizmente, essa ferramenta se conveteu num contador de acessos que as marcas monitoram para decidir com quem vão fazer "parcerias". Definitivamente, não tô aqui pra engordar estatística. Meus blogs preferidos estão na minha barra de favoritos. E esta, empresa nenhuma monitora (em tese).


Link

Tuesday, December 20, 2011

O Jogo foi lindo

Quando o dia amanheceu domingo, e eu levantei da cama sem febre, sem dor, sem qualquer tipo de mal-estar, só agradeci a Deus e a todas as pessoas que torceram e pensaram positivo para que eu conseguisse ir ao palco. Na última quinta-feira, no hospital, eu chorava pela possibilidade de não ir. E até o último segundo eu temi que algo me acontecesse (depois daquela sucessão de infortúnios).

Juntei roupa, maquiagem, tomei banho, fiz o coque e fui ao teatro, começar a maratona de maquiagens. Fiz a minha e depois a das colegas. Queria ter feito a de todas, mas o tempo não permitiu, e algumas precisaram se maquiar sozinhas, isso me deixou um pouco frustrada. No fim, deu tudo certo.

Quando as cortinas abriram, pela primeira vez me senti nervosa. Fomos o primeiro grupo a entrar. Teatro lotado!







Primeira cena: rainhas e peças dos jogos

Depois, a experiência de trocar de roupa entre uma coreografia e outra foi "temça". Gente, dá um medo de entrar com a roupa pela metade ou não entrar, que você tira a roupa sem o menor pudor de eventualmente estar pagando peitinho kkkkk E então, hora das "bolarinas".

Bolas das roletas, as "bolarinas"

Bem, aí foi mais difícil. De cara, a troca de bolas que fora megaensaiada não deu certo. Com isso, uma colega não conseguiu entrar no palco porque a bola simplesmente desapareceu. Eu já entrei no palco em pânico, não conseguia pensar em mais nada, a nao ser nela, que ensaiara tanto, parada ali na coxia porque sua bola simplesmente desaparecera. Tensa, adiantei uma passagem da coreografia; a professora gritava da coxia que eu estava rápida demais, eu ficava desesperada. Mas no fim, o resultado foi lindo. E, ao que parece, o público não percebeu esses pequenos defeitos. Apenas fiquei triste pela minha colega.

E então, a troca de roupa para aterceira cena: tirar o macacão e vestir novamente a roupa de rainha: collant, saia, casaca, broche, brincos, anel, coroa, ufa! Tudo pronto, entramos para a valsa das rainhas e finalmente o jogo de xadrez que encerrava o espetáculo.








Valsa das Rainhas




O Jogo


Depois do agradecimento, quando a cortina fechou, demos um abraço coletivo gigante. A cortina reabriu quando ainda estávamos abraçados. Depois, fotos, flores e cumprimentos.

A rainha descabelada e o mimo dos convidados

Agradecimentos: Deus, minha mãe, meu bophe, minhas professoras, amigos do ballet, meus amigos e todos os que torceram para eu ficar boa dos "infortúnios".

Tuesday, November 29, 2011

Não, você não o/a esqueceu

A história é sempre a mesma: o/a cara te larga e você fica na maior fossa, enquanto ele/ela está curtindo "essa tal liberdade"#piegasfeelings Bem, acho que todo ser humano adulto já passou por isso ao menos uma vez na vida, e a situação não é das mais agradáveis. Fato. Mas nada impede que você curta sua fossa com classe. Acredite: nada impede mesmo. Sei que, mesmo depois que passa a fase de não querer existir e volta a vontade de recuperar a dignidade, algo ainda não foi digerido. Trata-se apenas do mundo chamando para a vida real, o que não quer dizer que você o vá fazer com boa vontade. Mas precisa fazer, a sociedade tá aí pra te reprimir se você fica vegetando. Pois bem.

Aí vem a fase do "pintei o meu cabelo, me valorizei" e, com o perdão do trocadalho, é aí que as pessoas exageram nas tintas. Você volta pra vida real e mudar de ares (e de visual, para a mulher) é quase um caminho inevitável para a autoestima degradada. Depois vem a ressocialização. Frequentar lugares que há muito não frequentava, reencontrar velhos amigos e conhecer novos, tá tudo dentro do processo. E, claro, a sociedade está lá a postos para te cobrar uma "volta por cima" (que expressão cafuçu, meu pai!).

Mas com as redes sociais, a tal convivência com a perda afetiva ganhou uns traços, no mínimo, curiosos. Sabe o exagero nas tintas de que falei? A necessidade de mostrar a qualquer custo que superou, para a sociedade (que tanto cobra a superação) e PRINCIPALMENTE para o/a ex, cresceu exponencialmente nas redes sociais, prporcionando à audiência momentos simplesmente cômicos. É a fase do "baba baby, baby baba". O recém-magoado vai a todas as baladas do mundo com uma câmera na mão, ele é incapaz de ir comprar um big big na esquina sem a levar consigo e registrar aquele momento de "pura curtição". E subitamente ele entra numa felicidade insuportável, insuportável porque não convence ninguém. E começa a postar fotos de baladas, convites de baladas, a programaçãodo fim de semana, de declarar para a humanidade que sua vida se resume a curtir e, que, poxa, como você é feliz! E não convence ninguém. E, no fim das contas, o "baby" até baba, mas é de tanto rir (perdão do trocadalho de novo!).

Ninguém é de ferro, inclusive eu, e ficar magoada por muito tempo faz parte do processo. Admitir não é sinal de covardia, mas de honestidade, e isso não pressupõe ficar remoendo. Você está certo, procure os amigos e vá experimentar aqueles pequenos prazeres que - sejamos honestos - só os solteiros têm. Não há nada de condenável nisso. Mas não empurre sua "felicidade", forjada numa rede social com fotos e mensagens, goela abaixo. Isso, sim, é sinal de fraqueza. Porque, na medida em que você e preocupa em mostrar para o outro o quanto está bem, mostra o quanto ainda se preocupa com o outro. E não é pecado se preocupar com a opinião do outro, é humano, normal, mortal, mas fazê-lo de forma velada é no mínimo hipócrita.

Todo processo de desligamento tem começo, meio e fim. E o apagamento da imagem do outro, da perda, da falta, é gradual, até o momento em que se lida com naturalidade com as lembranças, separando as boas das ruins, reconhecendo os ganhos e as perdas e, sobretudo, que os novos ciclos serão melhores porque evoluímos. Quando chegamos numa rede social com a ideia fixa de mostrar para o outro o quanto estamos bem, tentamos pular etapas nesse processo e ficamos presos eternamente ao outro, ao que ele pensa e faz... e esquecemos de cuidar do mais importante: de nós. Resumindo: ficamos em looping entre o começo e meio, nunca chegamos ao fim.

Por isso, se eu pudesse dar um conselho a cada pessoa que vejo fazer isso - sim, porque quando se faz isso, é descarado, ACREDITEM -, diria que não pague tanto mico. As pessoas de fora - e provavelmente o/a ex - estão rindo da sua cara ou pior: tratando tudo isso com enorme indiferença. Porque esse ex já encontrou um novo caminho, tá em paz, fez a escolha dele. E, por mais duro que seja admitir isso, é necessário. E, principalmente, acreditar que chegará o seu momento de encontrar seu novo caminho. Mas para ele chegar é preciso que tudo esteja cicatrizado e bem-resolvido e isso requer paciência, não alvoroço, pressa, imediatismo. E nunca ficará bem-resolvido se você ficar vivendo à imagem do outro.

Se quiser mudar o visual, mude; se quiser relacionamentos sem compromisso, tenha; mas faça-o porque você quer, porque tá lhe causando bem-estar, não porque quer mostrar aos outros. Sei que as pressões da sociedade são grandes, mas faça o que faz por você, na medida do possível. "Pinte o cabelo e se valorize", mas não exagere nas tintas e não induza os outros a valorizá-lo/a polo que você não é. E abaixo o "baba, baby" nas redes sociais, porque se torna cômico e todo mundo baba, mas é de rir da sua cara. Sei que bom senso em excesso nos torna castradores, mas a ausência dele nos torna joselitos-sem-noção, que nos orkuts e facebooks da vida só servem para uma coisa: ser motivo de ironia e chacota para os outros. E isso, apesar da dureza das minhas opiniões, eu não desejo a ninguém.

Monday, November 21, 2011

as estudiosas da TV e o imperativo da baranguice

E eis que eu tava num dos meus momentos "cultura inútil", raríssimos (#ironia), e me deparo com algumas matérias sobre Fina Estampa. Tá legal, a Globo não tá no seu melhor momento no quesito novela, mas pra quem se livrou de Insensato, estamos num lucro estratosférico. Uma das matérias me soou mais curiosa: as mudanças de visual que a personagem de Tânia Khalil sofrerá ao começar a namorar com o cara da voz extragrave, leia-se: Carlos Casagrande (seu lyndo!).

É sempre assim: a CDF é feia e malvestida porque é CDF. E é CDF porque é feia e malvestida e ninguém quer comê-la. Daí não lhe restam opções a não ser os livros. É como se houvesse uma mecanismo de compensação: se é bonita, é burra; se é feia, é sábia. Simples assim. Mote de pelo menos duas dúzias de "comédias românticas" holywoodianas nas últimas décadas. O que muda é só a maneira surpreendente como a feiosa vai driblar a carência, a "estética indesejável", mas sempre tem um macho no meio. E geralmente um macho cercado de mulheres estonteantes que subitamente resolve enxergar a beleza interior da feia-crônica. Ops, quase crônica! Quer ver?

Curioso é que há um elemento que nunca falta a esses personagens: os óculos. (Eu até diria dois, porque também há a insistência em manter os cabelos presos em penteados horrendos...) Freud deve explicar. Eu só questiono mesmo.

Em Not another teen movie (Não é mais um besteirol americano), eles satirizam o lugar-comum da feia por quem o cara mais popular se apaixona e blá blá blá zzzzzzzzz Satirizam, também, a construção dessas CDFs barangas: elas esbanjam superioridade intelectual, mas são muito muito feias. E o filme satiriza a maneira como toda a "feiura" se acaba num passe de mágica ao soltar os cabelos e tirar os óculos.

Pausa.

Volta pra Fina Estampa. Tânia Khalil, cuja baranguice não convence ninguém, é uma viúva professora universitária que se afoga no combo trabalho-estudo como uma forma de fuga (momento psicoterapia). Mas o gatão da voz grossa parece que vai lembrá-la do que é bom, e depois que a cidadã voltar à "atividade física", vai dar uma repaginada no visual. É claro que os óculos serão os primeiros a abandonarem o elenco. (Um pena... tenho a impressão de que eles atuam melhor que alguns "achados" daquele elenco.)

E aí, na qualidade de mestranda, CDF, baranga e míope (do tipo acordo-de-óculos), me senti no dever de tecer alguns questionamentos:
  • Onde está escrito que pessoas de óculos são barangas?
  • Por que sempre escolhem uma armação tão feia e desproporcionalmente grande para as CDFs? Elas são tão cegas que não enxergam as armações de tamanho normal?
  • Por que, para se transformar numa cidadã sexy e comestível, ela tem que tirar os óculos? Volta a enxergar subitamente?
  • ...
Os questionamentos são muitos, porque, né?, só queria dizer que, apesar de me encaixar no rol das acadêmicas-CDFs-barangas-míopes, eu não consigo me identificar nem um pouquinho. Começa que, sim, meus óculos são lindos. E, deixa eu contar um segredinho do coração, as lojas estão cheias de opções muito interessantes que fazem até as não míopes a usar óculos pra fazer um charminho.

Tá, eu até entendo a origem do estereótipo da feia-inteligente, quem estuda muito (aliás, qualquer pessoa ocupada) nem sempre tem tempo pra se cuidar. Mas pera lá. Mídia, por favor, não nos ridicularize! Somo ocupadas, nem sempre estamos divas, usamos óculos e muitas vezes vestimos a primeira peça que puxamos do armário por pura falta de tempo. Mas longe de nós sermos um bando de songamongas, totalmente desconectadas do mundo, castas por falta de opção, mal-amadas, malcomidas, etc.

Parem de exagerar nas tintas e fazer das estudiosas a síntese de tudo que é indesejável na mulher. A educação do país já anda precária demais pra vocês fazerem mais um entre tantos outros desserviços.

Pra finalizar, uma foto de uma armação bem parecida com a minha:

Linda, não é? A minha é um tom de rosa mais clarinho, queimado. Além dela, tenho uma verde-limão (Crô me imitou, ok?), uma azul-marinho, uma roxa, uma vinho, e amo todas elas. Não precisa ser nenhuma CDF nem defender uma tese para saber que "óculos apropriados podem até dar charme e distinção".


Mas por algum motivo, as "inteligentes" da TV têm algum tipo de bloqueio de senso estético. Mas é só na TV mesmo, ok?

Monday, November 14, 2011

A médium/"medium" na mídia/"media"

Eu chego do hospital (uma ida a cada 48h até minhas plaquetas regularizarem) e corro pra tomar um banho. Quando chego na sala, minha mãe está assistindo ao que, na minha opinião, é o mais abominável dos programas que qualquer emissora já tenha exibido: o de Sônia Abrão. Sim, aquele programa urubuzístico cuja pauta se alimenta da desgraça alheia. Na minha opinião, o mais cruel do gênero "inutilidade pública". Nem Zorra Total consegue ser tão baixo... nem tão inútil.

Deve haver algum dispositivo, mensagem subliminar ou algo assim que faça com que as senhoras se identifiquem com aquela voz de pseudocompadecida de Sônia Abrão e assistam aquela m*rda diariamente.

Pois bem. Eu achava que esse programa tinha atingido o fundo do poço da baixeza (porque ficar remoendo tragédias e crimes bárbaros com a proposta de... ajudar ganhar audiência é no mínimo baixo). Até que sento pra comer e me deparo com uma indigesta "sensitiva" explicando a ligação entre um crime e uma tragédia ocorrida dia após o crime com uma história de alma gêmea.

Como se não bastasse, a tal "medium", questionada sobre a má sorte da vítima em morrer prematuramente e de forma tão violenta, afirmou que a moça em outra vida provavelmente torturou alguém até a morte. Peraí, desde quando o talião faz parte da doutrina espírita? Engraçado, o talião sempre me soou algo tão pouco cristão.

Curioso como a mídia concede espaços para impostores dessa natureza e a doutrina espírita, uma doutrina tão bonita, seja ridicularizada dessa maneira. Sei que seria demais pedir o mínimo de bom senso a um programa televisivo cuja existência, em si, já constitui uma falta de bom senso. Se o raciocínio da "médium" estivesse certo, o que seria da Sônia Abrão na próxima encarnação? Ela seria trancada numa sala com uma imbecil de voz insuportável contando histórias horrendas, tecendo juízos de valor dispensáveis, chegando a conclusões cretinas, tudo isso durante uns cem anos, porque só com tamanha longevidade ela pagaria pelo mal que seu programa causa ao nosso país. Mas fica tranquila, Sônia. Tanto eu quanto você sabemos que você não acredita nem um pouco nessa balela toda que você promove. E ainda há gente reclamando de Galvão Bueno...

EM TEMPO: A "médium" falou que Elisa Samúdio tá viva. Demite os investiadores, quem precisa de polícia não é verdade? Cômico...

Sunday, November 06, 2011

A Avon não sabe contar? Ou não se pode contar com a Avon?

Estou impressionada como nas últimas semanas a Avon só me tem trazido aborrecimentos. Contextualizando: gosto dos produtos da Avon. Praticamente todo mês faço comprinhas na Avon. Antes, comprava a uma moça lá no escritório, mas quando parei de trabahar fiquei sem revendedora. Foi aí que apareceu uma revista circulando no prédio onde moro, e comecei a fazer encomendas lá. Mas era um negócio meio complicado: eu encomendava à minha vizinha, mas a revenda era da mãe da sogra da tia da cunhada da prima segunda... de não-sei-quem, e as encomendas demoravam uma eternidade. E nem sempre vinham. E nem sempre vinham completas. Enfim.

Foi aí que tiva a ideia de unir o útil ao agradável: sou compradora e percebo que aqui no condomínio (grande, por sinal) há uma carência de revendedora, logo... quero revender! Entrei no site: precisei preencher um cadastro, endereço, CPF, etc., lá não especificava os requisitos básicos, nem se era necessário algum investimento inicial, como eram os procedimentos (pelo menos não vi), mas como se trata de uma empresa com boa reputação, não tive receio algum de lançar meus dados pessoais.

Imediatamente, recebi um e-mail de boas-vindas comunicando que a gerente do meu setor entraria em contato em até 48h. E me forneceram um e-mail para o caso de não receber esse contato. Passaram as 48 horas e nada! Então escrevi para o e-mail fornecido. Me responderam prontamente pedindo nome completo e CPF. Foneci os dados solicitados. Então recebi uma mensagem dizendo que meu e-mail ia para análise e pedindo que aguardasse um retorno. Logo depois recedi um e-mail dizendo que meu cadastro fora aprovado com sucesso e que eu aguardasse 10 dias úteis a contar de 04/10 para receber o contato do gerente do setor. Até então, show de presteza. Ocorre que hoje são 06/11 (mais de um mês depois) e não recebi contato algum!

É mesmo vergonhoso que um consumidor fiel, que decide ser revendedor, seja tratado com tanto descaso. Se a empresa não tem interesse, ou infraestrutura, ou disposição, enfim, qualquer coisa, em ampliar seus quadros de revendedores, não deveria investir tanto em capanhas publicitárias e tornar a revenda uma opção tão atraente. Ou, se a falha foi da tal gerente do setor, a empresa deveria monitorar melhor as pessoas que carregam sua marca.

Assim que saiu a primeira revista com a linha Extra Lasting, na qual os batons sairiam a R$ 9,99 (cada) caso o consumidor adquirisse dois (o preço da unidade é R$ 13,99, acho), encomendei dois batons. Segundo a revendedora, cuja revista é da mãe da tia da sogra do padrinho da vizinha etc., o pedido veio incompleto e por isso foi refeito. Mais de um mês depois, recebi apenas um batom e pelo preço unitário. Ora, se meu pedido veio incompleto por insuficiência de estoque, por que eu tenho de ser penalizada e pagar mais? A revendedora disse que era assim mesmo, como só veio um eu teria de pagar o preço unitário. Não vou culpar a Avon, muito embora o problema de estoque tenha-se repetido com certa frequência, e não só comigo, mas não sei até que ponto a m**** foi da Avon ou foi esperteza da revendedora.

O fato é que onde moro pelo visto tá ruim de oferta. E, pelo que eu vejo, demanda tem, sim. Sei que os produtos da Avon são em sua maioria legais e que a relação custo-benefício quase sempre compensa, mas, depois desse show de pouco-caso, a Avon sai definitivamente da minha rotina de consumo. O Brasil tá cheio de marcas competitivas e, enquanto a Natura presta um atendimento exemplar e a Yes amplia mensalmente seu mix, de produtos excelentes a preços justíssimos, a Avon ignora solenemente um candidato a revendedor. Lamentável.

Ah, só pra finalizar: revendo Yes há dois anos. NÃO TENHO NADA A RECLAMAR. #ficadica

Sunday, October 30, 2011

hoje - metade vazia -

Hoje acordei com um mal-estar, um vazio enorme e muita indisposição para fazer minhas coisas. Sei que o normal é eu achar que isso é falta de remédios e que me entupir de fluoxetina vai resolver tudo, como sempre resolve. Mas a falta de um psiquiatra que me inspire confiança, em vez de me entupir de remédios, me fez abandonar o tratamento muito irresponsavelmente pela 8938776ª vez. O que me tem feito mal é a quantidade de coisa na minha agenda mal-administrada. Não tenho disciplina para estudar, para produzir, adio coisas. Sei que esse é um momento da minha vida em que eu deveria acordar para estudar e estudar para dormir, com pequenas pausas para água, comida e banho. Mas sinceramente eu não sou assim. E aí uma enxurrada de pensamentos vêm à minha cabeça: que eu não tenho vocação para a carreira acadêmica, que sou preguiçosa, que tudo o que eu produzo está uma m**** (porque eu poderia ter dedicado mais tempo). E se eu saio pra tomar um sorvete e durmo um pouco mais, sinto culpa. E, nas horas em que estou no ballet, sinto culpa. E se paro pra fazer minhas unhas - ainda que uma vez por semana - sinto culpa. Nos próximos dias, vou estudar da hora em que acordo à hora em que vou dormir - será que consigo? Será que isso vai aliviar esse mal-estar de sentir culpa?

Começo a me questionar se o mestrado é realmente viável para uma pessoa hiperativa. Mas na falta de um psiquiatra bom, que me fale de todos os meus limites e também de potencialidades, em vez de me dar diagnósticos pobres e secos, eu fico tentando encontrar as respostas em mim mesma. Será essa minha vocação? Será que tenho vocação para alguma coisa além de comprar maquiagem e perfume?

Wednesday, October 26, 2011

Aquelas coisas pequenas que fazem tão bem

E eis que minha Internet cai e me deixa quatro dias alheia a meus compromissos acadêmicos (tem uns e outros serviços de Internet que acham que uso doméstico = vadiagem...). E o computador do bophe dá aquelas broncas bizarras que precisa trocar 872329895809 peças. Viramos cara-metades: eu com computador e ele com Internet, unimos nossas forças (que épico!). Cruzei a cidade e levei o computador para a casa dele para descascarmos juntos nossos pepinos. De lá ele seguiria comigo pro ballet, onde eu encararia uma maratona de aula-ensaio-aula-ensaio e então ele voltaria pra casa comigo (pra eu não voltar tarde e só pelas quebradas do Recife).

Na hora de sair, ele pegou um CD de Ramones para ouvirmos no carro. O caminho da casa dele para a escola de ballet, às 17 e lá vai, é percorrido na velocidade de uma procissão, o que me irrita muito. Mas ontem fomos ouvindo aquela coletânea de Ramones, todos ainda tão vivos ali no carro! O trânsito nem me incomodou, distraída que estava entre um comentário babaca e outro, uma "matação de vida alheia" e trilha sonora de primeira. Não estávamos tomando vinho em taças de cristal numa praia paradisíaca em noite de Lua cheia. Estávamos no trânsito ensandecido do Recife falando potoca e rindo das nossas próprias mamonices.

Nas próximas horas, eu teria uma maratona de ballet e dança contemporânea que só me liberaria por volta das 22h, quando costumo sair suada, porquinha e toda descabelada. E aí, minutos antes de estacionar na escola de dança para começar, meu bophe diz: "Vamos sair pra comer depois da sua aula?". E destruímos megassanduíches com refis e refis e refis de refrigerante e fomos para minha casa arriar a carcaça. Hoje, saímos juntos pela manhã, eu para um evento do mestrado e ele para uma reunião. O CD de Ramones dele ficou no meu carro.

Agora me responda: dá pra ser mais feliz?

Tuesday, October 11, 2011

Sagrado Coração*

Sei que tenho um coração
Mas é difícil de explicar
De falar de bondade e gratidão
E estas coisas que ninguém gosta de
falar

Falam de algum lugar
Mas onde é que está?
Onde há virtude e inteligência
E as pessoas são sensíveis
E que a luz no coração
É o que pode me salvar
Mas não acredito nisso
Tento mas é só de vez em quando

Onde está este lugar
Onde está essa luz ?
Se o que vejo é tão triste
E o que fazemos tão errado ?

E me disseram! Este lugar pode estar
sempre ao seu lado
E a alegria dentro de você
Porque sua vida é luz

E quando vi seus olhos
E a alegria no seu corpo
E o sorriso nos seus lábios
Eu quase acreditei
Mas é tão difícil

Por isso lhe peço por favor
Pense em mim, ore por mim
E me diga: - este lugar distante está
dentro de você

E me diga que nossa vida é luz
Diga que nossa vida é luz
Me fale do sagrado coração
Porque eu preciso de ajuda

* Uma homenagem a Renato Russo por ocasião dos 15 anos de seu falecimento.

Vai "fazer a Suelen"? Entenda suas motivações

No meu círculo de amigos, a expressão "fazer a Suelen" (sim, este é meu nome) foi criada como sinônimo de comprar loucamente, sem racionalidade alguma. Havia até quem dissesse: "Hoje tô de mau humor, queria ir ao shopping e 'fazer a Suelen'". Nunca fiquei chateada com meus amigos, mas, sim, com a minha condição. Para quem não sabe, tenho compulsão. Já fui diagnosticada e não tomo remédios porque o custo-benefício não compensa. Os efeitos colaterais são detestáveis. Muita gente acha curioso como eu sendo publicitária e estudando consumo frequentemente caia nas suas "armadilhas". E aí eu pergunto se um médico, por conhecer os efeitos nocivos da cocaína no organismo, está livre de ficar dependente ao usá-la. Não, não está.

Há quem diga que o consumo na pós-modernidade seja patológico, doença social, etc. Tenho minha opinião a respeito, mas não convém falar disso agora. É lógico que o ser humano compra muito mais do que necessita e que há todo um sistema por trás disso blá blá blá... O problema, em nível individual, é quando ele é fonte de mal-estar: logo, é patológico. Se você compra mais que precisa e isso não lhe traz prejuízos nem financeiros nem pessoais, é consumismo. Se esse consumo começa a prejudicar vários aspectos da sua vida, isso é compulsão.

O filme Os delírios de consumo de Becky Bloom é uma comédia, mas poderia perfeitamente ser um drama. Os pensamentos que se passam na cabeça dela antes de cada decisão de compra descenessária, ainda que no filme sejam tratados de forma cômica, são reais e nem de longe são motivo de risos. Muito pelo contrário: para quem está nessa situação, eles são muitas vezes motivo de choro, noites sem dormir, irritação, etc.

Eu já fui uma pessoa extremamente controlada. Consumista, mas controlada. Aquela que compra o desnecessário por prazer, sim, mas sabe que o limite é a sua renda. De chegar ao fim do mês com dinheiro suficiente, desconhecer completamente o cheque especial e até poupar. Mas, assim como muitos transtornos psiquiátricos, algum impacto emocional desencadeou esse comportamento doentio.

O angustiante da compulsão por compras é que aos poucos ela lhe tira a autoconfiança. Quando você esconde cartões, evita sair pra não comprar e basta uma pequena brecha para tudo vir à tona. Longe de ser uma pessoa irresponsável, sou alguém que luta contra algo bem mais forte que meu senso de responsabilidade. E o que mais me entristece é saber que tanto faz eu ganhar a bolsa de mestrado que ganho atualmente quanto um bom salário, é provável que eu vá estar sempre apertada. Provável e lamentável.

Enquanto estudo consumo, pós-marxismo, pós-modernidade e outros pós, penso em mim nesse bolo todo e em como todo um sistema aliado a pequenas fraquezas pessoais fez de mim uma Becky Bloom. Totalmente desacreditada desses remédios que resolvem um problema e trazem dez outros, tenho esperança de que esse conhecimento mais o autoconhecimento que todo dia tenho buscado me ajude a converter teoria em prática e sair dessa um dia.

Monday, September 26, 2011

Eternamente criança no céu dos gatinhos

Eram quatro filhotes, três branquinhos e um pretinho. Sexo, ainda não dava pra saber. A mãe, uma siamesa. O pai, quem sabe? Passadas duas semanas, começaram a abrir os olhinhos. Tinham um miado finhinho, estridente. A esta altura, os branquinhos já não eram branquinhos. Dois começavam a desenvover a coloração típica de siameses e um continuou branquinho com umas listras clarinhas... o que lhe rendeu o apelido de "tigre-de-bengala". Alguns dias depois, descobrimos que o tigre era, na verdade, uma tigresa. Eram dois meninos e duas meninas.

Chegou a hora de desmamar e histerectomizar a mãe. Os dois machinhos ganharam logo dono. A fêmea pretinha também. Sobrou apenas a tigresinha. A última a abrir os olhos, a andar e saltar, a mais calminha e sonolenta... A menos esperta. Mas a mãe sofreu tanto com a separação dos três filhotes que não tivemos coragem de tirar a única remanescente dela. A tigresinha se acostumou com a gente. Quando decidiu ficar esperta, ficou de vez. A esta altura, ela era nossa "lêndea". Porque era pequenininha, branquinha, curiosa e ágil. E linda. Trelava o dia inteiro.

Fizemos de tudo para a lêndea não arrumar uma família. Por nós, que já estávamos apegados, e por Chris, que queria ter seu único filhote ainda por perto. No fim da semana passada, decidimos ficar com ela. Tão linda! Todo dia eu desejava que ela fosse pra sempre uma criancinha, pra que continuasse curiosa, com o rabinho empinado, brincando com tudo que visse pela frente. Mamava e comia ração, a para o peito da mãe na hora em que bem quisesse, um sonho!

No último sábado, parei para tirar fotos dela brincando no sofá. Queria eternizar ela assim, criancinha, pequenininha para sempre, porque sabia em menos de um ano ela perderia o frescor de uma criancinha descobrindo o mundo. Mas a vida quis eternizá-la criancinha além das minhas fotos. Hoje pela manhã, a lêndea, "lelê", foi atropelada enquanto descobria a rua. Ela não vai completar dois meses no dia 08 de outubro, como seus irmãos. A menina que demorou a falar, a andar e a desmamar vai permanecer a criancinha dos meus sonhos no céu dos gatinhos.

Friday, September 16, 2011

Eu, "doméstica": a saga da gata borralheira*

De repente, eu tava num condomínio, onde todos olhavam desconfiados para mim. Os rapazes que cinheci moravam lá, tinham todos os luxos, casa, comida boa, hora pra chegar e sair, "pais". E eu só queria ter o que comer. Olhava meus novos colegas, os três rapazes: eles tinham comida a hora em que queriam, tava sempre lá, posta, e se não era suficiente bastava pedir mais. E eu só queria tero que comer na hora em que bem quisesse. Comecei a frequentar a casa dos três rapazes - dois deles eram irmãos, mesmo sem ser convidada. Arregava uma refeição aqui e ali e comecei a engordar - eu vivia na pele e no osso de tanta fome. Os "pais" dos rapazes passaram a me oferecer refeições - eu pedia, eles davam; às vezes nem precisava pedir. Mal sabia eu o preço que iria pagar por essa comida: minha liberdade.

Certo dia perceberam que eu não estava engordando, e sim grávida. Não demorou muito, a hora do parto chegou. Eu desamparada e amamentando, eles então decidiram me acolher. Recebia comida, carinho, cuidados. Os bebês também. Tomavam conta dos meus filhos quando eu precisav me ausentar. Foi mais de um mês de aleitamento materno, meus filhos protegidos do frio e dos perigos. Até que eles começaram a desaparecer um a um. Primeiro dois meninos, depois uma menina. Restou apenas uma. Passei a noite passada chorando um choro angustiado e procurando meus filhos, que até então não voltaram. E eu ainda tinha tanto pra lhes oferecer. Meus seios inchados agora são exclusivos da única menina que permaneceu.

Decidiram não me dar mais comida, passei 12 horas com fome. E me prendiam para que eu não fosse pedir comida em outra casa. Até que me amarraram e me puseram no carro. Eu fiquei extremamente agrevvisa, foram muitas mudanças na minha vida nos últimos três dias. Cheguei a um lugar cheio de animais - grandes, pequenos, cachorros, coelhos... E um cara vestido com uma capa branca me deitou numa mesa e me espetou com uma agulha. Agora estou sonolenta. Eu tento controlar a vontade de dormir pra sair desse lugar, pra tentar encontrar meus filhos. Pra comer algo antes, porque nem força pra procurá-los tenho.

O sono começa a me vencer. Na minha frente, o cara de branco e as pessoas que me acolheram. E eu que pensava que elas gostavam de mim...

Eles me olham com um misto de carinho e compaixão, como se estivessem a me fazer o bem. E eu me lembro dos três rapazes: se pagaram esse preço para ter uma família. Se eles são felizes com essa gente, talvez um dia eu venha a ser, e esse seja o preço que eu tenha de pagar para ser uma gata doméstica. Mas até que ponto vale a pena ser animal "doméstico"?

Penso num prato cheio de ração de atum, carinho na cabeça, em meu filhos de volta, mas o sono é tão forte que...

* Neste exato momento, Chris deve estar sendo histerectomizada. Sua única filhinha remanescente, depois de chorar muito a falta da mãe na caixinha, adormeceu no meu colo. Boa sorte, Chris.

Wednesday, September 14, 2011

C*gando geral no meu cabelinho

Pois, pois...

Ainda na saga do ruivo natural...
Achei uma coloração profissional 8.4, mas vi no catálogo que o reflexo cobre era meio apagado. Comprei, além da coloração, um intensificador 0.44 (cobre intenso). "Pronto", pensei, "agora fico ruiva do tipo "nasci assim". E fiquei? Não! Ficou megavermelho do tipo "ninguém nasce assim". Até aí tudo quase bem (afinal, gastei o maior $$$, néam?). Só estranhei a doida (leia-se "ca-be-lei-rei-ra) começar pelo topo da cabela e pela raiz!!!

Tô boa, viu? Até meu gato sabe que coloração se aplica começando da nuca pra num ficar com a raiz mais clara que as pontas e tal... Adivinha, é cla-ro que minha raiz ficou mais clara que as pontas.

Galere, onde vende esse certificado de cabeleireira que essa galere compra, hein? É na revista Hermes, é? Desenrola aí uma pra mim que eu sei muito mais que essas "ca-be-lei-Lei-ras".

Friday, August 19, 2011

Yes lança base e primer HD

Eu nem preciso dizer que pago o maior pau pra Yes Cosmetics. Não só como viciada em maquiagens e afins, mas como profissional da área de marketing. Isso porque a proposta deles é muito interessante: produtos de qualidade, geralmente inspirados em marcas internacionais e com precitxos bem acessíveis. Eles economizam na embalagem, que em geral são simplíssimas (pra não dizer pobrinhas), e você paga pelo produto. Pra mim, a ideia é ótima: a gente vive em plena era dos descarte, pra que rios de $$$ em embalagens? O lado ruim disso é que tendemos a subestimar produtinhos com embalagens pouco atraentes, e essa foi minha relação com a Yes Cosmetics por anos.

Mas, gente, pra que temos os blogs de beleza? Aquelas meninas que fuçam tudo, que testam e dividem conosco suas impressões são tão importantes nesse setor que as marcas não demoraram a perceber que elas podem ser importantes parceiras. Ainda bem, pois foi graças a um blog desses que descobri a Yes. Daí fui a uma loja física e gostei tanto que saí de sacolinhas recheadas e... adivinha? Virei revendedora (e, principalmente, recompradora, pois testei e aprovei muito).

Foi essa semana que recebi a maravilhosa notícia de que a Yes lançou uma base e um primer pra integrar sua linha de maquiagem HD, que é ótima! Uso o pó translúcido diariamente e na minha humilde opinião não deixa nada a desejar em relação ao MAC Blot. Assim que eu experimentar eu divido minhas impressões "cazamiga".

* Só pra assanhar a vontade *

Os precitchos serão, como sempre, bem dygnos. Menos de trinta cascalhos, cada. Tem como não amar? <3