Tuesday, March 06, 2012

Sobre dores e lições

Já faz algum tempo que, entre uma alegria e outra, eu levo uma pancada. Essas pancadas vêm-se acumulando há meses e chegaram a um ponto em que eu me vejo encurralada. Não convém aqui eu detalhar minha vida e os problemas que me têm afligido.

Essa semana começou da pior maneira possível, recebendo a primeira má notícia da semana ainda na minha cama, nos primeiros segundos de olhos abertos da segunda-feira. O desespero foi tanto que nem consegui chorar. Deitei novamente (pra coroar, tinha passado a madrugada em claro com dor de garganta) e dormi algumas horas, para me acordar perto das 9h e raciocinar. Então, saí e fui tentar as soluções que ainda me restavam. Mas foi assim: cada curso de ação, uma porta fechada. E as portas parecem não se abrir de jeito nenhum.

Mais tarde, ao chegar da última porta fechada, tomei um banho e deitei. A essa altura, estava torrando de febre, sem disposição física e emocional para os estudos e o ballet e muita necessidade de dormir para me esquecer da vida. Feito. À noite, levantei, fiz uma refeição e liguei o computador. A intenção era estudar. Mas entrei no Facebook e publiquei a Oração de São Jorge. Há quem diga que eu deva me blindar contra "inimigos". E isso me confortou por alguns minutos.

Que as coisas andam dando errado pra mim, em muitos aspectos, ninguém discute. Os mais próximos chegam a olhar pra mim com pena e, se isso não me ajuda, pelo menos me conforta saber que as pessoas se sensibilizam, sabem que não estou carregando nas tintas e tal. E, conversa vai, conversa vem, o assunto sempre vai parar nos outros: a inveja, o olho-gordo, a energia negativa e todas essas coisas que a gente insiste em acreditar quando o bicho pega. A necessidade de procurar um culpado é inevitável, de se vitimizar e dizer que o problema são os outros. Não que esse tipo de energia não exista, mas é o tipo da coisa que não causa grandes aborrecimentos em quem tem fé. E eu sempre me perguntando: e por que comigo? O que há com minha fé?

Pois bem: muitas pancadas foram necessárias pra parar de ficar procurando "o problema" que está nos outros e reconhecer o tanto de problemas que há em mim. Os próximos dias (quem sabe semanas e meses?) ainda trarão muitas surpresas desagradáveis e, se não as posso evitar, só me resta entender que há muito mais gente no mundo com problemas mais graves e irreversíeis que o meu, lidando com mais serenidade.

Foi à tarde que decidi não faltar o ballet e estudar. Estudei até a hora da aula e, enquanto dirigia até o ballet, pensei na quantidade de coisas sujas que cultivamos no pensamento e que terminam refletindo em atitudes. Vi que talvez eu precise aprender a pensar. E talvez reeducar meus atos e redirecionar minha vida. Redistribuir a energia que pode estar em excesso em alguns lugares e escassa em outros. Talvez esteja na minha mão sair dessa m****. E, se não estiver, acho que não vou perder nada em tentar.

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