Alguém se lembra daquela última faixa do primeiro álbum da Xuxa, cuja capa exibia a rainha do baixinhos com uma blusa ligeiramente transparente? Miragem Viagem, aquela que é interpretada pela ex-Trem da Alegria Patrícia, uma das vozes mais afinadas que já ouvi. Pois bem, se olharmos direitinho no rótulo do vinilzão, tem lá, entre parênteses, Black Orchid. Alguém por acaso conhece essa música? Tenho uma curiosidade enorme de conhecê-la. Pois creiam que, mais de vinte anos depois de ganhar esse disco, continuo adorando a música. Não sei se pela voz de Patrícia, ainda criança (uma coisa doce mesmo de se ouvir), ou se pela relação que a música tem com um sonho da minha infância, que data da época em que ganhei o disco (idos de 1986). Como era o sonho? Não me pergunte, pois, curiosamente, eu não lembro. Sei que ele era bem viajado e que mexeu um bocado com minha cabeça na época. Dele, só me restou uma recordação: Miragem Viagem.
Será que uma regressão me ajudaria?
...e, se ele não explica, não serei eu quem vai fazê-lo.
rapadura é doce, mas não é mole

- Macabea
- Cor: azul | Banda: Radiohead | Música: In the Year (Echobelly) | Homem: sei não | Mulher: eu | Bebida: caipiruva | Gesto: abraço | Animal: gato | Lugar: Olinda | Veneno: pagode | Objeto: perfume | Verbo: cantar
Monday, December 01, 2008
Wednesday, November 26, 2008
Eu me abestalho com cada coisa...
Depois de uma terça-feira irritante, a vontade de rir um pouquinho. Ontem recebi a notícia de que vou ter de esperar mais uma semana pelas férias, quer dizer: eu mesma me dei a notícia ao entregar a prova praticamente em branco e confirmar minha presença na final.
Passei o dia chateada com isso, vez por outra pensando no assunto, na iminência de uma reprovação. Até que abro um e-mail velho, que visito a cada trezentos anos, pertencente à lista de discussão da turma de publicidade. E aí, um achado. Fotos do último churrasco da turma, quando terminamos o oitavo período e viramos pré-publicitários. Um mói de gente que nunca mais tinha visto, as amigas que fiz naqueles quatro anos, os demais colegas, meus cabelos vermelhos, farra, tiração de onda, uma catarse... E, olhando para aquela cena, senti um alívio tão grande, lembrei que tudo isso vai passar antes do que a gente imagina...
Depois do fumo de Administração Financeira, rever minha turma de publicidade e ver que tudo isso vai passar foi reconfortante. Mas aqueles cabelos vermelhos...
Depois de uma terça-feira irritante, a vontade de rir um pouquinho. Ontem recebi a notícia de que vou ter de esperar mais uma semana pelas férias, quer dizer: eu mesma me dei a notícia ao entregar a prova praticamente em branco e confirmar minha presença na final.
Passei o dia chateada com isso, vez por outra pensando no assunto, na iminência de uma reprovação. Até que abro um e-mail velho, que visito a cada trezentos anos, pertencente à lista de discussão da turma de publicidade. E aí, um achado. Fotos do último churrasco da turma, quando terminamos o oitavo período e viramos pré-publicitários. Um mói de gente que nunca mais tinha visto, as amigas que fiz naqueles quatro anos, os demais colegas, meus cabelos vermelhos, farra, tiração de onda, uma catarse... E, olhando para aquela cena, senti um alívio tão grande, lembrei que tudo isso vai passar antes do que a gente imagina...
Depois do fumo de Administração Financeira, rever minha turma de publicidade e ver que tudo isso vai passar foi reconfortante. Mas aqueles cabelos vermelhos...
Wednesday, November 19, 2008
Body Piercing
"'Você fura todas bem assim?' Diga aí se não é uma boa cantada? Sério, pô, num é boa não pra um cara que faz piercing?"
Juro que já ouvi isso. E era sério.
Juro que já ouvi isso. E era sério.
Sunday, November 16, 2008
Um domingo ensolarado e um pouco mais iluminado para mim. Fui encontrar Josefina; tentando resolver coisas. Depois de um sábado tão psicossomático, tão atribulado. O domingo doeu menos. Deu até algum prazer. Acho que foi o primeiro dia numa seqüência (ainda com trema) de coisas novas. Aprendendo a ser mais gente, eu acho. Criando novas prioridades. Novos sentidos talvez. É hora de levantar (na medida do possível). E começar (quase) tudo de novo. Fazer certo.
Desejem-me boa sorte.
Desejem-me boa sorte.
Thursday, November 13, 2008
A baranga
Tem uma cidadã que me aparece todo dia no banheiro: cabelos desgrenhados, unhas esculhambadas, sobrancelhas cabeludas, pele cheia de cravos; dá a sensação de que ela vestiu a primeira peça que pulou ao abrir um armário bagunçado, sem mesmo se dar ao trabalho de escolher ou combinar. Ela me olha com um rosto meio triste, tem olheiras, cara de cansaço e preocupação. Ela me olha porque é o jeito, porque eu olho para ela e fico observando esses detalhes.
Preciso comprar um espelho novo. Acho que o meu tá com defeito.
Preciso comprar um espelho novo. Acho que o meu tá com defeito.
Wednesday, November 05, 2008
O próximo passo é benzer todos os meus objetos: roupas, perfumes, acessórios, bolsas, documentos, produtos de cabelo, secador, chapinha, chave do carro, chave de casa, maquiagem, sapatos, canetas, etc. (aceito sugestões).
Pois, acreditem, mais um FDP cruzou meu caminho, e o alvo dele foi... meu carro! Corria tanto que eu até hoje não sei qual era o carro da criatura (quanto mais a placa!). Vinha feito doido, tudo indica que acabara de roubar aquele carro, furando sinal, tirando fino e, claro, batendo de raspão no meu (nada demais, só raiva!).
Benzer tudo! Tudo mesmo!
Eu recomendo.
Pois, acreditem, mais um FDP cruzou meu caminho, e o alvo dele foi... meu carro! Corria tanto que eu até hoje não sei qual era o carro da criatura (quanto mais a placa!). Vinha feito doido, tudo indica que acabara de roubar aquele carro, furando sinal, tirando fino e, claro, batendo de raspão no meu (nada demais, só raiva!).
Benzer tudo! Tudo mesmo!
Eu recomendo.
Thursday, October 30, 2008
Eu luto contra a gravidade que tenta me prender à cama todo dia pela manhã. Não é como aquela saudável preguiça, aquela inércia gostosa de quem tá com sono. É uma sensação diferente, de não querer sair da cama não por cansaço, mas porque isso aborrece, porque acordada a gente pensa e pensar algumas vezes dói. Na cama, é como se tivesse um escudo que me protegesse das preocupações, do dia lá fora, das responsabilidades que me esperam lá fora, dos compromissos, dos medos e dos perigos...
É coisa demais pra cabeça de menos.
(Era mais legal quando eu usava a cabeça pra fazer escova progressiva.)
É coisa demais pra cabeça de menos.
(Era mais legal quando eu usava a cabeça pra fazer escova progressiva.)
Tuesday, October 28, 2008
Eu reviro CDs velhos e decido escutar Legião Urbana. Às vezes, ouvir som ajuda. Se Renato Russo falava de si ao escrever "Já estou cheio de me sentir vazio", eu posso imaginar exatamente como ele se sentia. E eu, como em Baader-Mainhof Blues, também já estou cheia disso. Farta desses dias que mais parecem um amontoado de horas. Um amontoado de horas que não vão nem vêm. Tem horas em que até o sono acaba. Quem agüenta dormir tanto? Mas dormir ajuda a não ver esse amontoado de horas que, em alguns períodos, parecem despropositadas. E, se o sono não vem espontaneamente, por que não a ajuda de uns fitoterápicos?
Isso passa, sempre passa. O grande desafio é não permitir que cada fase dessa leve consigo um pouco de mim. Mas eu gosto de desafios. E nunca deixo que elas levem. Por isso, não me desespero, não me preocupo, tampouco perco meu tempo pensando em soluções a curto prazo. Não adianta enrolar o tempo. Na hora certa, acordo disposta de manhã e vou fazer escova nos cabelos.
Na hora certa...
Mas não adianta desesperar enquanto a hora não chega. Deixa vir. É preciso respeitar o tempo. Mesmo estando "cheia de me sentir vazia".
Isso passa, sempre passa. O grande desafio é não permitir que cada fase dessa leve consigo um pouco de mim. Mas eu gosto de desafios. E nunca deixo que elas levem. Por isso, não me desespero, não me preocupo, tampouco perco meu tempo pensando em soluções a curto prazo. Não adianta enrolar o tempo. Na hora certa, acordo disposta de manhã e vou fazer escova nos cabelos.
Na hora certa...
Mas não adianta desesperar enquanto a hora não chega. Deixa vir. É preciso respeitar o tempo. Mesmo estando "cheia de me sentir vazia".
Friday, October 24, 2008
Alguém, por favor, me dê uma pimenteira
É fato: estou carregada. E, se é verdade que detectar e relatar o mau olhado ajuda a eliminá-lo, aí vai. Leiam, todos, por favor! É importante pra ver se dissipa isso. Em tópicos, pra não deixar faltar nada:
- Fui tirar o carro do estacionamento e quase passo direto de uma altura de mais de 2 m.
- Um cidadão decidiu dar ré e ignorar o retrovisor e bateu no meu carro (não aconteceu nada, só raiva).
- Por pura burrice, bati numa carroça que vinha na contamão.
- Minha colega foi estacionar para me dar uma carona e seu pneu furou (começamos o dia aprendendo a trocar pneu).
- Meus antidepressivos têm feito o mesmo efeito que água (pena que custe um "pouquinho" mais caro que um botijão de água mineral).
- Meu psiquiatra está viajando e não atende o celular nem por decreto (e é claro que o plano de saúde não disponibiliza outro).
- Arrumei uma faringite e estou sem voz há quase uma semana e com a maior tosse de cachorro.
Alguém, por favor, me dá uma boa receita de um banho de descarrego?
Friday, October 17, 2008
História de peixe-fora-d'água
No intervalo
Ela: Ei, você parece com John Greenwood.
Ele: Quem?
Ela: John Greenwood, do Radiohead.
Ele: O que é isso?
Ela: O que você gosta de ouvir?
Ele: Saia Rodada.
Ela: Ah...
Na aula de Psicologia
Professora: [...] primeiro, é preciso entender o significado do termo discriminação. Todo mundo acha que discriminar é sempre uma coisa negativa, mas a palavra tem outros sentidos que não necessariamente esse...
Aluna: Eita, professora, me poupe! E qual é a discriminação que é boa pra alguém?
Na aula de TGA 2
Professor: [...] temos inúmeras características, como o predomínio do Poder Simbólico...
Aluna: Professor, só não entendi uma coisa: o que é simbólico?
- e mais -
Ela: Ei, você parece com John Greenwood.
Ele: Quem?
Ela: John Greenwood, do Radiohead.
Ele: O que é isso?
Ela: O que você gosta de ouvir?
Ele: Saia Rodada.
Ela: Ah...
Na aula de Psicologia
Professora: [...] primeiro, é preciso entender o significado do termo discriminação. Todo mundo acha que discriminar é sempre uma coisa negativa, mas a palavra tem outros sentidos que não necessariamente esse...
Aluna: Eita, professora, me poupe! E qual é a discriminação que é boa pra alguém?
Na aula de TGA 2
Professor: [...] temos inúmeras características, como o predomínio do Poder Simbólico...
Aluna: Professor, só não entendi uma coisa: o que é simbólico?
- e mais -
Friday, October 03, 2008
Wednesday, September 24, 2008
Não tem muito o que se dizer depois do fumo da prova de ontem. Às vezes penso que estudar Administração tem sido uma grande perda de tempo. Não sei o que vou ganhar com isso, só sei às vezes enxergo apenas um monte de aborrecimento despropositado, como o de ontem.
Em vão, procurei alguém que tenha feito boa prova. Nenhuma alma penada. Penso que poderia ter passado meu fim de semana na praia ou dando um destino àquelas Smirnoff Ice que estão mofando na minha geladeira, enquanto eu estudo feito um corno e crio centenas de aftas.
Está decidido: não importa quantos seminários estão por vir, não importa quantas provas vão inventar na última hora, próximo fim de semana me recuso a estudar. Agora, só daqui a duas semanas.
E tenho dito!
Em vão, procurei alguém que tenha feito boa prova. Nenhuma alma penada. Penso que poderia ter passado meu fim de semana na praia ou dando um destino àquelas Smirnoff Ice que estão mofando na minha geladeira, enquanto eu estudo feito um corno e crio centenas de aftas.
Está decidido: não importa quantos seminários estão por vir, não importa quantas provas vão inventar na última hora, próximo fim de semana me recuso a estudar. Agora, só daqui a duas semanas.
E tenho dito!
Sunday, September 21, 2008
Meu FDS é: Tópicos Especiais em Organizações, Cultura Organizacional, Administração Financeira I e Microanálise das Organizações. É também alguma desocupada que desconheço se esgoelando enquando cospe as letras cretinas de Cazuza. Mô véi, se já é um tiro-no-ovo ouvir o próprio cantando, realize essa desocupada.
Tuesday, September 16, 2008
Live to tell
I have a tale to tell
Sometimes it gets so hard to hide it well
I was not ready for the fall
Too blind to see the writing on the wall
A man can tell a thousand lies
I've learned my lesson well
Hope I live to tell
The secret I have learned, 'till then
It will burn inside of me
I know where beauty lives
I've seen it once, I know the warm she gives
The light that you could never see
It shines inside, you can't take that from me
A man can tell a thousand lies
I've learned my lesson well
Hope I live to tell
The secret I have learned, 'till then
It will burn inside of me
The truth is never far behind
You kept it hidden well
If I live to tell
The secret I knew then
Will I ever have the chance again
If I ran away, I'd never have the strength
To go very far
How would they hear the beating of my heart
Will it grow cold
The secret that I hide, will I grow old
How will they hear
When will they learn
How will they know
Madonna
Sometimes it gets so hard to hide it well
I was not ready for the fall
Too blind to see the writing on the wall
A man can tell a thousand lies
I've learned my lesson well
Hope I live to tell
The secret I have learned, 'till then
It will burn inside of me
I know where beauty lives
I've seen it once, I know the warm she gives
The light that you could never see
It shines inside, you can't take that from me
A man can tell a thousand lies
I've learned my lesson well
Hope I live to tell
The secret I have learned, 'till then
It will burn inside of me
The truth is never far behind
You kept it hidden well
If I live to tell
The secret I knew then
Will I ever have the chance again
If I ran away, I'd never have the strength
To go very far
How would they hear the beating of my heart
Will it grow cold
The secret that I hide, will I grow old
How will they hear
When will they learn
How will they know
Madonna
Monday, September 15, 2008
Confissões de uma pedestre II
Av. Agamenon Magalhães, 23h15. A cidade já dorme, e eu gostaria de poder fazer o mesmo. Mas se fizer corro o risco de perder a parada (talvez alguns pertences). Eram 6h35 quando vesti a roupa que estou usando agora...
Eu sou mais uma entre um "mói" na integração, tentando preservar o mínimo de sanidade mental a despeito de toda essa correria, das minhas escolhas estranhas e despropositadas. Sabem o que eu vou ganhar com tudo isso? Eu também não.
Tive um dia dos mais compridos. O primeiro ônibus do dia atrasou dez minutos, o que significa uns trinta de retenção mais pra frente. É a estranha matemática do trânsito: apenas dez minutinhos fazem toda a diferença. Duvida? Experimente sair de casa um dia às 7h e no dia seguinte sair às 7h10 fazendo o mesmo percurso. No fim dele, serão mais de 20 minutos de diferença, é a exótica progressão geométrica do atraso. Pensava nisso enquanto olhava a Agamenon pela janela do ônibus: vazia às 23 e tantas... Acho que tenho dificuldade em fechar Gestalts: para mim, é como se fossem duas avenidas, uma clara e tumultuada e outra escura, cheia de refletores e vazia de trânsito. Desde pequena tenho o hábito de olhar o mesmo ambiente de dois ângulos e enxergá-lo como se fossem dois dintintos. Vá entender...
O segundo ônibus (calma, são cinco) ficou um século num congestionamento na Av. Rosa e Silva. O motivo? Sei não. Resolvi aproveitar que o busão não tava trepidando para ler. O terceiro ônibus foram dois: uma para a integração e outro para a universidade. Assim que cheguei ao ponto na integração, o ônibus fechou a porta para sair. Nem sequer tinha dado ré quando acenei. O motorista me ignorou solenemente e saiu. O quarto ônibus foram dois: busão e metrô. Mas foi na estação Barro que não agüentei mais: estava com sono, cansada, precisando de um banho e ainda muito longe de casa. Chorava enquanto o metrô demorava uma eternidade. Me angustiava estar ali. Me angustiava me angustiar por uma coisa tão normal, por chorar por tão pouco. E aquelas pessoas ali? Quantas delas não estariam mais cansadas que eu? Quantas não trabalham muito mais, não estudam muito mais, não chegam muito mais tarde em casa?
O último ônibus do dia (o quinto que na verdade foi o sétimo) me ajudou a recobrar a paciência. Uma mulher que se dizia epilética pedia ajuda. Tinha já uma certa idade. E me incomodou tanto sonhar cum um carro enquanto bem perto de mim há alguém que apenas deseja comida. É estranho ser gente...
Eu sou mais uma entre um "mói" na integração, tentando preservar o mínimo de sanidade mental a despeito de toda essa correria, das minhas escolhas estranhas e despropositadas. Sabem o que eu vou ganhar com tudo isso? Eu também não.
Tive um dia dos mais compridos. O primeiro ônibus do dia atrasou dez minutos, o que significa uns trinta de retenção mais pra frente. É a estranha matemática do trânsito: apenas dez minutinhos fazem toda a diferença. Duvida? Experimente sair de casa um dia às 7h e no dia seguinte sair às 7h10 fazendo o mesmo percurso. No fim dele, serão mais de 20 minutos de diferença, é a exótica progressão geométrica do atraso. Pensava nisso enquanto olhava a Agamenon pela janela do ônibus: vazia às 23 e tantas... Acho que tenho dificuldade em fechar Gestalts: para mim, é como se fossem duas avenidas, uma clara e tumultuada e outra escura, cheia de refletores e vazia de trânsito. Desde pequena tenho o hábito de olhar o mesmo ambiente de dois ângulos e enxergá-lo como se fossem dois dintintos. Vá entender...
O segundo ônibus (calma, são cinco) ficou um século num congestionamento na Av. Rosa e Silva. O motivo? Sei não. Resolvi aproveitar que o busão não tava trepidando para ler. O terceiro ônibus foram dois: uma para a integração e outro para a universidade. Assim que cheguei ao ponto na integração, o ônibus fechou a porta para sair. Nem sequer tinha dado ré quando acenei. O motorista me ignorou solenemente e saiu. O quarto ônibus foram dois: busão e metrô. Mas foi na estação Barro que não agüentei mais: estava com sono, cansada, precisando de um banho e ainda muito longe de casa. Chorava enquanto o metrô demorava uma eternidade. Me angustiava estar ali. Me angustiava me angustiar por uma coisa tão normal, por chorar por tão pouco. E aquelas pessoas ali? Quantas delas não estariam mais cansadas que eu? Quantas não trabalham muito mais, não estudam muito mais, não chegam muito mais tarde em casa?
O último ônibus do dia (o quinto que na verdade foi o sétimo) me ajudou a recobrar a paciência. Uma mulher que se dizia epilética pedia ajuda. Tinha já uma certa idade. E me incomodou tanto sonhar cum um carro enquanto bem perto de mim há alguém que apenas deseja comida. É estranho ser gente...
Thursday, September 11, 2008
Confissões de uma pedestre*
Já me disse, uma certa vez, um sábio: "A vida é como um ônibus lotado; quando você pensa que aquele foi o pior, vem outro mais cheio ainda para desmenti-lo".
Que fosse lotado, que cheirasse mal, que tocasse brega, que queimasse parada... tudo isso seria mais suportável se as pessoas com quem divido - muito a contragosto - aquele espaço tivessem o mínimo de boas maneiras. E, se boa educação é pedir muito, que pelo menos tivessem respeito ao próximo.
O ônibus é um verdadeiro laboratório do comportamento humano. É naqueles pequenos gestos que você vê do que cada um ali seria capaz se tivesse um pouquinho mais de poder. Como diria ironicamente uma colega: "Respeito pra quê, né?". Penso no cara que passa descaradsamente na frente dos outros. O que mais ele seria capaz de fazer para levar vantagem dos outros. E se ali fosse uma fila de doação de órgãos, e não de ônibus, numa oportunidade ele tomaria a vez do outro?
Penso que a falta de caráter se manifesta assim, em coisas mínimas, e que a capacidade de ser FDP com coisas mais sérias é apenas uma questão de expoente: a base é a mesma. Em outras palavras, a situação é quem define a sua capacidade de ser canalha. É o "expoente". O cara que recebe cinqüenta centavos a mais num troco e faz vista grossa, mesmo sabendo o mal que vai causar ao cobrador, falaria pro caixa se recebesse cinqënta a mais? E quinhentos? E 5 mil? O caráter a sua base, a situação é quem exponecia. O cara que perturba a viagem do outro pregando "a palavra da salvação" respeitaria o sono de uma criança em detrimento de uma festa no fim de semana? Penso que não. A situação apenas dimensiona a capacidade de f**** o outro, a "feladaputisse" está na base do ser humano. E isso é lamentável.
Andar de ônibus seria tão mais suportável se cada um tivesse 10% a mais de respeito ao próximo.
Bendita coletividade! E eu cheia de cuidado para não machucar ninguém com minhas bolsas enormes... pra cinco minutos depois pisarem na minha sapatilha de veludo! M***!
Seria mais fácil se fosse uma escolha...
* Este post é dedicado ao FDP que veio pregando a viagem inteira no busão de Porto de Galinhas, à vagabunda que passou na minha frente no terminal de integração (jurando que eu num percebi), ao cretino que parou para provocar a cobradora e atrasou minha chegada ao trabalho, entre outros FDPs. Queria ser um homem de dois metros para descer a mão em vocês, mas, como sou pequena e magra, desejo sinceramente que vocês vão tomar n...
Que fosse lotado, que cheirasse mal, que tocasse brega, que queimasse parada... tudo isso seria mais suportável se as pessoas com quem divido - muito a contragosto - aquele espaço tivessem o mínimo de boas maneiras. E, se boa educação é pedir muito, que pelo menos tivessem respeito ao próximo.
O ônibus é um verdadeiro laboratório do comportamento humano. É naqueles pequenos gestos que você vê do que cada um ali seria capaz se tivesse um pouquinho mais de poder. Como diria ironicamente uma colega: "Respeito pra quê, né?". Penso no cara que passa descaradsamente na frente dos outros. O que mais ele seria capaz de fazer para levar vantagem dos outros. E se ali fosse uma fila de doação de órgãos, e não de ônibus, numa oportunidade ele tomaria a vez do outro?
Penso que a falta de caráter se manifesta assim, em coisas mínimas, e que a capacidade de ser FDP com coisas mais sérias é apenas uma questão de expoente: a base é a mesma. Em outras palavras, a situação é quem define a sua capacidade de ser canalha. É o "expoente". O cara que recebe cinqüenta centavos a mais num troco e faz vista grossa, mesmo sabendo o mal que vai causar ao cobrador, falaria pro caixa se recebesse cinqënta a mais? E quinhentos? E 5 mil? O caráter a sua base, a situação é quem exponecia. O cara que perturba a viagem do outro pregando "a palavra da salvação" respeitaria o sono de uma criança em detrimento de uma festa no fim de semana? Penso que não. A situação apenas dimensiona a capacidade de f**** o outro, a "feladaputisse" está na base do ser humano. E isso é lamentável.
Andar de ônibus seria tão mais suportável se cada um tivesse 10% a mais de respeito ao próximo.
Bendita coletividade! E eu cheia de cuidado para não machucar ninguém com minhas bolsas enormes... pra cinco minutos depois pisarem na minha sapatilha de veludo! M***!
Seria mais fácil se fosse uma escolha...
* Este post é dedicado ao FDP que veio pregando a viagem inteira no busão de Porto de Galinhas, à vagabunda que passou na minha frente no terminal de integração (jurando que eu num percebi), ao cretino que parou para provocar a cobradora e atrasou minha chegada ao trabalho, entre outros FDPs. Queria ser um homem de dois metros para descer a mão em vocês, mas, como sou pequena e magra, desejo sinceramente que vocês vão tomar n...
Monday, September 08, 2008
A gente recarrega as baterias, foge um pouco enquanto se prepara para mais uma temporada de estresses acadêmicos. Lindo o fim de semana de um casal com quase trinta, mas que passeia pelo balneário como dois adolescentes. Entre um raspa-raspa e outro, a gente ri das mulheres que vão à caça. Sim, é a bertura do verão em Porto, é divertido ver as patricinhas catando turistas. Ou simplesmente querendo pegar alguém.
Um cara aborda a gente, "Eu vi vocês hoje de manhã na praia". Eu penso "Impossível não ver um casal exótico como a gente". Me divirto vendo as pessoas nos olhar com cara de espanto, como se um cara muito alto não pudesse namorar uma menina de 1,61 m. Fico rindo por dentro com a cara de mané das pessoas. Insisto em não usar salto. Insisto em rir da jeguice feminina, as obesas de calça ultra-apertada, as peruas de salto alto na praia usando maquiagens que são verdadeiros rebocos na cara. Dá a impressão de que, a qualquer sorriso, o reboco vai rachar e cair. A gente ri de a gente mesmo. Ri dos outros.
O Carreteiro finalmente gelou. A gente dá um trato no vinho lá no jardim da pousada pra não perder o costume. E fica até a hora de dormir contando traquinagens.
Depois do café da manhã e de oziar na rede, o bom-senso manda voltar pro Recife antes do rush. Combinamos dormir no busão. Nada feito. Um cara resolve pregar durante a viagem inteira. Lê insistentemente alguns trechos da Bíblia que tem na mão (antes fosse uma gramática). Grita, esbraveja, julga e condena (e isso, eu creio que ele não tenha aprendido na Bíblia) enquanto assassina cruelmente a língua portuguesa e perturba uma viagem que dura em torno de duas horas. Dessa vez quem reza sou eu, para ter autocontrole e não pular no pescoço daquele FDP. Ele permanece gritando, parece sentir prazer em ver as pessoas irritadas. Tenta converter as pessoas enquanto eu sonho armar um barraco e chamá-lo de tudo que ele precisa ouvir.
Será esse o preço de uma fim de semana?
Filhos da p*** à parte, sempre vale a pena.
Um cara aborda a gente, "Eu vi vocês hoje de manhã na praia". Eu penso "Impossível não ver um casal exótico como a gente". Me divirto vendo as pessoas nos olhar com cara de espanto, como se um cara muito alto não pudesse namorar uma menina de 1,61 m. Fico rindo por dentro com a cara de mané das pessoas. Insisto em não usar salto. Insisto em rir da jeguice feminina, as obesas de calça ultra-apertada, as peruas de salto alto na praia usando maquiagens que são verdadeiros rebocos na cara. Dá a impressão de que, a qualquer sorriso, o reboco vai rachar e cair. A gente ri de a gente mesmo. Ri dos outros.
O Carreteiro finalmente gelou. A gente dá um trato no vinho lá no jardim da pousada pra não perder o costume. E fica até a hora de dormir contando traquinagens.
Depois do café da manhã e de oziar na rede, o bom-senso manda voltar pro Recife antes do rush. Combinamos dormir no busão. Nada feito. Um cara resolve pregar durante a viagem inteira. Lê insistentemente alguns trechos da Bíblia que tem na mão (antes fosse uma gramática). Grita, esbraveja, julga e condena (e isso, eu creio que ele não tenha aprendido na Bíblia) enquanto assassina cruelmente a língua portuguesa e perturba uma viagem que dura em torno de duas horas. Dessa vez quem reza sou eu, para ter autocontrole e não pular no pescoço daquele FDP. Ele permanece gritando, parece sentir prazer em ver as pessoas irritadas. Tenta converter as pessoas enquanto eu sonho armar um barraco e chamá-lo de tudo que ele precisa ouvir.
Será esse o preço de uma fim de semana?
Filhos da p*** à parte, sempre vale a pena.
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