...e, se ele não explica, não serei eu quem vai fazê-lo.
rapadura é doce, mas não é mole
- Macabea
- Cor: azul | Banda: Radiohead | Música: In the Year (Echobelly) | Homem: sei não | Mulher: eu | Bebida: caipiruva | Gesto: abraço | Animal: gato | Lugar: Olinda | Veneno: pagode | Objeto: perfume | Verbo: cantar
Sunday, October 30, 2011
hoje - metade vazia -
Começo a me questionar se o mestrado é realmente viável para uma pessoa hiperativa. Mas na falta de um psiquiatra bom, que me fale de todos os meus limites e também de potencialidades, em vez de me dar diagnósticos pobres e secos, eu fico tentando encontrar as respostas em mim mesma. Será essa minha vocação? Será que tenho vocação para alguma coisa além de comprar maquiagem e perfume?
Wednesday, October 26, 2011
Aquelas coisas pequenas que fazem tão bem
Na hora de sair, ele pegou um CD de Ramones para ouvirmos no carro. O caminho da casa dele para a escola de ballet, às 17 e lá vai, é percorrido na velocidade de uma procissão, o que me irrita muito. Mas ontem fomos ouvindo aquela coletânea de Ramones, todos ainda tão vivos ali no carro! O trânsito nem me incomodou, distraída que estava entre um comentário babaca e outro, uma "matação de vida alheia" e trilha sonora de primeira. Não estávamos tomando vinho em taças de cristal numa praia paradisíaca em noite de Lua cheia. Estávamos no trânsito ensandecido do Recife falando potoca e rindo das nossas próprias mamonices.
Nas próximas horas, eu teria uma maratona de ballet e dança contemporânea que só me liberaria por volta das 22h, quando costumo sair suada, porquinha e toda descabelada. E aí, minutos antes de estacionar na escola de dança para começar, meu bophe diz: "Vamos sair pra comer depois da sua aula?". E destruímos megassanduíches com refis e refis e refis de refrigerante e fomos para minha casa arriar a carcaça. Hoje, saímos juntos pela manhã, eu para um evento do mestrado e ele para uma reunião. O CD de Ramones dele ficou no meu carro.
Agora me responda: dá pra ser mais feliz?
Tuesday, October 11, 2011
Sagrado Coração*
Sei que tenho um coração
Mas é difícil de explicar
De falar de bondade e gratidão
E estas coisas que ninguém gosta de
falar
Falam de algum lugar
Mas onde é que está?
Onde há virtude e inteligência
E as pessoas são sensíveis
E que a luz no coração
É o que pode me salvar
Mas não acredito nisso
Tento mas é só de vez em quando
Onde está este lugar
Onde está essa luz ?
Se o que vejo é tão triste
E o que fazemos tão errado ?
E me disseram! Este lugar pode estar
sempre ao seu lado
E a alegria dentro de você
Porque sua vida é luz
E quando vi seus olhos
E a alegria no seu corpo
E o sorriso nos seus lábios
Eu quase acreditei
Mas é tão difícil
Por isso lhe peço por favor
Pense em mim, ore por mim
E me diga: - este lugar distante está
dentro de você
E me diga que nossa vida é luz
Diga que nossa vida é luz
Me fale do sagrado coração
Porque eu preciso de ajuda
* Uma homenagem a Renato Russo por ocasião dos 15 anos de seu falecimento.
Vai "fazer a Suelen"? Entenda suas motivações
Há quem diga que o consumo na pós-modernidade seja patológico, doença social, etc. Tenho minha opinião a respeito, mas não convém falar disso agora. É lógico que o ser humano compra muito mais do que necessita e que há todo um sistema por trás disso blá blá blá... O problema, em nível individual, é quando ele é fonte de mal-estar: logo, é patológico. Se você compra mais que precisa e isso não lhe traz prejuízos nem financeiros nem pessoais, é consumismo. Se esse consumo começa a prejudicar vários aspectos da sua vida, isso é compulsão.
O filme Os delírios de consumo de Becky Bloom é uma comédia, mas poderia perfeitamente ser um drama. Os pensamentos que se passam na cabeça dela antes de cada decisão de compra descenessária, ainda que no filme sejam tratados de forma cômica, são reais e nem de longe são motivo de risos. Muito pelo contrário: para quem está nessa situação, eles são muitas vezes motivo de choro, noites sem dormir, irritação, etc.
Eu já fui uma pessoa extremamente controlada. Consumista, mas controlada. Aquela que compra o desnecessário por prazer, sim, mas sabe que o limite é a sua renda. De chegar ao fim do mês com dinheiro suficiente, desconhecer completamente o cheque especial e até poupar. Mas, assim como muitos transtornos psiquiátricos, algum impacto emocional desencadeou esse comportamento doentio.
O angustiante da compulsão por compras é que aos poucos ela lhe tira a autoconfiança. Quando você esconde cartões, evita sair pra não comprar e basta uma pequena brecha para tudo vir à tona. Longe de ser uma pessoa irresponsável, sou alguém que luta contra algo bem mais forte que meu senso de responsabilidade. E o que mais me entristece é saber que tanto faz eu ganhar a bolsa de mestrado que ganho atualmente quanto um bom salário, é provável que eu vá estar sempre apertada. Provável e lamentável.
Enquanto estudo consumo, pós-marxismo, pós-modernidade e outros pós, penso em mim nesse bolo todo e em como todo um sistema aliado a pequenas fraquezas pessoais fez de mim uma Becky Bloom. Totalmente desacreditada desses remédios que resolvem um problema e trazem dez outros, tenho esperança de que esse conhecimento mais o autoconhecimento que todo dia tenho buscado me ajude a converter teoria em prática e sair dessa um dia.